O século XIX foi um período repleto de reviravoltas e acontecimentos absurdos, com criminosos da mais alta periculosidade. Lobos vestidos de cordeiros se infiltraram em todos os círculos sociais, inclusive para fazer mal às crianças.
Antes de termos um olhar mais cuidadoso no bem estar da infância, muitas crianças sofreram destinos horríveis. Desde que o trabalho é trabalho, crianças de classes sociais mais baixas trabalharam para ajudar em casa — em fábricas, em plantações, ou pedindo dinheiro para suas famílias.
E, durante o século XIX, as coisas se intensificaram. Muitas famílias não tinham condições de criar seus filhos. Em um momento em que tudo era muito incerto, que os trabalhos eram escassos, e que a falta de instrução sobre métodos de concepção era o senso comum, muitas crianças iam parar em orfanatos ou, pior, em Baby Farmers.
Muitas mães optavam por deixar seus filhos sob cuidados em casas fora dos centros urbanos que cresciam ano a ano por ser uma alternativa saudável — além, claro, das outras variantes: dificuldades nos empregos, que, em grande parte, eram para servirem em casas de família onde essas mulheres passariam a viver e dificilmente seus filhos eram aceitos. Mas a maioria das baby farmers funcionavam de forma diferente, além de serem simples orfanatos ou abrigos.
As baby farmers
Era uma prática principalmente da Inglaterra, sendo menos comum nos Estados Unidos e na Austrália. Tecnicamente, as mulheres das baby farmers recebiam uma quantia para cuidarem desses bebês, fazendo um serviço semelhante ao de um abrigo. Mas, o que acontecia dentro desses lares, era de deixar qualquer um chocado.
Várias foram as baby farmers acusadas de maus tratos contra crianças no período. Não era lucrativo continuar criando as crianças deixadas sob seus cuidados por tanto tempo, visto que a quantia não era muito alta. Então, seria mais fácil para essas cuidadoras que as crianças falecessem. O problema é que muitas baby farmers acabaram fazendo com que as crianças morressem de propósito, assassinadas e subnutridas.
O termo “baby farmers” passou a ser mais utilizado após a metade do século XIX, em tom pejorativo, para expor mulheres que tomavam conta de filhos que não eram seus.
Investigações
A investigação que desmascarou algumas baby farmers da época se deu início na década de 1870, e uma carta foi enviada ao The Times que dizia: “Minha convicção é que as crianças são assassinadas em dezenas por essas mulheres, que a adoção é apenas uma bela frase para morte lenta ou súbita”. Quando uma série de artigos expondo a situação e cobrando atenção do caso foram publicados no Brittish Medical Journal, o Parlamento Britânico resolveu agir e regulamentar o baby farming com a Lei de Proteção à Vida Infantil, em 1872.
Após serem descobertas, várias dessas mulheres foram julgadas, condenadas por assassinato, homicídio culposo ou negligência criminosa e foram sentenciadas à morte. Dentre elas, as mais conhecidas foram Margaret Waters, executada em 1870, Amelia Dyer, executada em 1896, e a dupla Amelia Sach e Annie Walters, executadas em 1903. A última mulher acusada de baby farming e executada foi Rhoda Willis, enforcada no País de Gales em 1907.
Amelia Dyer
Em Crimes Vitorianos Macabros, a história de Amelia Dyer é destrinchada em um capítulo. Acredita-se que Dyer assassinou mais de 400 crianças em vinte anos, uma das mais prolíficas assassinas em série. Além da história de Dyer, os autores contam também como as baby farmers trabalhavam: geralmente mulheres que demonstravam um alto grau de amabilidade e respeitabilidade, mas que não tinham escrúpulos ao deixar as crianças passarem por necessidades inumanas. Dyer se aperfeiçoou durante os anos, mas acabou sendo pega quando os corpos de três crianças foram retirados do Tâmisa. Dyer utilizava diversos nomes, e mudava de endereço constantemente. Ficou conhecida por “Criadora de Anjos”.
Fábrica de Anjos
Dyer foi somente uma das assassinas de crianças desse período nebuloso na Inglaterra, e as baby farmers eram somente um dos métodos de abuso e infanticídio. As condições financeiras de camadas sociais mais baixas eram difíceis, e muitos motivos, além da crueldade, foram utilizados contra crianças no período. Seja para fraudar um seguro de vida, seja para evitar uma nova criança no mundo (mesmo quando essa criança já havia nascido), as mortes infantis atingiram altos números. Negligência ou assassinatos, muitas crianças foram vítimas desse capítulo da história vitoriana.
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