Uma governanta assume a tarefa de cuidar de dois jovens órfãos, que estão sob tutela de seu tio — um homem que não tem muito interesse em acompanhar o desenvolvimento dos sobrinhos. Em um casarão isolado, em uma área rural, a governanta irá lutar para compreender se o que vê é apenas fruto de sua imaginação ou há uma presença sobrenatural rondando o local.
A Volta do Parafuso, uma das mais clássicas histórias de terror — assombrado? psicológico? —, foi escrita por Henry James no final do século XIX. Originalmente, foi publicada em formato serializado na revista Collier’s Weekly, entre janeiro e abril de 1898. Naquele mesmo ano, as partes foram reunidas no livro The Two Magics, que continha A Volta do Parafuso e a história Covering End.
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A Macabra selecionou algumas curiosidades e obras adaptadas de A Volta do Parafuso.
Quem foi Henry James
Um dos grandes nomes da literatura inglesa, Henry James produziu um vasto material ao longo de sua vida. Entre peças, livros e ensaios, o autor também transitou entre diferentes gêneros da literatura, e graças a algumas de suas obras mais populares, se tornou conhecido e referenciado como um exímio autor de histórias de fantasmas.
Mas, para além disso, James foi uma peça fundamental entre os movimentos literários de realismo e modernismo, trabalhando com temas como imigrantes norte-americanos, situações maritais e sociais, e, mais adiante em sua vida, escreveu obras experimentais onde a ambiguidade de seus personagens eram peça fundamental dos romances.
Essa, inclusive, é uma característica que salta aos olhos em A Volta do Parafuso, e o que torna o livro um objeto de profundo interesse na crítica literária.
Fantasmas ou insanidade na mansão Bly
A história de A Volta do Parafuso se desenrola em torno de uma governanta que, contratada para cuidar de duas crianças que, recém enviadas sob a guarda de um tio que não quer se envolver na criação delas, pede que a mulher só entre em contato com ele em casos extremos.
As crianças, de início, parecem apenas crianças comuns. Tendo ficado órfãos recentemente, e com a frieza com que são tratados pelo tio, os dois seguem suas novas vidas. Miles, o mais velho, está fora em sua escola e retorna posteriormente para as férias de verão. Já Flora, a caçula, vive em Bly, a grande casa de campo do tio, tutelada pela sra. Grose, que toma conta do casarão.
As coisas passam a ter um rumo diferente quando, certo dia, a governanta passa a notar acontecimentos e comportamentos estranhos por parte dos dois. De acordo com a história, os irmãos eram muito apegados a dois antigos trabalhadores da casa, a antiga governanta e o antigo criado particular do tio. Ambos tinham um caso bastante mal visto por todos, mas não sabemos exatamente os desdobramentos da relação, até que ambos faleceram em um acidente.
A governanta começa a perceber que, talvez, os fantasmas estejam influenciando as atitudes de Miles e Flora, e essa sua certeza só fica mais clara conforme o tempo passa e as duas crianças se tornam mais ariscas. A mulher, então, toma a decisão de fazer o possível para parar o que esteja acontecendo ali.
O grande ponto de destaque dessa narrativa, sem entrar em spoilers, reside no questionamento: a governanta estava certa? Existiam mesmo tais fantasmas? Ou tudo não passou do fruto de uma imaginação tensa e cercada por estímulos estranhos?
Esses estímulos, por sua vez, são incorporados através de elementos insólitos que acontecem com a governanta, mas que são incapazes de nos dar uma luz sobre o caso. O fato é que os dois amantes morreram, mas será que ainda habitam o local? O clima gótico, ambientando a história em um casarão rural, longe da civilização — o que poderia corresponder aos antigos castelos —, também auxilia para que nos perguntemos, evocando esses antigos livros, se a governanta estaria ou não imaginando coisas.
Em inglês, o título da obra é “the turn of the screw”, derivada da expressão “give the screw another turn” ou “tighten the screw”, que significa aumentar a pressão de uma pessoa que já está a ponto de perder a sanidade.
Adaptações de A Volta do Parafuso
Logo que foi lançado, o livro A Volta do Parafuso já chamou bastante atenção. Com o passar dos anos, entretanto, ganhou cada vez mais notoriedade conforme os questionamentos e possíveis interpretações se desenvolviam nas ideias do público e da crítica especializada.
Henry James que, no momento da escrita da obra, estava quase passando por problemas financeiros, se viu novamente entre os autores mais falados do período, e ele mesmo, que não gostava tanto assim da história quando escrita — chegando a escrever para H.G. Wells afirmando que poderia dizer coisas ruins sobre A Volta do Parafuso, bem piores do que qualquer um poderia dizer, dizendo que a história era somente um jogo mental —, acabou se interessando cada vez mais pela ambiguidade do tema.
E o interesse por A Volta do Parafuso é revivido de tempos em tempos através de adaptações para a TV e para o cinema, que fazem com que os espectadores voltem seus olhos não somente para o livro, como também para outros trabalhos de James.
Abaixo, a Macabra listou três adaptações mais importantes da história.
Os Inocentes
The Innocents, 1961 // Miss Giddens (Deborah Kerr) é contratada por um homem (Michael Redgrave) para cuidar de seus dois sobrinhos com total independência. Chegando lá, entretanto, a mulher percebe que há algo de estranho acontecendo na propriedade. A mais aclamada adaptação de A Volta do Parafuso, Os Inocentes foi dirigido por Jack Clayton com roteiro de William Archibald e Truman Capote.
Através da Sombra
Através da Sombra, 2015 // Laura (Virginia Cavendish) é contratada como professora de duas crianças em uma fazenda de café. Mas, chegando ao local, ela percebe que as crianças podem estar sob influência de espíritos hostis. Dirigido por Walter Lima Jr., o filme é uma versão de A Volta do Parafuso ambientada no interior do Brasil.
A Maldição da Mansão Bly
The Haunting of Bly Manor, 2020 // Depois que a última babá morreu, Henry Wingrave (Henry Thomas) contrata uma nova jovem para cuidar de seus sobrinhos órfãos na Mansão Bly. Outro dos sucessos de Mike Flanagan, A Maldição da Mansão Bly não se detém apenas em A Volta do Parafuso para contar sua história, utilizando outras obras de Henry James e diversos elementos da literatura do autor.
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