Pennywise, de It: A Coisa, é apenas uma ficção macabra perto do palhaço Pogo, o alter ego de John Wayne Gacy. Cidadão modelo. Empresário de sucesso. Voluntário do hospital. Um dos assassinos em série mais sádicos de todos os tempos. Poucas pessoas podiam ver o monstro cruel sob a maquiagem colorida de palhaço que Gacy usava para entreter as crianças. Poucas pessoas podiam imaginar o que estava enterrado em sua casa de horrores.
O livro Killer Clown Profile: Retrato de um Assassino traz detalhes de investigações e audiências de John Wayne Gacy pela voz de quem caçou e prendeu o assassino em série brutal. Capítulo a capítulo vemos o caso se desenrolar, e as duas faces de Gacy — a do empresário bem-sucedido que ainda encontrava tempo para se dedicar aos interesses da comunidade e aquela que os psiquiatras nomeados pelo tribunal pintaram em seu julgamento — se mesclarem. Raramente é possível fazer um retrato tão profundo e fiel de um monstro.
O livro de Terry Sullivan e Peter T. Maiken, lançado pela DarkSide Books em 2019, chegou com um extra especial para os leitores brasileiros: uma galeria macabra com 31 palhaços reais e “de mentirinha” que contribuíram para o imagético sinistro em torno de um personagem universalmente conhecido. Separamos cinco palhaços citados no texto criado pelos irmãos e irmãs da fazenda Macabra.
GALERIA MACABRA DE PALHAÇOS
EM KILLER CLOWN
Lady Clown to the Ring
(Amelia Butler, 1840-?)
As famílias de palhaços geralmente não recebiam com grande entusiasmo o nascimento de uma menina, isso porque o papel de palhaço era comumente passado de pai para filho. Amelia Butler é conhecida por ser a primeira palhaça de circo norte-americana que se tem registro — e pouquíssimas vieram depois dela no século XX, algo que vem mudando apenas nos últimos anos. Em 1858, Amelia Butler interpretou uma palhaça reconhecidamente feminina enquanto estava em turnê com o Kemp’s Mammoth English Circus & JM Nixon’s Great American Circus. Em um anúncio de jornal que chamava o público para assistir à apresentação ela aparece como Lady Clown to the Ring. Infelizmente, pouco se sabe sobre sua história além disso.
Weary Willie
(Emmett Kelly, 1898-1979)
Todo palhaço, apesar de esquisito, é feliz, sorridente, alegre até o último fio de cabelo, certo? Não Weary Willie. Indo contra a tendência, Emmett Kelly criou um personagem maltrapilho que usava roupas esfarrapadas, um aceno aos moradores de rua da era da Depressão. Em 1944, um grande incêndio na tenda do circo em que se apresentava causou pânico entre os seis mil espectadores. Kelly fez tudo o que podia para ajudar a extinguir o fogo, que matou 168 pessoas e feriu outras 682. O incêndio, sem causa aparente, afetou Kelly profundamente.
Bozo
(Vários Artistas, 1949-)
Em 1949, o programa infantil do palhaço Bozo estreava na rede americana KKTV e, alguns anos depois, tornaria-se uma franquia com mais de 200 atores diferentes pelo mundo. Protótipo do palhaço, Bozo ostentava uma cabeleira ruiva, um nariz vermelho e usava sapatos enormes. Sua popularidade com as crianças era inegável, tanto que chegou a vários países. Um deles foi o Brasil, onde, além das palhaçadas, um dos intérpretes, Arlindo Barreto (de 1983 a 1986), partiu o politicamente correto em tantos fragmentos que ainda hoje se tenta juntar os pedaços. Apesar do vício em álcool e drogas que acabou por invadir a tela infantil da TVS-SBT, Arlindo inovou e conseguiu dar uma identidade genuinamente brasileira ao palhaço norte-americano, versão esta que foi considerada uma das melhores do programa.
Coringa
(Vários artistas)
Um dos personagens mais controversos das histórias em quadrinhos, o Coringa já foi interpretado por vários artistas no cinema ao longo das décadas. O filme Coringa, dirigido por Todd Phillips, chegou aos cinemas em outubro de 2019 causando muita polêmica. Entre cenas de violência e discursos do psicopata mais cruel das histórias em quadrinhos, três referências claras a John Wayne Gacy se destacam: a maquiagem do Coringa, copiada do assassino; o nome do bar onde o personagem se apresenta pela primeira vez, Pogo’s, referência clara ao nome artístico de Gacy enquanto palhaço; e a menção direta a Killer Clown nas manchetes de jornais que ganham Gotham quando Coringa comete seus primeiros assassinatos.
Twisty
(American Horror Story: Freakshow, 2014, série de Ryan Murphy)
Um desgraçado palhaço quer recuperar seus trabalhos como animador de festas infantis, mas usa métodos pouco ortodoxos para atingir esse objetivo. Twisty é um sequestrador e um assassino em série, para listar alguns de seus “talentos”. A quarta temporada antológica de American Horror Story traz John Carroll Lynch no papel sinistro.
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Leia a galeria completa em Killer Clown Profile: Retrato de um Assassino.