Cuidado com a lua: 40 anos de Um Lobisomem Americano em Londres

Em agosto, Um Lobisomem Americano em Londres comemora 40 anos. Conheça algumas curiosidades de um dos filmes mais emblemáticos do cinema.

Viajar com os amigos é uma atividade divertida. Pegar a mochila, escolher um lugar cheio de surpresas e atividades novas, belas paisagens e um universo de novidades para encarar. É preciso considerar contratempos também. Por exemplo, você pode viajar até um vilarejo pacato na Inglaterra e, de repente, se encontrar em uma cama de hospital, com seu melhor amigo — agora transformado em fantasma — te alertando sobre os perigos que surgem com a lua cheia.

Quando David Kessler (David Naughton) e Jack Goodman (Griffin Dunne) viajaram para Londres eles não imaginavam que seria exatamente esse o destino que os esperava. Em um mochilão pela Inglaterra, os dois amigos chegaram em uma pequena vila no Norte da Inglaterra. Há algo de pitoresco no local, mas eles seguem viagem. Em determinado momento algo atinge Jack, que é morto, e David vai parar no hospital. O que poderia ser somente um acidente e uma trágica experiência se transforma em pesadelo quando David descobre que, o que o atingiu, foi um lobisomem. 

Escrito e dirigido por John Landis, Um Lobisomem Americano em Londres é um filme muito querido. Seus efeitos especiais, seus personagens carismáticos e sua história aterrorizante fizeram com que o filme ficasse marcado na memória de seus espectadores mesmo depois de 40 anos de seu lançamento.

Listamos algumas curiosidades sobre a produção para comemorar os 40 anos de Um Lobisomem Americano em Londres, que serão completados em agosto.

Lobisomens e zumbis

Um Lobisomem Americano em Londres fez um sucesso considerável em seu lançamento, arrecadando cerca de $30 milhões de dólares em bilheteria. Com o passar dos anos, e conforme mais pessoas o conheciam, mais ele teve reconhecimento e atingiu a marca de um dos melhores filmes de terror dos anos 1980. Mas, mesmo em seu lançamento, ele já fez um borburinho, entre espectadores e outros artistas.

Uma das pessoas que ficou fascinada pelo filme foi Michael Jackson, que insistiu para que Landis dirigisse seu videoclipe Thriller. Quando aceitou, este que seria sua primeira direção em um clipe de música, chamou toda sua equipe responsável pelos lobisomens: Robert Paynter, responsável pela cinematografia, Elmer Bernstein, pela música assustadora, Rick Baker, por trás dos efeitos especiais e maquiagem, e sua esposa, Deborah Nadoolman, figurinista.

Baker vs Landis

Mas nem tudo foram flores durante a produção. Rick Baker, responsável pela figura monstruosa e por uma das melhores transformações de lobisomens já vistas no cinema, acabou discutindo diversas vezes com John Landis, a começar pela aparência da criatura. Landis queria que o lobisomem se parecesse com um cão monstruoso do inferno, em suas quatro patas; enquanto Baker acreditava que a criatura deveria ser bípede, já que, para ele, lobisomens são seres que andam em duas pernas. 

Landis demorou oito anos para finalmente conseguir fazer Um Lobisomem Americano em Londres. O conceito para o filme foi criado em 1970, enquanto o filme  Os Guerreiros Pilantras (1970, dir. Brian G. Hutton) era filmado. Landis era ajudante, e um certo dia viu um enterro de um grupo cigano, em que o morto foi enterrado em uma cova muito funda, enrolado em alho. 

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Desde o início da ideia, Landis avisou que queria Baker como o responsável pela maquiagem e efeitos visuais. Mas, depois de tantos anos, Baker ficou cansado de esperar e assumiu o cargo em Gritos de Horror (1981, dir. Joe Dante). Quando Landis ligou para Baker e finalmente avisou que tinha o dinheiro para o filme, Baker disse que já estava em um filme de lobisomem. O que se seguiu foram gritos e xingamentos pelo telefone. Baker, por fim, resolveu largar a produção de Gritos de Horror, e deixou os efeitos sob responsabilidade de seu protegido, Rob Bottin.

O reconhecimento de Baker

Baker também não ficou muito contente quando percebeu que todo o trabalho que teve para a montagem da cena da transformação do rosto do lobisomem foi visível durante poucos segundos na tela. Mas logo se recuperou ao assistir o filme em uma sala de cinema cheia de pessoas que aplaudiram incansavelmente essa cena. 

Não por pouco, Baker ganhou muito reconhecimento com suas maquiagens. Somente dois filmes sobre lobisomens ganharam o Oscar, e ambos foram trabalhos de Baker: Um Lobisomem Americano em Londres e O Lobisomem (2010, dir. Joe Johnston). Mas, apesar de muitos acreditarem que a categoria de Melhor Maquiagem do Oscar foi criado justamente por causa de Lobisomem Americano, a realidade é que a controvérsia se estendeu desde o ano anterior, quando O Homem Elefante, de David Lynch, não foi contemplado por sua maquiagem. A indústria da maquiagem e dos efeitos especiais não estava contente com a situação. Então, em 1981, criou-se a categoria e Um Lobisomem Americano em Londres recebeu a estatueta. 

Excelentes escolhas criativas

Landis pode ser considerado o mestre em criar ambientações graças ao que fez em Lobisomem Americano. Na cena do ataque, o som de lobo que ouvimos é composto por nove sons diferentes, incluindo um lobo, um leão e até uma locomotiva. Isso se deve ao fato de que Landis queria um clima estranho para as filmagens noturnas. Além disso, ele queria que as gravações acontecessem em um período frio, por isso escolheu entre fevereiro e março, na cidadezinha galesa de Crickadarn. 

E por que escolher Londres? Porque, para Landis, Londres é a cidade do horror, com Jack, O Estripador, Jekyll e Hyde, entre outras figuras. Mas isso quase não aconteceu: Landis teve que lutar muito para conseguir as autorizações necessárias para Griffin Dunne e David Naughton. O governo britânico e a British Actors’ Equity Association (Associação de Equidade de Atores Britânicos) questionaram a necessidade de dois atores norte-americanos, e não o contrato de atores britânicos para os papéis. Landis disse que não abriria mão de atores norte-americanos para interpretarem turistas dos Estados Unidos, e quase mudou o cenário para Paris.

Sequência 

Assim como muitos dos filmes dos anos 1980, Um Lobisomem Americano em Londres recebeu uma sequência. Intitulada Um Lobisomem Americano em Paris (1997, dir. Anthony Waller), conta com a filha de David Kessler, o lobisomem do primeiro filme, vivendo em Paris com sua mãe e seu padrasto, que tentam lidar com a licantropia da garota. Em uma tentativa de suicídio, ela é impedida por um grupo de turistas norte-americanos que acabam se envolvendo em uma trama estranha com uma sociedade secreta de lobisomens e um remédio, capaz de transformá-los quando quiserem. O filme não foi um sucesso, mas ao longo dos anos conseguiu reunir uma boa quantidade de fãs. 

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.