Uma das grandes surpresas para os fãs de terror dos últimos anos foi o lançamento da trilogia de Ti West. De repente, todos estavam de olho no diretor e no que ele faria a seguir. Até mesmo Martin Scorsese se tornou um fã dos filmes. Mas como X, Pearl e MaXXXine acabaram se consolidando como três dos grandes filmes de terror da década de 2020?
X – A Marca da Morte, o primeiro filme da trilogia — que, até então, não se sabia ser uma trilogia — foi lançado em março de 2022. Antes de sua grande estreia no circuito comercial, o filme teve seu lançamento realizado no SXSW Film Festival do dia 13 daquele mesmo mês. O filme havia sido anunciado em novembro de 2020, e tudo a respeito dele chamava atenção. Na época, Jenna Ortega e Mia Goth ainda davam seus primeiros passos como grandes estrelas dos filmes de terror, e Ti West, que estava há alguns anos afastado dos longas de terror, causou alvoroço e expectativas nos fãs do gênero.
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A carreira de Ti West
West começou no cinema como muitos cineastas: fazendo curtas e filmes de baixíssimo orçamento. Seu primeiro curta, de acordo com o IMDb, foi The Wicked, em 2001, seguido por Prey, no mesmo ano. Depois de alguns outros curtas e longas que não fizeram barulho, West chamou a atenção com o filme A Casa do Diabo, em 2009. Dirigido e editado por West, o filme era estilizado para se parecer com algo saído diretamente dos anos 1980 — tanto na maneira como foi filmado quanto na forma com que foi editado — e foi recebido com boas avaliações de críticos e fãs de terror.

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Enquanto filmava A Casa do Diabo, a equipe do filme ficou hospedada no Yankee Pedlar Inn, uma pousada em Connecticut. Lá, acabaram ouvindo histórias de que o local poderia ser assombrado, o que levou West a trabalhar em um próximo filme, Hotel da Morte, lançado em 2011. Antes dele, porém, West dirigiu a sequência do filme de Eli Roth, Cabana do Inferno 2.
West entrou em uma boa sequência de lançamentos, trabalhando nas antologias As Crônicas do Medo — primeiro filme da franquia V/H/S — e, em seguida, em ABC da Morte, ambos em 2012. Em seguida, em 2013, trabalhou em O Último Sacramento, no que seria seu último longa de terror até o lançamento de X.

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Para quem acompanhava o trabalho de West e conhecia seu potencial antes de sua trilogia, não é exagero dizer que o anúncio de X, uma produção da A24 com o cineasta que já havia mostrado do que era capaz, fez com que se criasse uma certa expectativa para esse lançamento.
Marketing certeiro
A primeira parte da trilogia, X, manteve seu enredo em segredo por um bom tempo. Conforme os nomes foram sendo anunciados, mais burburinho era gerado ao redor do filme. Mia Goth e Jenna Ortega foram as principais atrizes atreladas ao projeto, com outros nomes curiosos, como Kid Cudi e Brittany Snow, chamando ainda mais atenção para a produção.
No filme, um grupo de filmagem parte para uma fazenda isolada no interior do Texas para gravar seu filme. O que talvez os donos do local, um casal de idosos, talvez desenheçam é o fato de que o filme a ser gravado é um filme adulto. Quando são descobertos, os jovens começam a ter que lutar por suas vidas.
Entretanto, a maior surpresa relacionada a X veio no dia de seu lançamento no SXSW Film Festival. Ao final de uma sessão de perguntas e respostas, West divulgou o trailer de Pearl, que já se encontrava em pós-produção e havia sido gravado secretamente na Nova Zelândia ao mesmo tempo em que X. Mia Goth estaria à frente do projeto, reprisando um de seus papéis do primeiro filme — que, de certa forma, também era uma surpresa: muitos não sabiam que a antagonista do filme era interpretada pela mesma atriz.
Pearl foi lançado apenas alguns meses após X, em setembro de 2022, primeiro no Venice Film Festival, depois no Toronto International Film Festival, e logo em seguida no circuito comercial. Contando a história de Pearl, antagonista de X, que, assim como Maxine, também sonhava em ser uma estrela de cinema, o filme retornava à década de 1920 e carregava no visual onírico e perturbado de sua protagonista, trazendo cenas divertidas e muito bem produzidas.
Retornando às origens
Uma das coisas que mais chamou a atenção para Ti West quando ele surgiu no meio independente, ainda nos anos 2000, com A Casa do Diabo, foi sua capacidade de emular a década de 1980 de forma tão convincente em sua produção. Com o terceiro filme da trilogia, West poderia novamente navegar por essas águas.
Apesar de X e Pearl também se passarem em épocas distintas, MaXXXine estava inserido em um cenário que daria mais espaço para a criatividade de West: a Hollywood dos anos 1980. E, com certeza, essa ambientação faz toda a diferença para a produção ter chamado tanto a atenção. Apesar de tantos filmes e séries se passarem nos anos 1980 nos últimos anos — muito pelo “efeito Stranger Things” —, há um certo charme que West conseguiu trazer, assim como em A Casa do Diabo, para seu longa-metragem.
Maxine e Pearl
Um dos pontos mais altos da trilogia, porém, é o protagonismo de Mia Goth, que acabou se tornando uma grande favorita dos fãs de terror nesses últimos anos. Goth conseguiu trazer carisma e insanidade à protagonista e à antagonista da série em mesma medida, ambas sendo diferentes, porém ainda assim servindo como espelho uma da outra.
Em grande parte isso se deu porque a atriz auxiliou West no roteiro para suas personagens. Goth se deu tão bem com elas pois pode entender e trabalhar nessa construção. Deu muito certo. Pearl e Maxine se tornaram virais na internet, servindo como inspiração de fantasias de Halloween nos últimos três anos e estando em diversas montagens e listas de personagens icônicas.
Maxine, tendo iniciado sua trajetória como atriz em X, retorna no filme que leva o nome da personagem para mostrar que se tornou ainda mais durona e disposta a ser uma estrela depois do que enfrentou alguns anos antes. Suas cenas são cheias de vida e a personagem não vai ceder aos terrores de Hollywood sem lutar.
Mas MaXXXine também conta com um elenco arrasador. Além de Goth, Elizabeth Debicki, Giancarlo Esposito, Halsey, Kevin Bacon e Sophie Thatcher também compõem o time de estrelas no longa.
West conseguiu incorporar diversos detalhes das três décadas que retrata — os anos 1970, os 1920 e os 1980, respectivamente —, alternando entre tipos de filmagens e edição, mas sempre mantendo seu próprio estilo nas três produções. Apesar de funcionarem bem separadas, maratonar as três obras em sequência transforma a experiência e encaixa vários detalhes em seus devidos lugares.
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No fim das contas, mesmo que alguns fãs tenham seus filmes favoritos, a trilogia de Ti West é uma tremenda diversão. E você, qual foi seu filme favorito entre os três? Comente com a gente no Instagram e em suas redes sociais.