O inferno é uma garota adolescente: curiosidades sobre Garota Infernal

Da trilha sonora ao humor sombrio, Garota Infernal possui vários elementos de um bom filme de terror. Mas a obra de Cody e Kusama levou anos até ser reconhecida pelo público.

Dirigido por Karyn Kusama, com roteiro de Diablo Cody, Garota Infernal, hoje, foi alçado ao status de cult moderno. Mas o filme percorreu o caminho das pedras até receber seu reconhecimento. A história acompanha Needy (Amanda Seyfried), uma garota que percebe sua melhor amiga, Jennifer (Megan Fox), mudar aos poucos, diante de seus olhos, até descobrir que a jovem está possuída por um demônio.

Certa noite, ao saírem juntas para o show de uma banda, as jovens acabam vivenciando uma tragédia: um terrível incêndio toma conta do local. No meio da agitação, Jennifer acaba indo junto com a banda, deixando a amiga preocupada para trás. O que Jennifer esperava ser uma noite de curtição acaba se tornando um pesadelo, quando os jovens a usam como sacrifício para um pacto.

O sacrifício, entretanto, acaba dando errado. Jennifer não morre, mas retorna possuída. Needy percebe algo errado em sua amiga, até descobrir que ela tem assassinado garotos em sua escola. Resta a Needy tentar deter a garota.

Em meio a dramas adolescentes como popularidade e pressões sociais dignas do ensino médio, Garota Infernal ainda acrescenta os perigos sobrenaturais que somente um demônio repleto de hormônios poderia realizar.

Selecionamos algumas curiosidades sobre essa obra tão querida de Cody e Kusama. 

A roteirista: Diablo Cody

Grande parte do sucesso de Garota Infernal se deve ao talento de Diablo Cody de contar histórias instigantes e que dialogam diretamente com adolescentes e jovens adultos. Juno (2007) — escrito pela roteirista, dirigido por Jason Reitman e protagonizado por Elliot Page e Michael Cera — foi um sucesso instantâneo, arrecadando mais de $100 milhões de dólares em bilheteria. Apesar de Garota Infernal ter sido lançado somente dois anos depois e demorado alguns anos para cair nas graças do público, o roteiro foi escrito antes de Juno começar a ser gravado, ainda em 2006.

Seu título original, em inglês Jennifer’s Body, também é mérito de Cody. A roteirista retirou o nome de uma música da banda Hole, escrita por Courtney Love, que fala sobre uma garota que foi sequestrada, mantida em cativeiro, e depois desmembrada. Algumas fontes acreditam que Love tenha se baseado no sequestro real de Colleen Stan. Hole também está na trilha sonora do filme, com a faixa “Violet”, presente na cena de vingança ao final do longa.

E, assim como essa possível inspiração para a música “Jennifer’s Body”, o filme também seria muito mais trágico e sombrio, mas Cody percebeu, em meio a sua escrita, que não estava fazendo realmente um filme slasher, mas que muito de seu humor ácido estaria presente no roteiro. 

A roteirista até mesmo faz uma participação especial na cena do bar, atendendo Jennifer e Needy.

A diretora: Karyn Kusama

Kusama se tornou um dos nomes mais importantes quando pensamos em filmes de horror dirigidos por mulheres. Sua carreira inclui, além de Garota Infernal, o excelente O Convite, e um dos melhores segmentos da antologia XX.

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Tanto Kusama quanto Cody são grandes fãs de filmes de terror, e se inspiraram em filmes clássicos do gênero para criar Garota Infernal. Kusama queria tanto que a inspiração fosse sentida também pelos atores que os reuniu em seu quarto de hotel para que todos assistissem Uma Noite Alucinante 2, de Sam Raimi.

Outra referência ao clássico pode ser vista nos gostos de Needy, que possui um pôster em seu quarto e uma camiseta de Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio, primeiro longa de Raimi e antecessor de Uma Noite Alucinante 2.

As protagonistas: Megan Fox e Amanda Seyfried

Apesar de algumas fontes afirmarem que Blake Lively chegou a ser cogitada para o papel de Jennifer, optamos por acreditar em Kusama e Cody que afirmam que, desde sempre, era Megan Fox quem elas tinham na cabeça para interpretar a jovem.

Entretanto, vários nomes foram levantados para interpretar Needy, como Emma Stone, Amanda Bynes, Lizzy Caplan e Brie Larson. No final, Seyfried ficou com o papel pois, de acordo com Kusama, ela tinha algo de sonhador em seus olhos.

As duas atrizes já afirmaram que este é o filme favorito de suas carreiras. 

Uma trilha sonora digna dos anos 2000

As trilhas sonoras podem alterar completamente um filme, fazendo até que o espectador tenha uma conexão ainda maior com a obra. Garota Infernal é um desses casos.

Apelando para músicas que tocavam nas rádios de grande parte dos adolescentes dos anos 2000, com Panic! At the Disco — do qual a música presente no filme ganhou até um clipe especial —, Fall Out Boy, Florence and the Machine, Hayley Williams, Cobra Starship, Dashboard Confessional e All Time Low, até o quarto de Jennifer, em sua decoração, demonstra como a música faz parte desse universo adolescente que o filme explora.

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O próprio filme tem a presença de uma banda, e é por causa dela que a vida de Jennifer e Needy são viradas de cabeça para baixo. O papel de vocalista, interpretado por Adam Brody, chegou a ser discutido com nomes de rockstars de verdade, como Pete Wentz (Fall Out Boy) e Joel Madden (Good Charlotte).

Um grande erro de marketing

Quando Garota Infernal foi lançado no cinema, ele não fez tanto sucesso quanto era de se esperar. Somente anos depois o filme, a diretora e sua roteirista, receberam os devidos créditos e aplausos dos espectadores. 

Na época, não foi a falta de qualidade que fez com que o filme fosse recebido com críticas negativas e mornas, mas sim um erro colossal de marketing. Enquanto Cody e Kusama esperavam que o filme fosse direcionado à audiências como jovens mulheres, parecidas com Needy e Jennifer, que estivessem passando ou tivessem passado por dramas semelhantes da adolescência, o estúdio resolveu voltar suas atenções para os jovens rapazes, apelando para o sex appeal de Megan Fox.

Uma das sugestões do marketing, em especial, deixou Karyn Kusama incrédula. A ideia era que Megan Fox fizesse uma campanha com sites adultos amadores. Imediatamente Kusama negou essa possibilidade, e pediu inclusive que isso nem fosse comentado com Fox.

Como aponta Louis Peitzman no artigo You Problably Owe “Jennifer’s Body” An Apology para o Buzzfeed News, desde o início o projeto era arriscado. Um filme de terror, que já não é um gênero muito bem aceito, tratando de histórias de garotas adolescentes, que já são dificilmente levadas a sério, nasceu como um filme de risco. Mas, ao longo dos anos, esse erro foi consertado. Conforme as audiências cresceram e revisitaram o filme, mais e mais ele ganhou o coração dos fãs — principalmente de jovens mulheres que gostariam de ter prestado mais atenção a ele em seu lançamento.

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Que sorte a nossa que Garota Infernal passou a receber seus devidos créditos. O que você acha do filme? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

 

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.