Alguns nomes ficam cravados no coração dos fãs de horror e dificilmente serão esquecidos pelas próximas gerações. São atores e atrizes que viveram monstros, heróis, assassinos e vítimas, e tiveram seus momentos eternizados nas telas de cinema, se transformando em representações de carne e osso do gênero, vivendo para sempre entre aqueles que não deixam que seus nomes morram.
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O século XX criou vários desses nomes, e o século XXI continua fazendo um excelente trabalho, presenteando os fãs com artistas dispostos a nos trazer aquele arrepio.
Dentre esses nomes, existem três que são eternamente queridos aos fãs do gênero. Poucos são os que não ouviram falar de Peter Cushing, Vincent Price e Christopher Lee, a trindade do horror dos anos 1950 e 1960. O sucesso dos três ultrapassou a barreira do gênero e se expandiu por outras décadas.
Vincent Price, nascido em 1911 no Missouri, ficou conhecido como Mestre Macabro pelas produções que participou entre seus anos ativo. Começou pelo teatro e logo conquistou o cinema, em filmes como A Mosca da Cabeça Branca, A Casa dos Maus Espíritos e Mortos que Matam, além de ser uma das estrelas do ciclo de adaptações de Edgar Allan Poe, dirigidos por Roger Corman, e ter interpretado o aterrorizante Dr. Phibes.
Além de toda a carreira de Price no terror, é interessante mencionar que o ator sempre foi bastante aberto ao gênero. Participou de várias produções ligadas ao horror de alguma forma, como o especial de Alice Cooper do disco Welcome to My Nightmare, lançado em 1975, em que gravou uma narração para a faixa “The Black Widow”; participou da animação Os 13 Fantasmas de Scooby Doo; e foi homenageado por Tim Burton no curta animado Vincent, que também recebeu sua voz na narração. Também narrou episódios da série O Teatro dos Contos de Fadas, em 1984. Seu último papel foi em Edward Mãos de Tesoura, como o cientista “pai” de Edward.
Price é um dos grandes astros do horror e tem duas estrelas na calçada da fama em Hollywood — uma por suas contribuições na TV e outra por seus trabalhos no cinema. Além disso, recebeu o prêmio de conjunto da obra nos festivais Fantasporto em 1984 e Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films em 1986.
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Peter Cushing nasceu em 1913, em Surrey, na Inglaterra. Antes do mundo do horror, Cushing fez muita coisa. Atuou em dezenas de peças na Inglaterra, trabalhou em mais de 30 séries de televisão e recebeu alguns prêmios por isso, mas ficou mundialmente conhecido por seus filmes do Estúdio Hammer. Seus papéis de maior destaque foram, em grande parte, personagens soturnos e cultos, ora cientistas, ora intelectuais de outro tipo, como o Dr. Frankenstein, Sherlock Holmes e Van Helsing. No cinema, também viveu Doctor Who, no primeiro filme do que se tornaria um dos seriados mais antigos da televisão, chamado Dr. Who and The Daleks.
Cushing comentou sobre sua persona macabra em 1964: “As pessoas me olham como se eu fosse algum tipo de monstro, mas eu não consigo entender porquê. Em minha figura macabra, ou eu fui um criador de monstros ou um destruidor de monstros, nunca um monstro. Na verdade, eu sou um camarada gentil. Nunca machuquei uma mosca. Amo animais, e quando estou no campo eu observador de pássaros perspicaz”. Cushing faleceu em 1994.
Ainda hoje é lembrado como Governador Tarkin, na trilogia original de Star Wars. Seu último filme foi Biggles: Adventures in Time, de 1986, mas teve uma participação gerada por computador no filme de 2016, Rogue One: A Star Wars Story. Cushing recebeu o prêmio BAFTA de Melhor Ator em 1956, e recebeu o prêmio por conjunto da obra do Fantasporto em 1954.
Entretanto, é difícil falar de Peter Cushing sem mencionar um de seus grandes amigos, que também faz parte desse trio de grandes atores: Christopher Lee, nascido em 1922, em Londres, foi outro dos grandes nomes do horror, ao lado dos dois atores já mencionados.
Tanto sua história de vida quanto sua carreira se misturam com a de Peter Cushing. Enquanto um fez Van Helsing, o outro viveu um dos melhores Dráculas já vistos no cinema. Ao lado de Cushing também viveu Sir Henry Baskerville, em O Cão dos Baskerville, enquanto o amigo interpretava Holmes (Lee também interpretaria Sherlock Holmes em algumas produções posteriores). Em A Maldição de Frankenstein, Cushing foi Victor enquanto Lee interpretou A Criatura. Em Star Wars, ambos interpretaram vilões, com Cushing vivendo Governador Tarkin na trilogia original, como já mencionado, e Lee interpretando Conde Dookan, na trilogia de prelúdio.
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Lee também trabalhou em outra franquia de sucesso, vivendo Saruman nas trilogias de Senhor dos Anéis e O Hobbit. Seu último filme foi O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Lee faleceu em 2015.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Lee fez parte do Ministry of Ungentlemanly Warfare, uma equipe especial das Forças Inglesas, e algumas de suas missões são consideradas secretas ainda hoje. Assim como Price, e muito por suas participações em Senhor dos Anéis, Lee teve algumas participações em músicas, gravando com a banda Rhapsody of Fire.
Em uma entrevista presente no lançamento de DVD de O Cão dos Baskerville, Lee foi entrevistado para falar sobre seu amigo: “Eu não quero parecer triste, mas, em algum momento de suas vidas, cada um de vocês vai notar que existe uma pessoa, um amigo a quem ama e cuida muito. Essa pessoa está tão perto que é capaz de compartilhar momentos inesquecíveis”.
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Enquanto Lee e Cushing trabalharam juntos em muitas produções dos Estúdios Hammer, foi somente durante as produções da Amicus Productions que os três estariam sob o mesmo teto. Os três só fizeram dois filmes juntos: Grite, Grite Outra Vez, de 1970, dirigido por Gordon Hessler, baseado em um livro de Peter Saxon, e A Mansão da Meia-Noite, de 1983, dirigido por Pete Walker, baseado em um livro de Earl Derr Biggers.
Em A Mansão da Meia-Noite acompanhamos um rapaz que aceita uma aposta, de passar uma noite inteira em uma mansão mal-assombrada. O filme é uma grande homenagem aos três atores, como também a John Carradine, outro grande nome do horror da segunda metade do século XX. É um filme divertido e aterrorizante, e é lembrado com carinho pelos fãs.
Três atores que foram reunidos pelo horror e se tornaram grandes nomes para o gênero, que guardamos com carinho na lembrança.
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