Para quem nasceu gostando da escuridão, todo dia é dia de se esconder do sol, fechar a janela e colocar um bom filme na TV — e torcer para a trilha sonora não arruinar o que acontece na tela…
O portal LA Weekly listou as 10 trilhas sonoras memoráveis dos filmes de terror e compartilhamos o resultado com vocês.
1. Holocausto Canibal, de Riz Ortolani
A lenda do Holocausto Canibal de Ruggero Deodato é tal que a mera menção do título do filme horroriza até mesmo aqueles que nunca o viram. A controvérsia é compreensível: o filme ultrapassa os limites em um grau raramente visto antes de seu lançamento — e aqueles animais foram realmente mortos e frente às câmeras. A cena que nos leva ao final, que mostra a tribo se vingando de forma sangrenta da equipe de documentário extremamente intrusiva e abusiva, é emoldurada pela trilha sonhadora do compositor de cinema italiano Riz Ortolani. As imagens explícitas com as quais nos deparamos contrastam duramente com a bela música, gerando um grande efeito. De alguma forma, o barulho suave torna a coisa toda muito mais perturbadora. Se o objetivo de uma trilha sonora de terror é ampliar o terror, Ortolani é um dos mestres.
2. O Exorcista, de Mike Oldfield
Ao que parece, Mike Oldfield não ficou particularmente satisfeito com o fato de que William Friedkin usou a introdução de “Tubular Bells: Part One” (foi o que ele disse após uma visita à Atlantic Records), já que ele considerou o filme muito assustador para suas músicas. A música ficou ligada ao filme em um nível fundamental, apesar de aparecer em apenas duas cenas. Friedkin também estava certo em desfazer a trilha original de Lalo Schifrin; A música de Oldfield funciona perfeitamente e é difícil não lembrar dela quando se pensa naqueles famosos degraus externos cheios de névoa.
3. Halloween, de John Carpenter
Ainda soa espantoso como John Carpenter não apenas co-escreveu e dirigiu o Halloween original de 1978, como também compôs e realizou sua trilha sonora. Vindo cinco anos depois de O Exorcista, encontramos algo moderadamente inspirado em “Tubular Bells” sobre os teclados simplistas e repetitivos de Carpenter. Mas também como em O Exorcista, a música funciona perfeitamente com o horror da família Meyers. As músicas de Carpenter estão entre as melhores em tornar o pânico e a paranoia uma crescente ao longo do filme. Poderíamos ter feito uma lista só com ele, não duvide.
4. A Hora do Pesadelo III, de Dokken
Algumas dessas músicas estão incluídas porque complementam o filme de forma tão maravilhosa, que soa como uma partitura. Outras são apenas ótimas músicas, explodindo nos créditos finais. Como este exemplo aqui. O terceiro filme da franquia A Hora do Pesadelo saiu em 1987, e nesse ponto Freddy Krueger havia se transformado completamente, passando de um sombrio demônio onírico para um slasher dissimulado. Dito isso, o terceiro filme, ambientado em uma unidade de saúde mental, foi e é muito mais divertido que assustador. Freddy aterroriza um bando de adolescentes (sem surpresas) em uma variedade de maneiras impressionantemente imaginativas, antes de Dokken — um gigante de metal e cabelos — lançar uma cereja bem barulhenta no topo do bolo sangrento. Magnífico.
5. O Massacre da Serra Elétrica, de Wayne Bell e Tobe Hooper
Não é exagero dizer que a trilha sonora do clássico de terror O Massacre da Serra Elétrica (o original, não uma das sequências ou reboots), composta pelo diretor Tobe Hooper e Wayne Bell, soa um pouco como as unhas riscando um quadro-negro. Realmente é isso, incômodo, como máquinas antigas que precisam de lubrificação, como um cão que não para de latir. Como metal moendo metal, incrivelmente eficaz e desconcertante. Se você estiver em uma viagem de carro, dirigindo por uma cidade silenciosa e empoeirada e quiser surtar quem estiver no carro com você, suba o volume.
6. A Profecia, de Jerry Goldsmith
Ah, sim, aquele canto lúgubre. Garotos demoníacos são assustadores pra caramba — a adição de um coro latino chorando corpus edimus (nós comemos o corpo) e ave Satani (salve Satã) apenas amplifica o fator assustador. A trilha de Goldsmith é uma obra-prima do começo ao fim, um acompanhamento mais do que justo, afinal, se Damien vai trazer o fim dos tempos e sinalizar o reinado do Senhor das Moscas, ele precisa de algumas boas canções para manter o espírito em alta (ou em baixa, que seja).
7. Suspiria, de Goblin
A banda de metal progressivo italiana Goblin marcou a obra-prima de 1978 de George A. Romero, O Despertar dos Mortos (co-escrita pelo maestro do terror italiano Dario Argento) sequência de A Noite dos Mortos-Vivos. Mas antes disso, o grupo trabalhou com Argento na trilha sonoras de Profondo Rosso e no clássico Suspiria. A música para este último é tipicamente desorientadora, perturbadora e complexa — perfeita para Argento e seus fãs obcecados pela arte.
8. Tubarão, de John Williams
John Williams não parece capaz de errar quando se trata de trilhas de filmes. De Star Wars ao Super-Homem”, de Os Caçadores da Arca Perdida a E.T. o Extra-Terrestre, o homem sabe como escrever música que não só complementa um filme à perfeição, mas fica na mente do espectador/ouvinte por toda a vida. E Tubarão é um exemplo perfeito. São essencialmente duas notas, começando lentamente e gradualmente acelerando, mas a sensação de medo que elas evocam é tangível. Até hoje, essa música é a última coisa que você quer ouvir enquanto toma banho. É ou não é?
9. Cemitério Maldito, do Ramones
Como Dokken com a trilha sonora de A Hora do Pesadelo 3, os Ramones (um dos grupos favoritos de Stephen King) forneceram a canção-título que tocou nos créditos finais desta adaptação de 1989 de um dos melhores romances de King. “I don’t wanna be buried in the pet sematary” (Eu não quero ser enterrado no cemitério dos animais) canta Joey, e, por Deus, ele é sábio. A última coisa que qualquer um de nós precisa é de uma reanimação; versões malignas dos veteranos punks andando por aí, post-mortos. A trilha sonora do filme, aliás, foi fornecida por Elliot Goldenthal, enquanto outra música dos Ramones, “Sheena Is a Punk Rocker”, aparece mais cedo no filme, no fatídico atropelamento de Gage Creed.
10. Mártires, de Paradigma Seppuku
Similar à maneira como a doce música de Riz Ortolani funcionou tão eficazmente no dramaticamente grotesco Holocausto Canibal, a partitura suave e comovente do duo francês eletrônico Seppuku Paradigm é perfeita para a obra-prima do horror francês de 2008 de Pascal Laugier, Mártires. Se você ainda não viu este filme, vá com cuidado. É um filme traumático. Mas então, não é sempre assim no melhor horror? Mesmo assim, há cenas em Mártires que viverão com você muito tempo depois dos créditos finais. Você foi avisado (sim, fizeram o mesmo por nós).
Bônus: Comboio do Terror
E já que estamos falando de música, não deixaríamos você sem uma faixa-extra. Stephen King, que foi acusado de produzir o pior filme de horror de todos os tempos — embora existam aficionados aqui e ali que gostem muito do filme —, contou com AC/CD para a produção da trilha sonora. O filme contém toneladas de elementos de humor ácido e um tom geralmente exagerado, que acaba contrastando com o assunto sombrio de King em seus livros. A trilha sonora é totalmente hard rock dos anos 1980, e composta inteiramente pelo AC/DC, uma das bandas favoritas de King. Para se ter ideia da importância do filme, o álbum Who Made Who, do AC/DC, foi lançado como a trilha sonora para o Comboio do Terror e inclui os singles mais vendidos — “Who Made Who”, “You Shook Me All Night Long” e “Hells Bells”. Nada mal, King, nada mal mesmo.