A arte tem poderes. O poder de transformação, de crítica, mas também o poder de jogar luz à questões que são caras para a humanidade. Através da arte encontramos detalhes de nós mesmos e do meio em que vivemos, da sociedade e da cultura.
O poder da arte de levantar críticas sociais tem sido observado nos últimos tempos com ainda mais força. Quadrinistas e escritores tecem mensagens sobre nossa sociedade atual, sobre as necessidades de uma população cada vez mais oprimida por um governo que não enxerga.
As intervenções de Adriano podem ser um exemplo dessa utilidade da arte. Ocupar espaços, colocar em primeiro plano e gigantalizar pessoas que, quase sempre, ninguém presta atenção, como moradores e trabalhadores de rua. A Macabra fez uma entrevista com o artista para conhecer um pouco mais de seu trabalho.
Entrevista com Adriano Gomes
- Conte-nos um pouco a respeito de você e da sua história. De onde você é, o que curte fazer?
Sou de Santo André, SP. Nasci em 1976. Estudei até o ensino fundamental apenas. Nunca quis universidade. Corinthiano, do samba, do rock e de vários outros gêneros. Com 17 anos fui pra minha primeira balada em SP (porque quem mora no ABC fala assim mesmo rsrs). O Retro na Santa Cecília. Sou fã da madrugada.
Hoje gosto mais dos dias, do sol. Faz 2 anos que me mudei para o interior (noroeste) de SP para uma cidade de apenas 15 mil habitantes, Santa Adélia. Vim em busca de silêncio e é aqui que eu vou ficar até quando Deus quiser. Sim, sou católico e acredito em Deus. Ando um pouco de Skate e tiro umas notas de flauta transversal.
- Você se lembra de como surgiu sua inclinação à arte? E em que momento começou com as intervenções?
Foi por volta de 1991, quando eu tinhas uns 16 anos e trabalhei em uma gráfica. Era da Pirelli localizada em Santo André, SP. Lá eu tive o primeiro contato com pré impressão e os programas de design gráfico. De lá pra cá não parei mais.
- Percebemos muitos elementos da cultura pop em seus trabalhos mais antigos. Quais são suas principais inspirações?
Eu trabalhei durante muitos anos em empresas de moda no segmento de surfwear e streetwear. Sempre tive muita liberdade criativa. Pode-se dizer que minhas principais inspirações são esses dois lifestyle, o surfe e o skate.
- Como tem sido a receptividade do seu trabalho?
Muito legal. Esse é um trabalho bem recente. Antes dele eu tinha em torno de 240 seguidores no instagram e no dia que fiz o primeiro post abordando esse tema passou para 800. Toda essa galera de seguidores foram graças aos meus grandes amigos Danilo Carpigiani e Luka Salomão, apresentadores do RAMONA 89, da 89 FM de São Paulo.
Nos primeiros posts eles comentaram durante a transmissão do programa e foi graças a essa camaradagem super carinhosa deles que a página começou a ser seguida por muito mais pessoas.
- Suas intervenções sempre procuram dar destaque a moradores e trabalhadores de rua. O que te motiva a expor essa realidade com a arte?
Abrir o diálogo, por o dedo na ferida.
- Como você acha que a arte pode colaborar nestes espaços em que o governo não atua de maneira política?
Compartilhando, assim como o Dan e a Luka fizeram. A grande maioria dos políticos do Brasil querem mais é nos ver calados e vendados. Temos que nos expressar. Cada um da sua melhor maneira.
- A hashtag #contrastesocial é bastante utilizada em suas postagens. Como isso te motiva nas intervenções?
Essas hashtags que eu uso geralmente são o start das minhas colagens. São temas que sempre serão trending topics. Tem uma visibilidade grande.
- O que você acha que as pessoas podem fazer para colaborar com a visibilidade dos artistas de rua no dia a dia?
Infelizmente a melhor maneira que as pessoas tem para colaborar sempre foi ajudando com alguns trocados. É uma realidade muito difícil de melhorar, até porque, acredito que muitos artistas de rua amam esse estilo de vida em nome da liberdade mas que infelizmente na maioria das vezes a conta não fecha.
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