No final do século XIX um assassino ameaçou a paz da Inglaterra ao começar a assassinar mulheres, muitas consideradas prostitutas. O que marcava Jack, O Estripador, e o tornava um assassino muito temido, era o fato de que ele parecia impossível de se capturar, e poderia atacar a qualquer hora. Apesar das muitas mortes, Jack deixou claro uma parte da incompetência dos investigadores que se puseram atrás dele.
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E muitas foram as pessoas que tentaram capturar um dos serial killers mais famosos da história — antes mesmo do termo ser cunhado. Alguns deles ficaram mais conhecidos que outros e, apesar de realizarem algumas façanhas impressionantes, ficaram marcados como “os investigadores que não pegaram Jack, O Estripador”.
Em Crimes Vitorianos Macabros, além das várias curiosidades aterrorizantes sobre a vida criminosa no período, ainda há alguns nomes e histórias daqueles que figuraram entre os personagens da grande caçada a Jack.
Selecionamos cinco dessas figuras e como eles participaram, ativamente, da caçada ao Jack, O Estripador.
Donald Sutherland Swanson
No século XIX a Inglaterra estava passando por um período complexo. Entre as muitas revoluções e pequenas revoltas surgidas nesse momento, houve o Movimento Feniano, separatista entre a Irlanda e o governo inglês. A situação ficou crítica quando surgiram tentativas terroristas entre os fenianos e figuras de poder da Inglaterra. Então, a Scotland Yard começou uma campanha para buscar reforços. Entre os que mostraram interesse, estava Donald Sutherland Swanson, que viu um anúncio da polícia no Daily Telegraph. Swanson se apresentou ao órgão com uma carta, aos 19 anos, afirmando que não desejava um salário alto “tanto quanto desejava uma boa e moderada vaga”.
Apesar de seus problemas com pontualidade, sendo advertido mais de uma vez pelos atrasos, Swanson recebeu muitos elogios e promoções e, em 1888, Sir Charles Warren o nomeou investigador-chefe, encarregando-o de revisar o caso do Estripador. Mesmo tendo feito um excelente trabalho, Swanson nunca colocou as mãos no assassino em série.
Frederick George Abberline
Abberline, antes de ter uma brilhante carreira na polícia, era aprendiz de relojoeiro de Blandford, em Dorset. Partiu para a Inglaterra para ser policial em 1862, em 1865 se tornou sargento, e em 1867 trabalhou com algumas investigações à paisana sobre atividades fenianas. Em 1873, Abberline passou a trabalhar como inspetor na divisão de Whitechapel. Em 1887, Abberline se tornou inspetor de primeira classe na Scotland Yard. Por conhecer tão bem a região, e ter feito um grande trabalho com o Movimento Feniano, a Scotland Yard devolveu Abberline para Whitechapel, para que ele ajudasse na investigação contra Jack.
Mas, não adiantou muito todo o conhecimento prévio do investigador: apesar de seu nome ficar para sempre associado à investigação, Abberline também não conseguiu desvendar o mistério do Estripador.
Sir Melville Leslie Macnaghten
Filho de um ex-presidente da Companhia Britânica das Índias Orientais, Sir Melville Macnaghten assumiu o posto nas plantações de chá de seu pai em 1873, aos vinte anos. Entretanto, sua vida não foi marcada somente pela posição de poder que ocupou desde muito jovem, mas principalmente por ter fortalecido as trincheiras contra Jack — e não conseguindo prendê-lo. O caminho de Macnaghten se cruzou com a polícia metropolitana de Londres quando ainda estava em Bengala, na plantação da família. Lá, depois de um protesto com os trabalhadores e de ser ferido gravemente, Macnaghten conheceu James Monro, que, no período, era chefe da polícia do local. Anos mais tarde, Monro foi transferido para a polícia metropolitana londrina e, quando seu chefe, o comissário Warren, disse que precisava de chefe de polícia em 1888, Monro pensou em Macnaghten — de acordo com Monro, o homem tinha jeito para lidar com a administração de pessoal. Macnaghten, entretanto, não era policial. Entre um confronto e outro entre Monro e Warren, que nunca se deram bem, Monro renunciou, mas retornou tempos depois para a Scotland Yard para substituir Warren no trabalho de comissário, chamando Macnaghten, finalmente, para o posto a que ele achava que o homem faria um bom trabalho.
E realmente, Macnaghten fez um bom trabalho enquanto trabalhou na polícia. Mas, mesmo estando envolvido em outros casos, foi Jack que o fez ficar mais famoso quando, em 1894, o jornal The Sun publicou o nome de Thomas Cutbush como o provável nome por trás dos crimes. Macnaghten compilou vários documentos que negavam essa acusação, apontando para outros três suspeitos: Druitt, Kosminski, Ostrog. O relatório ficou reconhecido por Memorando Macnaghten, e muitos levam em consideração as informações contidas nele pois, além das possíveis informações privilegiadas que Macnaghten poderia ter tido trabalhando em um alto cargo da polícia, Kosminski também era um suspeito apontado por Donald Swanson.
Thomas Bond
Mas não foram só os policiais investigadores que participaram da busca por Jack. Thomas Bond, cirurgião policial da Divisão de Westminster da Polícia Metropolitana, que esteve em serviço de 1867 até o dia de sua morte, foi figura importante em diversos casos listados no livro Crimes Vitorianos Macabros. Além disso, também esteve envolvido com o Estripador, mas isso só foi constatado quase 100 anos depois dos terríveis assassinatos. No final da década de 1980, foram encontrados alguns dos relatórios metódicos de Bond, que foi chamado para revisar a papelada das vítimas de Jack em 1888 e que acompanhou o assassinato de Mary Jane Kelly em novembro. Os relatórios, de acordo com que se percebeu nos anos 1980, iam bastante além das atribuições médicas comuns do período: Bond, por exemplo, tinha palpites de como Jack poderia agir, acreditando que ele era um “homem de força física e de grande frieza e ousadia”, “quieto”, “vestido de forma respeitável”, algo muito próximo dos perfis criminais que o FBI começava a utilizar.
As técnicas entre Bond e o FBI, claro, eram diferentes. Mas os relatórios do cirurgião vitoriano chamaram a atenção no período em que foram descobertos.
Sir William Withey Gull
Este caso aqui é um pouco diferente. Gull não esteve envolvido diretamente na caçada a Jack, mas alguns teóricos acreditaram por alguns anos que ele poderia ser o próprio Jack. Pois é. Sir William Whitey Gull foi nomeado médico da Rainha Vitória em 1887, salvou quem viria a ser o futuro rei Edward VII da morte, em 1871, quando o jovem lutava contra a febre tifóide, mas também fez parte de uma série de teorias conspiratórias de que ele é quem seria o assassino. Graças à natureza de seus crimes, alguns pesquisadores passaram a acreditar que Jack poderia ter sido um cirurgião. Os anos 1970 trouxeram uma nova onda de interessados pelos crimes do Estripador, e nesse período acreditou-se que Albert Victor, o segundo na sucessão do trono, seria o verdadeiro assassino, e que Gull o teria acobertado. Tempos depois, os mesmos pesquisadores começaram a acreditar que Gull teria ele mesmo cometido os crimes.
Essas teorias não foram muito longe e ficaram relegadas aos anos 1970. Na época dos crimes, em 1888, Gull já não passava bem de saúde, e isso ajudou a enfraquecer essas histórias.
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