A tortura e o assassinato da jovem Sylvia Likens ainda choca o mundo, mesmo passados mais de 50 anos de tais acontecimentos. A história toda é tão cruel e surreal que parece ter saído da mente perversa de algum escritor disposto a chocar os seus leitores. Infelizmente, saiu da mente sádica de pessoas capazes de fazer isso com outro ser humano.
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Explorar as profundezas da maldade humana é algo que escritores e roteiristas fazem com certa frequência e, ao se deparar com algo tão nefasto acontecendo no mundo real, pode-se seguir dois caminhos: utilizar a história como inspiração, mas alterar personagens e eventos para garantir um distanciamento mais seguro dos fatos, ou adaptar a história real, sem medo de escancarar os horrores que ocorrem de verdade.
Com o caso do assassinato de Sylvia Likens ocorreu os dois no cinema: uma adaptação do caso real e uma adaptação de um livro baseado nos fatos, escrito pelo autor Jack Ketchum. Coincidentemente, os dois longa-metragens foram lançados no mesmo ano, 2007, 42 anos após os acontecimentos verdadeiros: A Menina da Porta ao Lado e Um Crime Americano.
Conheça a seguir um pouco das duas produções:
A menina da porta ao lado
Adaptado do livro de mesmo nome de Jack Ketchum, A menina da porta ao lado altera algumas coisas da história original: são outras personagens e outro contexto, mas a crueldade e alguns detalhes da tortura são muito semelhantes ao caso de Sylvia. A história é contada do ponto de vista de um vizinho que era próximo da garota torturada, mostrando como este episódio ainda o assombra na vida adulta.
O vizinho em questão é David (Daniel Manche), que namorava Meg (Blythe Auffarth). Ela e sua irmã Susan (Madeline Taylor) vivem sob os “cuidados” de sua tia Ruth (Blanche Baker) desde que seus pais faleceram em um acidente de carro. Na história real, as meninas ficaram na casa de uma vizinha enquanto os pais estavam em turnê com o circo.
Apesar de ter uma relação diferente da história original, Ruth tem uma atitude muito parecida com a de Gertrude Baniszewski, a principal responsável pelo tormento das garotas. A dinâmica das humilhações era muito parecida: além de ela própria torturar e machucar as meninas, a mulher permite e incentiva que seus filhos e as crianças da vizinhança façam o mesmo.
Quando escreveu o livro, Jack Ketchum optou por uma versão em ficção e do ponto de vista do vizinho porque ele considerava que alguns detalhes do caso verdadeiro o deixaram horrorizado e ele não gostaria de incluir na história. Ainda assim, A menina da porta ao lado é um filme assustador, dirigido por Gregory Wilson, que tem escola no gênero do terror.
O mestre do suspense, Stephen King, afirma que se trata de um dos filmes mais chocantes que ele já viu recentemente e alerta que pessoas que são facilmente impressionáveis não deveriam assisti-lo.
Um crime americano
Esta produção tem uma proposta muito mais próxima dos eventos verdadeiros. O filme traz na trama a história de Sylvia Likens (Ellen Page) e de como ela foi torturada por Gertrude (Catherine Keener). Boa parte do roteiro foi baseada em relatórios dos julgamentos verdadeiros do caso.
Esta foi a primeira vez que o caso foi retratado em um longa-metragem. Outras tentativas de fazer um filme sobre esta história já ocorreram no início dos anos 1980, mas enfrentaram forte oposição de Jenny, a irmã de Sylvia que também morou com os Baniszewski e presenciou os horrores sofridos pela irmã. Um crime americano começou a ser desenvolvido somente após a morte dela, que ocorreu em 2004.
Desde o início Ellen Page era a escolha para o papel de Sylvia. A atriz estava em um momento crucial na carreira, tendo participado da franquia dos filmes de X-Men e acabado de estrelar Juno, que lhe rendeu uma indicação para o Oscar de Melhor Atriz. Mas quem brilhou mesmo em Um crime americano foi Catherine Keener, que interpretou a diabólica Gertrude Baniszewski. A atriz foi indicada a um Globo de Ouro e a um Emmy pela sua performance. O longa ainda conta com outros nomes conhecidos no elenco, como dos atores James Franco e Evan Peters, conhecido pelo seu trabalho em American Horror Story.
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Por causa de problemas com a distribuidora, o filme nunca chegou a ser lançado nos cinemas, indo parar diretamente na TV através do canal Showtime. Apesar disso, a produção recebeu ótimas críticas e é considerada por especialistas um dos melhores telefilmes dos últimos tempos.
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