Quando você pensa em Pinóquio, provavelmente vem à sua memória a figura do boneco de madeira do filme de 1940, dos Estúdios Disney. Aquele garotinho inocente, mas que sempre se metia em confusões, e que, quando mentia, seu nariz crescia. Nos lembramos de Geppetto, seu criador, e do Grilo Falante, e, claro, da Fada Azul.
Mas as raízes de Pinóquio são muito mais antigas e muito mais macabras.
A história original é italiana e foi escrita por Carlo Collodi, publicada em formato serial a partir de julho de 1881 na revista infantil Giornale per i bambini — uma das primeiras revistas destinadas às crianças na Itália. Originalmente intitulada como La storia di un burattino (A História de um Fantoche), Geppetto era um pobre carpinteiro que, certo dia, ganha de seu vizinho um pedaço de madeira vivo. Ele começa então a esculpir Pinóquio, mas desde que Pinóquio começou a ganhar forma, acaba se mostrando um garoto bagunceiro e maldoso, se envolvendo com péssimas companhias e terríveis desventuras.
Bem distante da figura fofa que conhecemos na animação da Disney, o Pinóquio original era terrível, e sua história ganha contornos macabros em diversos momentos de suas aventuras. A obra se tornou um sucesso na Itália, e logo viajou o mundo, ganhando várias edições em diversos países. No Brasil, Pinóquio recebeu uma edição caprichada da DarkSide Books, com a capa que lembra o entalhe da madeira e todo o cuidado da Caveira para uma das grandes fábulas mundiais.
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Sendo uma obra tão querida e conhecida no mundo todo, Pinóquio ganhou uma série de adaptações ao longo dos anos. A primeira que temos notícia é de 1911, e é considerado um dos primeiros longa-metragens italianos. Dirigido por Giulio Antamoro e estrelado por Ferdinand Guillaume, um dos rostos mais conhecidos da comédia do país, o filme foi considerado perdido por muitos anos até que, em 1994, sua versão original foi encontrada na Cineteca Italiana, em Milão.
Listamos algumas da mais conhecidas — e algumas das mais curiosas — adaptações que Pinóquio ganhou ao longo desses anos, desde seu lançamento em 1881.
Pinóquio
Pinocchio, 1940 // A maioria de nós conheceu a história de Pinóquio, o boneco de madeira, através da clássica animação dos estúdios Disney. Com a direção de Norman Ferguson, T. Hee e Wilfred Jackson, acompanhamos o personagem desde sua concepção por Geppetto, suas desventuras e aventuras em sua sede de conhecer o mundo, até o momento em que seu maior desejo é realizado. Se tratando de um filme principalmente para agradar a audiência da Disney, alguns aspectos mais desagradáveis de Pinóquio foram retirados do personagem nesta adaptação, para que ele permanecesse mais inocente e mais fácil de se gostar.
Pinóquio
Pinocchio, 2022 // Dirigido por Robert Zemeckis e também uma produção dos Estúdios Disney, essa versão de Pinóquio traz atores reais para interpretarem os personagens humanos, enquanto o bom e (não tão) velho CGI atua para dar vida aos personagens mágicos. Com Tom Hanks como Geppetto e Joseph Gordon-Levitt como Grilo Falante, a história se mantém bastante parecida com a versão de 1940: a Fada Azul dá vida ao boneco de madeira construído por Geppetto e conta a Pinóquio que, se ele levar uma vida justa e honesta, poderá se tornar um menino de verdade. A produção estreou diretamente no serviço de streaming Disney+ dia 08 de setembro.
Pinóquio
Pinocchio, 2022 // Também planejado para ser lançado em 2022, este é um dos projetos mais aguardados da Netflix, graças ao seu elenco de dubladores — Ewan McGregor, Cate Blanchett, Tilda Swinton, David Bradley, Finn Wolfhard, entre outros — e à sua produção e direção, que está por conta de Guillermo del Toro. Com o design Gris Grimly, a obra promete ser um pouco mais macabra que o clássico da Disney.
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Pinóquio
Pinocchio, 2019 // Lançada em 2019, com direção de Matteo Garrone, essa co-produção entre Itália, França e Reino Unido foi gravada diretamente nas paisagens italianas. Apesar de algumas pequenas alterações com a história original, a obra se aproxima bastante das aventuras de Pinóquio escritas por Collodi — incluindo suas péssimas decisões e sua leve arrogância ao não aceitar os conselhos do Grilo Falante.
As Aventuras de Pinocchio
The Adventures of Pinocchio, 1996 // Talvez você nunca tenha se perguntado o que Pinóquio e o clipe de “Africa”, da banda Toto, teriam em comum. Mas não importa: a Macabra traz a resposta até você sem precisar da pergunta. Acontece que Steve Barron, diretor de diversos videoclipes musicais dos anos 1980 e 1990 — como “Take on Me”, do A-Ha, “Heaven”, do Bryan Adams, ou “Underground”, de David Bowie —, também se aventurou na direção de filmes. Talvez seu longa mais conhecido seja As Tartarugas Ninjas, clássico da TV aberta na década de 1990, mas em 1996 ele lançou uma adaptação de As Aventuras de Pinóquio. Estrelado por Martin Landau, Rob Schneider e Udo Kier, o filme contempla um pouco da história original e um pouco das modificações feitas pela Disney — com um visual bastante sinistro, se você nos permite dizer.
Pinocchio
Pinocchio, 2008 // Produzida como dois filmes lançados diretamente na TV em 2008, essa adaptação foi dirigida por Alberto Sironi e agradou bastante o público que a assistiu. O elenco inclui Robbie Kay como Pinóquio, Bob Hoskins como Geppetto, Luciana Littizzetto como uma das únicas mulheres a interpretar o Grilo Falante, Alessandro Gassman como Carlo Collodi, em uma homenagem ao autor da obra original, e Thomas Sangster como o amigo mau caráter de Pinóquio, Lampwick.
Pinóquio e Suas Aventuras
Le avventure di Pinocchio, 1972 // Minissérie de TV italiana, dividida em seis episódios, que totalizam 5 horas e 21 minutos, e dirigida por Luigi Comencini. A história se aproxima da original, e traz Andrea Balestri como Pinóquio, Nino Manfredi como Geppetto e Gina Lollobrigida como a Fada.
Teatro dos Contos de Fada: Pinóquio
Faerie Tale Theatre, “Pinocchio”, 1984 // Durante os anos 1980, inspirada pela série de TV Shirley Temple’s Storybook (1958), Shelley Duvall foi apresentadora de um programa que reuniu diversos atores importantes de Hollywood, adaptando várias histórias de contos de fadas clássicos. No terceiro episódio da terceira temporada, foi a vez da adaptação de Pinóquio. O episódio, dirigido por Peter Medak (diretor de Intermediário do Diabo), foi protagonizado por Paul Reubens (o famoso Pee-Wee) como Pinóquio e Carl Reiner (criador, autor e ator de The Dick Van Dyke Show) como Geppetto. A história se aproxima mais da contada pelo filme da Disney dos anos 1940.
Algumas adaptações bem estranhas
Assim como todos os contos de fadas, Pinóquio não estaria a salvo de sofrer algumas alterações conforme fosse adaptado, ao longo dos anos. Talvez porque as pessoas queiram dar novas roupagens à história clássica, ou trazer novos diálogos, o fato é que as adaptações de Pinóquio são inúmeras. Algumas delas, inclusive, são bastante esquisitas.
Em Pinocchio no Espaço (1965), por exemplo, nosso querido personagem de madeira precisa se provar um garoto honesto, digno de ser um menino de verdade, indo até Marte. Extremamente vanguardista, este filme dirigido por Ray Goossens envia um personagem de sucesso ao espaço antes dos clássicos vindouros, como Jason ou Drácula. É isso aí, Pinóquio! Mostra pra eles.
Já em Pinóquio e o Senhor das Trevas (1987), de Hal Sutherland, Pinóquio já é um menino de verdade há um ano. Para ajudar Geppetto com a entrega de uma caixinha de música ao prefeito, ele se une a um vagalume para lhe fazer companhia. Como é de costume de Pinóquio, ele faz uma série de escolhas erradas, perdendo a caixinha de música, que o levam a um confronto direto com um macabro homem conhecido como Imperador da Noite.
Teve também aquela vez que o Pinóquio foi possuído pelo espírito de um serial killer e forçou uma jovenzinha a cometer atos de violência. Não, não estamos falando de O Boneco Assassino. Em Pinóquio – O Perverso (1996), o diretor Kevin Tenney utiliza um boneco réplica do Pinóquio para dar ares de Chucky ao seu filme.
Agora, se você curte mais a vibe futurista, talvez Pinocchio 3000 (2003) seja a escolha mais acertada. No ano 3000, Geppetto, junto de seu assistente Spencer, o cyber pinguim, e a fada holográfica Cyberina, criam Pinóquio, um robô com emoções. O que Asimov deve ter pensado ao ver uma coisa dessas nós só podemos imaginar.
@darksidebooks O Pinóquio é muito mais macabro do que você imagina! #livros #livrostiktok #disney #disneyplus #booktok #horror #terror ♬ Witch Familiar (Classical) [Classic](143628) – dice
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Ufa, Pinóquio é mesmo uma estrela. Qual a sua adaptação favorita da obra de Collodi? Não perca a chance de adquirir o livro em pré-venda na Loja Oficial da DarkSide Books. Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.