Quando falamos na história dos filmes de terror, a maioria dos teóricos e pesquisadores concordam que O Solar do Diabo, produzido em 1896 por Georges Méliès, é o primeiro filme do gênero.
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Apesar disso, e dos muitos filmes que vieram em seguida — como O Gabinete do Dr. Caligari (1920), Nosferatu (1922), O Fantasma da Ópera (2025), entre outros —, o gênero só foi começar a ser chamado de “terror” por volta do começo da década de 1930, com o lançamento dos primeiros filmes dos Monstros Clássicos da Universal — mais propriamente com o lançamento de Drácula (1931).
Essas são informações repetidas em diversos livros que buscam estudar o gênero, e são de conhecimento de boa parte dos fãs. Mas pouco é falado sobre as primeiras animações de terror no Ocidente. Sabemos como o mercado asiático, principalmente o japonês, tem uma tradição antiga de animações, e que o terror é muito popular entre os fãs. Mas aqui, deste lado do globo, as animações de terror, principalmente as mais antigas, não tem a atenção que merecem.
A Macabra te conta um pouquinho sobre essa parte da história do gênero e te indica três animações sinistras para este Halloween.
Os primórdios do cinema
Antes das facilidades tecnológicas que temos hoje que, como em um passe de mágica, conseguem alterar realidades — fazem monstros, criam universos fantásticas, adicionam tentáculos e sangue onde, anteriormente, não havia nada —, tudo era feito na base do efeito prático — e de muita gambiarra.
O universo mágico e maravilhoso dos efeitos práticos (e da gambiarra) existe desde que o cinema nasceu. Méliès, assim como seus predecessores do gênero fantástico, se utilizou de diversas técnicas para criar seus filmes insólitos. Sobreposição de imagem, cor contra cor, contrastes, e todo o tipo de equipamentos disponíveis na época para levar um pouco de magia ao seu público.
O cinema, em si, descende, de certa forma, de antigas técnicas de teatro. Uma delas, a phantasmagoria, remonta desde antes do século XVIII, onde sombras eram projetadas para contar histórias de terror.
Emile Cohl e a primeira animação
Assim como a história do cinema está intrinsecamente ligada à história do terror por meio dessas técnicas de se contar histórias, a história da animação também está. Isso porque quem fez o que é considerada a primeira animação da história do cinema, também produziu a primeira animação de terror.
Emile Cohl ficou conhecido como “o pai da animação”. Caricaturista, cartunista e, posteriormente, animador, Cohl fez a primeira animação da história, intitulada Fantasmagorie, em 1908. Antes de Fantasmagorie, outros filmes usaram técnicas de stop motion e animação aliadas às gravações de pessoas reais. Foi através desses filmes, um deles chamado The Haunted Hotel, que diz-se que Cohl descobriu como era a técnica de animação, estudando frame a frame, até pegar completamente o jeito. Fantasmagorie se tornou reconhecida por ser a primeira animação totalmente animada, não apenas usando a técnica stop motion em alguns quadros, mas sim por toda a sua duração.
Apesar do nome, Fantasmagorie pouco tem a ver com uma história de terror, sendo muito mais influenciado pela técnica phantasmagoria do que com, como o nome poderia sugerir, fantasmas e coisas do tipo. Mas a coisa muda de figura com outro filme de Cohl, chamado Le cauchemar de Fantoche — ou O Pesadelo do Fantoche —, que narra algumas desventuras de personagens em telas que realmente parecem um pesadelo.
Todas as animações de Cohl, assim como os filmes do período, possuíam uma duração curta. Tanto Fantasmagorie quanto Le cauchemar de Fantoche possuem dois minutos cada. E a animação, em si, pode parecer bastante simples — “desenhos de palitinhos”, como poderíamos dizer hoje em dia —, mas exigiu muito pensamento e inovação de Cohl, que conseguiu realizar um filme totalmente animado em um momento em que esse trabalho era muito mais difícil.
Depois de Cohl, nas décadas seguintes, estúdios e produtoras gastaram alguns esforços com animações macabras. Três delas se tornaram sinônimo de macabrices e horror.
A Dança dos Esqueletos
Alguns anos depois do trabalho surpreendente de Cohl, surgiu na indústria cinematográfica um homem chamado Walt Disney. Hoje, nos lembramos dele pelo Mickey e sua turma. Mas quando falamos sobre histórias de terror e Disney, temos uma longa história antes dos atuais filmes de vingança de personagens do estúdio.
Em 1929 foi lançado A Dança dos Esqueletos, curta animado e ainda hoje muito querido pelos fãs do macabro. No filme, um grupo de esqueletos dança em um cemitério. Foi o primeiro filme das Silly Symphonies, série com 75 filmes animados lançados pelo estúdio.
O Coração Delator
Dirigido por Ted Parmelee e produzido pela UPA, essa animação que adapta “O Coração Delator”, de Edgar Allan Poe, se mostrou um esforço tremendo e um curta hoje pouco lembrado, mas com uma qualidade e um estilo que se sobressaem. A essa altura as animações em si já eram uma presença frequente em estúdios, e a própria Disney havia lançado Pinóquio pouco mais de uma década antes, em 1940, com alguns outros sucessos na esteira no mesmo período, como A Branca de Neve (1937), Dumbo (1941) e Bambi (1942).
Com a duração de pouco mais de 7 minutos, o filme chegou a concorrer ao Oscar na categoria de Melhor Curta Animado em 1954, mas perdeu para Toot Whistle Plunk and Boom, da Disney. Foi, também, a primeira animação a ser classificada com X, apenas para maiores, pela censura da Grã-Bretanha.
Uma Grande Aventura
Você já deve ter ouvido falar ou mesmo assistido a Watership Down. A animação de 1978, dirigida por Martin Rosen e John Hubley e adaptada a partir do livro de Richard Adams, conseguiu aterrorizar gerações com a história dos coelhos que buscam se salvar dos perigos causados por humanos em seu habitat natural.
Tecnicamente um filme de aventura, a crueza dos fatos e os horrores vivenciados pelos personagens colocam Uma Grande Aventura em um nível muito próximo aos filmes mais violentos e surpreendentes de eco-horror. Com imagens assustadoras, é difícil passar incólume pela experiência de conferir essa animação.
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