Alguns filmes de baixo orçamento acabam, em algum momento, encontrando espaço e sendo redescobertos em meio a avalanche de novos lançamentos que acontecem todos os anos. Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, apesar de ter tido seu momento de fama quando foi lançado, é um desses filmes.
A história é meio sem pé nem cabeça: uma cidadezinha está sendo invadida por alienígenas, mas ninguém consegue levar nada muito a sério, já que eles se parecem com palhaços — e suas armas são coloridas e bonitinhas e pouco ameaçadoras, e tudo é extremamente colorido. Como acontece neste tipo de filme, somente alguns jovens da cidade acabam levando as ameaças a sério e tentam lidar com o caos.
As cores chamativas dos palhaços espaciais e a produção que mira no terror e acerta em cheio nos filmes B acabou conquistando seu espaço com os fãs ao longo dos anos. Hoje, cultuado por um grupo de fãs de gênero que vem crescendo ano após ano, o filme não cai no esquecimento. Prova disso é que, por exemplo, a Funko Pop e outras marcas de colecionáveis segue lançando novos colecionáveis dos terríveis (e fofos?) palhaços do filme.
A Macabra reuniu algumas curiosidades desse clássico cult dos filmes B para mostrar que vale a pena dar uma chance para essa galhofa.
Os irmãos Chiodo
O filme foi escrito, dirigido e produzido pelos irmãos Chiodo, com Stephen assumindo a cadeira de direção e roteiro, Charles sendo corroteirista e Edward, apesar de ter trabalhado como corroteirista também, acabou não sendo creditado.
Os irmãos Chiodo são, na verdade, velhos conhecidos dos filmes B — mas em outro ramo de atuação, na verdade. Eles são responsáveis pelo trabalho com os monstrinhos fofinhos e perigosos de Criaturas (1986), filme dirigido por Stephen Herek e que, assim como Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, acabou entrando para o rol de “filmes B dos anos 1980 que conquistaram o coração dos fãs”.
Mas os Chiodo também trabalharam em outros filmes bastante populares, não para os fãs de terror. Eles fizeram os efeitos especiais para o filme Ernest: O Bobo e a Fera (1991), Team America: Detonando o Mundo (2004), foram responsáveis pela cena da Large Marge em As Grandes Aventuras de Pee-Wee (1985), as cenas de stop-motion no Polo Norte de Um Duende em Nova York (2003), entre outros.
Não é um slasher
Ou quase isso. Na verdade, o final dos anos 1980 já sofria com um desgaste dos filmes slasher. A comédia de terror, entretanto, encontrou nesse desgaste um excelente solo fértil e acabou ganhando espaço. Mesmo os filmes com maior contagem de mortos — como Brinquedo Assassino, do mesmo ano dos Palhaços Assassino do Espaço Sideral — ganhavam esses ares de absurdo (certo, um brinquedo assassino? palhaços assassinos?).
O nome do filme dos irmãos Chiodo é, na verdade, uma forma de se distanciar dos slashers. Inicialmente o projeto iria se chamar “Palhaços Assassinos” — somente Killers Klowns. Mas os irmãos decidiram adicionar o “do Espaço Sideral” para deixar bastante claro que não se tratava somente de palhaços assassinos comuns.
Tagline engraçadinha
As taglines são aquelas frases que aparecem nos pôsteres e, às vezes, nos trailers de filmes. Geralmente são uma frase de impacto, que dão alguma pista sobre o que o filme se trata.
Para Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, a escolha foi utilizar a tagline “In space no one can eat ice cream!”. A frase é uma piada com a famosa tagline de Alien, O Oitavo Passageiro, “In space no one can hear you scream”.
Uma praia bem famosa
Palhaços Assassinos do Espaço Sideral foi gravado majoritariamente no condado de Santa Cruz, na Califórnia, principalmente em Watsonville e no Calçadão de Santa Cruz. Mas se você gosta de filmes de terror, já deve ter ouvido o nome desse lugar por aí.
Santa Cruz é famosa pelos filmes Nós, na cena de Adelaide na praia, e por ter tido seu nome trocado em Garotos Perdidos — a famosa cidade de Santa Carla, capital mundial dos assassinatos, na verdade não existe; estamos falando de Santa Cruz.
Efeitos práticos no melhor estilo
Os irmãos Chiodo eram conhecidos por trabalharem com efeitos práticos, então nada mais justo que usar e abusar dos recursos em seu próprio filme. Apesar disso, na verdade, eles deixaram os efeitos de Palhaços Assassinos do Espaço Sideral nas mãos de outros técnicos, para poderem se concentrar em outros processos.
O objeto de cena mais caro na produção foi a popcorn gun — a arma de pipoca (sim) — que custou cerca de 7 mil dólares e demorou seis semanas para ser construída. A maioria dos adereços dos palhaços, bem como o palhaço do final, que recebeu o nome de Jojo, o Klownzilla, foram feitos em látex.
Os nomes dos palhaços
Mas, afinal de contas, quais são os nomes dos palhaços assassinos? Bom, o filme não deixa muito explícito, mas ao longo dos anos eles foram ganhando nomes a partir de mídias e produtos derivados.
Na wiki feita por fãs do filme, consta que o nome dos palhaços principais são Jumbo, Shorty, Rudy, Chubby, e Spikey. Isso é corroborado com o projeto de jogo baseado em Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, que está em versão beta. Alguns outros palhaços são nomeados na wiki, como Fatso, Slim, Bibo, Boco, além dos filhotes de palhaços, que nascem a partir das pipocas.
E, claro, o Klownzilla.
Baixo orçamento (& uma ótima trilha sonora)
O que se sabe é que o filme tinha um orçamento de cerca de dois milhões de dólares que foram todos para atores e equipe técnica. Os efeitos foram feitos com um custo baixíssimo para que houvesse orçamento para outras coisas, como atores e trilha sonora — que foi feita por John Massari, também responsável por The Wizard of Speed and Time (1979) e The Ray Bradbury Theater (1985).
O filme também ganhou uma música só para si, intitulada “Killer Klowns (From Outer Space)”, que foi performada pela banda punk The Dickies. A banda também esteve em trilhas sonoras de filmes como Kick-Ass: Quebrando Tudo e na série Nimona.
Uma sequência?
Diferente de boa parte dos filmes que saíram nos anos 1980 e fizeram um certo sucesso — como o próprio Criaturas, que contou com cinco longas oficiais, um inclusive lançado em 2019 —, Palhaços Assassinos do Espaço Sideral não teve nenhuma sequência.
Mas isso não está fora dos planos. Os irmãos Chiodo tem planejado uma sequência desde meados de 2010. A primeira ideia era uma “requel” — uma mistura de remake e sequência — que seria lançada em 2012. Stephen dirigiria o filme, e Charles continuaria como o responsável pelo design dos palhaços. Os planos foram alterados, e houveram alguns boatos, em 2018, que o canal Syfy estava tentando adquirir os direitos para um novo filme.
Aguardamos qualquer novidade nesse projeto. Agora que o Syfy tem em mãos uma franquia grande e bem desenvolvida como Brinquedo Assassino, estamos curiosos para que esses acordos se concretizem. O que mais pode vir por aí com esses palhaços?
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