Por mais que o tempo passe, acompanhar as trapalhadas de uma das famílias mais queridas da TV norte-americana é uma grande diversão. Os Simpsons reúne um pouquinho de cada coisa que os fãs de entretenimento adoram — e talvez esse seja o segredo para a longevidade da série que, este ano, completa seu trigésimo quarto aniversário.
Paródias com os grandes acontecimentos do mundo, intercalados com histórias de cidadãos “normais” vivendo na América do Norte, e, com isso, vivenciando também seus dissabores, tornaram Os Simpsons uma das séries animadas mais assistidas de todos os tempos. A história da família criada por Matt Groening, com episódios curtos que duram de 20 a 25 minutos, atraem a atenção: mesmo algumas das situações mais esdrúxulas vividas por eles, são, de certa forma, comuns para os espectadores.
LEIA+: TWIN PEAKS: O FENÔMENO DA TELEVISÃO EM 4 PARÓDIAS DE DESENHOS ANIMADOS
Na verdade, no geral, os episódios de Os Simpsons contam histórias bem normais. Homer, o pai, apesar de seus tropeços, é um cara que tem que trabalhar todos os dias e tenta manter sua família bem; Marge é uma dona de casa que mais parece uma super-heroína, tentando manter tudo em ordem; Lisa, Bart e Maggie também não fogem muito das características comuns de crianças de uma família de classe média. Os Simpsons, durante todos esses anos, seguiram uma certa linha cronológica e seus episódios se mantém atados a certas regras do mundo normal.
Mas há um grupo especial de episódios que não segue regra alguma. Aliás, segue sim. A regra de utilizar uma boa quantidade de referências e dar aos fãs uma noite especial de assombro. “A Casa da Árvore dos Horrores” (no original, “Treehouse of Horror”), são os episódios de Halloween dessa família tão especial.
Como na Macabra é Halloween o ano inteiro e gostamos de comemorar tudo que é assombroso, selecionamos algumas curiosidades sobre a história de A Casa da Árvore dos Horrores.
Características Gerais
Produzidos anualmente, e lançados próximos ao Halloween, “A Casa da Árvore dos Horrores” são episódios antológicos que possuem três segmentos, com uma abertura especial em cada um deles — nem todas com os elementos já consagrados da família no sofá, por exemplo.
Nestes episódios, também, são utilizados como base outras séries, filmes, livros, personagens, tudo que entre dentro do guarda-chuva do terror, da ficção científica, do mistério. Uma das maiores inspirações para a criação desses especiais foi a série Twilight Zone (ou Além da Imaginação, como ficou conhecida no Brasil). Então, todos os gêneros que poderiam aparecer lá, e que consigam ser combinados com os elementos especulativos, podem ser alvo de “A Casa da Árvore dos Horrores”.
Apesar da clara conexão com a série principal — ou seja, com a história central de Os Simpsons —, os episódios de Halloween não seguem a cronologia ou o desenvolvimento mantido pelos episódios normais. Vários personagens que morreram podem voltar, e vice e versa, com mortes dos personagens principais; e o que acontece na Casa da Árvore fica na Casa da Árvore: os personagens não irão se lembrar desses acontecimentos.
O começo de tudo
Todos os episódios especiais de Halloween de Os Simpsons são numerados com algarismos romanos. Talvez você já tenha percebido que eles correspondem a um número menor do que a temporada a que pertence — por exemplo, o especial da temporada vinte é o XIX. Isso porque o primeiro episódio da “Casa da Árvore dos Horrores” foi ao ar somente na segunda temporada de Os Simpsons.
O primeiro episódio dos especiais, que corresponde ao terceiro episódio da segunda temporada, foi fortemente inspirado pelos quadrinhos da EC Comics. Seus três segmentos — “Bad Dream House”, “Hungry Are the Damned” e “The Raven” —, são contados por Lisa e Bart em sua casa da árvore, para assustarem um ao outro, e antes de cada um dos segmentos havia uma trama que envolvia o próximo, tornando todas as histórias contadas no segmento conectadas de alguma forma.
Somente o primeiro especial foi contado em uma casa da árvore. No segundo episódio, as histórias eram fruto de um pesadelo de Lisa, Bart e Homer; no terceiro, Bart, Lista e Vovô contam histórias em uma festa de Halloween; e no quarto episódio, na temporada cinco, Bart faz o papel de Rod Serling na série Galeria do Terror, como um narrador que une todas as narrativas.
Ambos os recursos, tanto da contação de histórias quanto da ligação de todos os segmentos, logo seriam deixados de lado. A partir do quinto especial de Halloween, os episódios partiriam diretamente para as histórias de cada segmento.
Este primeiro episódio (assim como o segundo e o quinto) utilizaram a personagem da Marge como uma forma de avisar aos pais que o que eles iriam ver em seguida poderiam ser um pouco violento para as audiências menores de idade. Este recurso também logo foi abandonado, e esse aviso foi descartado. Conforme a popularidade da série crescia, mais os desenvolvedores da série ousaram em brincar com as possibilidades desses episódios.
Kang e Kodos
Apesar de “A Casa da Árvore dos Horrores” contar com todos os personagens da série normal, como a família Simpson, Ned Flanders, Sr. Burns etc, os episódios especiais de Halloween têm uma adição especial no elenco.
Kang e Kodos são dois alienígenas do planeta Sedna, e estiveram presentes desde o primeiro episódio de “A Casa da Árvore dos Horrores”. Sempre planejando alguma tramoia para conquistar a Terra, frequentemente têm seus planos frustrados pela família Simpson. São personagens queridos dos fãs, e aparecem frequentemente em jogos da série.
Os dois personagens alienígenas de Os Simpsons já fizeram aparições em episódios da linha temporal original da série — como no episódio dez da oitava temporada, “The Springfield Files”, que não é um episódio de Halloween mas conta com Dana e Fox de Arquivo X —, mas são praticamente exclusivos dos especiais de Halloween, participando de todos eles. É uma regra firmada por Al Jean, um dos roteiristas de Os Simpsons: mesmo que apenas em curtas aparições, os episódios especiais de Halloween precisam ter a presença da dupla de alienígenas.
Os nomes assombrados
Outra característica divertida de reparar nos episódios especiais de Halloween de Os Simpsons são os nomes da equipe com os créditos iniciais. Na maioria deles, versões divertidas e “assustadoras” são utilizadas, como “Bat Groening”, para Matt Groening, ou “Chains Hell Brooks”, para James L. Brooks.
Al Jean se inspirou na EC Comics para pensar nos nomes assustadores, e eles se tornaram uma das coisas favoritas dos fãs. Nos episódios XII e XIII — referentes às temporadas treze e catorze —, os “nomes assustadores” foram removidos dos créditos especiais, mas os fãs ficaram tão chateados com a situação e reclamaram tanto que a equipe de produção decidiu trazer o recurso de volta.
As referências
Chegando perto de outubro, começam a pipocar os sites de notícias do universo do entretenimento que anunciam quais serão as obras parodiadas pelo mais famoso especial de terror da TV norte-americana. Sem dúvida, uma das coisas mais divertidas de “A Casa da Árvore dos Horrores” é conseguir destacar quais são as referências daquele episódio.
Ao longo da série, foram parodiados filmes de terror icônicos como O Exorcista, A Noite dos Mortos-Vivos, O Iluminado, A Mosca; e também filmes clássicos da ficção científica, como Guerra dos Mundos, E.T., o Extraterrestre e A Ilha do Doutor Moreau. Além disso, filmes de ação como Transformers e Sr. e Sra. Smith, e clássicos do Halloween como É a Grande Abóbora, Charlie Brown foram parodiados ao longo dos especiais de Halloween.
Este ano, o episódio especial de número XXXIV terá paródias com O Silêncio dos Inocentes e algumas piadas com a onda de NFT que surgiu meses atrás. O episódio irá ao ar nos Estados Unidos dia 05 de novembro.
*
E você, costuma assistir aos episódios especiais de Halloween de Os Simpsons? Qual o seu favorito? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.