Zelda, o pesadelo traumático de Cemitério Maldito

Em 1989, a primeira adaptação de Cemitério Maldito imprimiu a imagem da assustadora Zelda na mente de uma geração inteira.

Maio está chegando e, com ele, o lançamento brasileiro do filme Cemitério Maldito, nova adaptação do livro de mesmo nome do grande mestre Stephen King. Em 1989, a primeira adaptação — dirigida por Mary Lambert — imprimiu imagens que ficaram na memória de muita gente. Então cá estamos para falar mais um pouco do assunto que nunca nos cansa: Stephen King, Cemitério Maldito e os anos 1980.

A década de 1980 trouxe muitos monstros e filmes memoráveis, mas poucos incutiram tantos pesadelos quanto Zelda Goldman, de Cemitério Maldito. A adaptação de um dos romances mais amados de Stephen King não poupa no horror, principalmente por conta do maldito cemitério Micmac que transforma os mortos em zumbis assassinos. Mas as lembranças assombrosas de Rachel Creed (Denise Crosby), forçada a cuidar de sua irmã moribunda durante a infância, atingiram o público em cheio. Zelda rouba as cenas de maneira horripilante e, considerando os efeitos gore usados no filme, isso foi uma enorme conquista.

Rachel e zumbi em cena de Cemitério Maldito (1989)

Mostrada principalmente em flashbacks, Zelda era o pequeno segredo sujo de treze anos da família Goldstein. Irmã mais velha de Rachel, então com 8 anos de idade, Zelda sofria de meningite espinhal, uma doença que causou deformações dolorosas na coluna de Zelda enquanto ela se perdia no quarto dos fundos, mental e fisicamente. Ela é a razão de Rachel ter tantas questões para falar sobre a morte; era ela quem cuidava da irmã no dia fatídico em que Zelda finalmente sucumbiu à sua doença. Com mais medo de contrair o que quer que a irmã tivesse do que de morrer (e uma sensação de alívio ao vê-la morrer, finalmente), a memória de Zelda aterroriza Rachel até a idade adulta.

Na adaptação de 1989, Zelda foi projetada pelo designer de efeitos de maquiagem especial Lance Anderson (The Serpent and the Rainbow, Shocker). Anderson pesquisou a meningite e os efeitos no corpo para criar a maquiagem da personagem, garantindo que a coluna fosse contorcida e rosto macilento. Zelda é uma personagem que prova que são necessários dois componentes principais para fazer uma criatura memorável: ótimo design de maquiagem e um ator competente que dê vida ao personagem.

Originalmente, o papel foi concebido para ser desempenhado por uma mulher; tratava-se de uma menina afinal de contas. Mas a diretora Mary Lambert não estava feliz com as audições para o papel, as meninas eram simplesmente muito doces e bem pouco assustadoras. Então ela decidiu lançar a rede mais longe. Ei que surge Andrew Hubastek, na época na casa dos vinte anos, e com uma convicção fortíssima de como queria representar a personagem. A voz, as características físicas e o design de Anderson culminaram em uma personagem tão horripilante que não importava quão pequena fosse para o enredo: Zelda era puro pesadelo.

Zelda em Cemitério Maldito (1989)

Lançar Hubastek acabou sendo mais do que fortuito na tela. O processo de maquiagem era muito mais trabalhoso do que uma criança provavelmente seria capaz de aturar. Levava pelo menos oito horas de aplicação das costas e parte superior do tórax, bem como o rosto e as mãos, e o trabalho era feito por duas pessoas. Isso sem contar que era pleno outono no Maine, então já estava frio pra caramba durante o processo de preparação. Hubstek filmou suas cenas por mais de dezoito horas antes de ter que passar por um processo de remoção de maquiagem que levava de seis a oito horas. Foi um processo exaustivo que o deixou pronto para arrancar a prótese de sua pele, e provavelmente contribuiu para um desempenho efetivamente tenebroso.

O trabalho de Lance Anderson em Cemitério Maldito é fenomenal, e vai além de Zelda. Havia a ideia de aumentar o interlúdio depois do desaparecimento de Jud; o roteiro pedia que Gage simplesmente cortasse a perna de Jud, então Anderson, em vez disso, pressionou pela brutal retirada do tendão de Aquiles. Seu trabalho na órbita ocular de Rachel também é digno de admiração. Mas entre todos os mortos-vivos sangrentos e assustadores da tela, a lembrança que evoca maior pavor (e, bem, insônia) é a de Zelda. Há uma perplexidade sutil diluída nela, afinal o monstro mais memorável do filme nasceu de uma doença muito real. Isso torna fácil entender por que ela nos deixou uma marca tão duradoura.

Entre o design de Anderson e o enervante desempenho de Hubastek, Zelda é um monstro real para todas as idades.

Texto traduzido e adaptado do Bloody Disgusting.

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