5 filmes em que John Carpenter previu o futuro

Os melhores e mais clamados trabalhos do cineasta John Carpenter se provaram cada vez mais relevantes e... bem, reais?!

Eles Vivem, Fuga de Los Angeles, O Enigma de Outro Mundo e muitas outras produções se provaram estrondosamente proféticos com o passar do tempo. A sátira geralmente funciona muito melhor quando sua mensagem é mascarada pelo absurdo, mas seu significado ainda está bem ali, pulsante, codificado em futuros distópicos e invasões alienígenas.

Esse foi o caso dos melhores e mais clamados trabalhos do cineasta John Carpenter, cujos filmes se tornam cada vez mais relevantes e… bem, reais?!

Príncipe das Sombras, Eles Vivem e Fuga de Los Angeles podem parecer um terror morno que muito se aproxima de um filme de ação, mas olhe um pouco mais a fundo. Garanto que você não vai precisar de um microscópio para perceber que os filmes proféticos de Carpenter, feitos nos anos 1980 e início dos anos 1990 revelam mais sobre o estado atual da política do que jamais poderíamos ter imaginado na época.

Pensando nisso, o pessoal da Inverse preparou uma lista que atesta como os filmes de Carpenter estavam à frente de seu tempo.

1. Fuga de Los Angeles e os demagogos políticos

Fuga de Los Angeles, filme de John Carpenter
A sequência menos amada de Fuga de Nova York ainda consegue trocar peculiaridades de gênero por sátiras sociais legítimas. Cobra Plissken, de Kurt Russell, retorna para mais uma vez salvar o presidente e sua família, mas desta vez o tom é ainda mais irritado. Após um momento de convulsão política, um presidente recém-instalado expulsa e divide com um muro as pessoas que ele considera insuficientemente americanas. De quebra, ele expõe sua ardente retórica diretamente para seu povo com atualizações de transmissão e novos mandatos. Não há ordem, e ele lidera por seus próprios caprichos em constante mudança. Podemos dizer que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, mas temo que não, seja na terra do Tio Sam ou na Tribo Brasilian, podemos falae bastante sobre discursos bizarros.

2. A propagação da paranoia em O Enigma de Outro Mundo

Enigma do Outro Mundo, filme de John Carpenter
O remake de O Enigma de Outro Mundo, de Carpenter, adotou um tom muito pessimista quando foi lançado em 1982 e, bem, ainda é um filme pouco preocupado com a felicidade. Mas, em retrospectiva, podemos ver que seu retrato perceptivo da paranoia foi perfeito. O filme usa a estrutura de um grupo de cientistas tentando erradicar um alienígena que muda de forma, enquanto todos estão confinados em uma remota estação de pesquisa na Antártica que funciona como panela de pressão do suspense. Mas o filme ainda ressoa bem mais com ideias simples que mudam constantemente, assim como seu antagonista alienígena. Quem é seu amigo? Quem é seu inimigo? Como podemos realmente conhecer a verdade além de nossas próprias percepções neste exato momento? Como podemos entender uma situação tão impossível? Carpenter nesse filme nos enlouquece com perguntas reflexivas.

3. O destino iminente da comunicação de massa em Príncipe das Sombras

Príncipe das Sombras, filme de John Carpenter
Graças à tecnologia super-HD e à realidade virtual, assistir a algo na TV ou na tela de tablets e smartphones é quase tão real quanto literalmente experimentá-lo. Mas o que acontece quando as transmissões se tornam profecias autorrealizações ​​da desgraça? O Príncipe das Sombras, de Carpenter, é talvez sua criação mais extrovertida. Estranhamente, é baseado no interesse do cineasta na ciência da antimatéria e postula o líquido senciente encontrado no porão de uma igreja como a incorporação corpórea de Satã. Mas não é assim que o filme se relaciona com nossa atualidade. Aqui é onde o filme é aplicável: Quando uma equipe de cientistas encarregados de pesquisar o material começa a ter uma visão recorrente de uma transmissão televisiva, Príncipe das Sombras se torna um olhar duro sobre como a comunicação moderna provavelmente será a maneira como todos nós testemunharemos o apocalipse.

4. Assalto ao 13º DP e o estado de combate à polícia

Assalto ao 13 DP, filme de John Carpenter
É difícil ser policial nas Américas. A defesa da lei está entre as profissões mais honradas por aí, mas incidentes envolvendo abusos flagrantes de poder causaram uma mudança controversa e gradual na percepção da lei para alguns. Em toda a sua glória de gênero, o ataque de Carpenter ao 13º DP não é nada com pretensões de ser levado à sério. Ele se parece com um filme zumbi ocidental no final dos anos 1970 filmado no centro-sul de Los Angeles. Um sargento da polícia afro-americano e um condenado branco lideram o bando de civis e criminosos para defender o precário distrito de Los Angeles contra o exército sem rosto de membros de gangues famintos. É brega, sim, mas sua narrativa informa como as relações instáveis ​​entre o público, os prisioneiros e os policiais comuns poderiam ser suavizadas em um nível pessoal. Por aqui, muitos de lembram de como idolatramos a pancadaria policial em Tropa de Elite, e, tão logo deixamos o cinema, reclamamos daquela nossa próxima batida policial que pareceu desnecessariamente grosseira.

5. Eles Vivem e o questionamento da nossa própria realidade

Eles Vivem, filme de John Carpenter
Muito tem em sido dito sobre a iluminação a gás nos Estados Unidos ultimamente. As redes de cabo partidárias e os políticos muitas vezes evitam as falsidades — ou “fatos alternativos” — que nos fazem questionar quais são as verdades, os fatos e a realidade. No Brasil, nas últimas eleições, passamos por uma tempestade das chamadas Fake News, na verdade, uma infecção epidêmica. Cada vez menos confiamos nos políticos, ou em nossos vizinhos, e de que lado está aquele familiar que de repente se mostrou um extremista com tendências violentas? O fato que Carpenter joga em nossa cara é: Se as pessoas enxergam e mesmo assim não conseguem entender a verdade, então do que diabos elas sabem?

Texto traduzido do Inverse e adaptado também ao contexto brasileiro.

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