Eu sou sua fã número um: curiosidades de Louca Obsessão

Uma das adaptações mais bem-sucedidas de Stephen King, Louca Obsessão é um filme aterrorizante e cheio de histórias dos bastidores. Confira algumas curiosidades da produção.

Certo dia, viajando para a sua casa em Nova York, o escritor Paul Sheldon sofre um acidente durante uma nevasca. Por “sorte”, a enfermeira Annie Wilkes o encontra e o leva para sua casa, para ajudá-lo a se restabelecer. Wilkes é uma grande fã do trabalho de Sheldon, mas ao descobrir que o autor planeja terminar sua série de livros com a morte de sua personagem favorita, ela transforma a estadia dele em sua casa em um absoluto inferno. Logo a psicopatia de Wilkes fica mais que evidente a Sheldon, que precisa encontrar uma maneira de fugir.

Louca Obsessão, dirigido por Rob Reiner, com roteiro de William Goldman, é uma das adaptações mais bem-sucedidas de obras de Stephen King. Protagonizado por James Caan e Kathy Bates, o filme tira o fôlego de seus espectadores que assistem deslumbrados e aterrorizados os desdobramentos desse encontro. Um dos poucos filmes do gênero a ganhar um Oscar — na categoria de Melhor Atriz, pela atuação icônica de Bates —, Louca Obsessão é uma obra que merece ser revista sempre que possível.

E para saciar a curiosidade dos fãs, a Macabra reuniu cinco curiosidades sobre a produção. 

O texto original

De acordo com King, sua ideia inicial para a escrita de Louca Obsessão surgiu depois de um pesadelo enquanto estava em um avião. No sonho, o autor acordava de um cochilo e havia uma mulher ao seu lado, que falava em uma voz um pouco louca: “eu sou sua fã número um!”. 

Misery é um livro sobre cocaína. Annie Wilkes é a cocaína. Ela era minha fã número um.

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O autor também chegou a afirmar que Annie Wilkes era a personificação de seu vício em drogas. Em entrevista à revista Rolling Stone, o autor afirmou: “Misery é um livro sobre cocaína. Annie Wilkes é a cocaína. Ela era minha fã número um”. King sofreu por anos com o abuso de substâncias e boa parte de suas obras nos anos 1980 foram escritas enquanto ele esteve sob influência. 

A direção de Rob Reiner

Louca Obsessão não é a primeira incursão de Reiner ao trabalho de Stephen King. Em 1986, dirigiu o aclamado Conta Comigo (baseado no conto “O Corpo”), um dos filmes mais queridos dos fãs de King. King parece ter realmente ficado impressionado com Reiner, pois quando surgiu a intenção de comprar os direitos do livro Misery, King afirmou que só venderia caso Reiner fosse o diretor, ou sua produtora, a Castle Rock Entertainment, estivesse no controle do projeto.

De início, George Roy Hill era o diretor escalado para a produção, mas por causa de um atrito entre ele e o roteirista William Goldman, sobre manter ou não a famosa cena do pé de Paul Sheldon e seu encontro fatal com um machado (no filme, um martelo), Hill acabou saindo da adaptação. Reiner acabou ficando encarregado de dirigir Louca Obsessão, do jeito que King queria desde o começo.

Para criar toda a atmosfera do filme, um suspense de roer as unhas, Reiner comenta que sua maior inspiração para a direção de Louca Obsessão foi o trabalho de Alfred Hitchcock. Além de ser um dos maiores mestres do suspense, Hitchcock foi diretor de Janela Indiscreta (1954), um filme onde o personagem principal se encontra preso em um único cenário a maior parte do filme, diante de uma situação que não tem muito controle — o que até poderia levar alguns espectadores ao tédio, mas nas mãos de um grande cineasta só aumenta o tormento da audiência.

A escolha do elenco

Hoje, é difícil imaginarmos Louca Obsessão sem a Annie Wilkes de Kathy Bates — apesar de outras atrizes terem interpretado a personagem muito bem, como Lizzy Caplan em Castle Rock ou Mel Lisboa, que interpreta Wilkes na adaptação teatral brasileira atualmente em cartaz —, mas, em 1990, outro nome estava cotado para o papel. Bette Midler, que posteriormente ficaria conhecida principalmente como uma das irmãs Sanderson em Abracadabra (1993), foi chamada para interpretar Wilkes, mas achou a história “violenta demais” — e, claro, ela se arrependeu.

Apesar de oferecerem o papel a Midler, Goldman esteve com Kathy Bates em sua mente enquanto escrevia o roteiro adaptado desde o início. Bates era mais conhecida como atriz de teatro na época, e já havia participado de algumas séries de TV e filmes, mas Louca Obsessão e sua conquista do Oscar por sua interpretação de Annie Wilkes ajudaram a alavancar o trabalho da atriz.

Agora, a escolha de James Caan para interpretar Paul Sheldon foi muito mais complexa e difícil. Entre os nomes a quem o papel foi oferecido estavam Robert De Niro, Al Pacino, Dustin Hoffman, Harrison Ford, Richard Dreyfuss, Robert Redford e Michael Douglas. Todos disseram não. Ofereceram o papel a William Hurt duas vezes, e ele disse não para as duas. Warren Beatty, reconhecido por Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (1967) e O Céu Pode Esperar (1978), estava animado para interpretar Paul Sheldon, mas teve que abrir mão por causa de Dick Tracy (1990).

Nomes importantes do terror

Alguns nomes que participaram de Louca Obsessão se tornaram bem conhecidos no cinema de terror. O diretor de fotografia do longa, por exemplo, Barry Sonnenfeld, mais tarde dirigiria também os dois longas de A Família Addams, que fizeram tanto sucesso nos anos 1990. Como diretor, também foi responsável pela trilogia MIB: Homens de Preto e de dez episódios ao longo das três temporadas da série Lemony Snicket: Desventuras em Série.

Kathy Bates, também, fez alguns papéis no terror e em gêneros afins. Alguns anos depois de Louca Obsessão, esteve no filme Eclipse Total, outra adaptação de Stephen King, dessa vez do livro Dolores Claiborne. Além disso, se tornou uma das atrizes recorrentes na série.

Próteses da cabeça de Kathy Bates feitas por Howard Berger para Louca Obsessão

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Outros membros da equipe de Louca Obsessão, entretanto, já nasceram com o pé no terror, como é o caso dos responsáveis pelos efeitos especiais do filme, a equipe da KNB. Greg Nicotero e Robert Kurtzman trabalharam incansavelmente para que a famosa cena do pé de Paul Sheldon ficasse o mais real possível, com um molde bastante próximo da perna de Caan. Conta-se que Kathy Bates estava especialmente sensível ao gravar essa cena. Mas, no fim, deu tudo certo, e é uma das maiores cenas dentre as adaptações de King.

A adaptação para a broadway

Imagem da peça Misery, na Broadway, com Laurie Metcalf e Bruce Willis

Originalmente, William Goldman escreveu o roteiro de Louca Obsessão tendo em mente o teatro — e talvez por isso tenha pensado tão fortemente em Kathy Bates para o papel de Wilkes, já que ela era uma respeitada atriz teatral. Mas ainda demoraria alguns anos até que a peça adaptada do livro Misery chegasse aos palcos da Broadway.

A peça estreou somente em 2012, no teatro Bucks County Playhouse, localizado na cidade de New Hope, Pennsylvania, protagonizado por Johanna Day como Wilkes e Daniel Gerroll como Sheldon. Em 2015, a peça se instalou na Broadway, no teatro Broadhurst Theatre, e foi protagonizada por Laurie Metcalf como Wilkes e Bruce Willis como Sheldon, e ficou em cartaz até 2016. No ano seguinte, a peça começou a conquistar o mundo. 

A peça esteve em cartaz no Brasil no Teatro Tuca, em São Paulo, com Mel Lisboa interpretando Wilkes e Marcello Airoldi como Paul Sheldon, e direção de Eric Lenate.

Imagem da montagem brasileira da peça Misery, com Mel Lisboa e Marcello Airoldi

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.