Frank Zito (Joe Spinell) é um homem perturbado. Tendo passado por uma infância difícil e uma relação violenta com sua mãe, Zito cresceu e se tornou uma pessoa complexa — e maníaca. Com um temperamento assassino desde pequeno, Zito cresceu para se tornar um assassino, caçando jovens mulheres, as escalpelando e utilizando seus cabelos em manequins que guarda em seu quarto. Quando seu caminho se cruza com a fotógrafa Anna D’Antoni (Caroline Munro), Zito passa a ter sentimentos pela mulher. Seria o suficiente para parar sua fúria assassina?
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Considerado, hoje, um clássico cult, O Maníaco foi um filme decerto revolucionário. Baixo orçamento, cru, intenso, violento e com efeitos visuais assustadores para o quanto eles tinham disponível para realizar essa obra, a produção, dirigida por William Lustig, narra uma história que se tornaria comum nos noticiários nas duas décadas seguintes: havia um assassino serial à solta, e seus deslizes o fizeram ser pego. E tudo começou com os abusos sofridos por sua mãe.
Quando lançado, em 1980, O Maníaco já estava inserido no que se chamou de “era de ouro” dos serial killers. Antes de filmes como Silêncio dos Inocentes e do boom de material true crime que surgiria nos anos posteriores, O Maníaco é emblemático nesse sentido: ele mostra, com precisão, o espiral de loucura e sede de sangue pelas quais esses assassinos são enredados.
A novelização do filme, escrita por Stéphane Bourgoin e lançada no Brasil pela Macabra em parceria com a DarkSide Books, se aprofunda ainda mais nessa relação entre o serial killer ficcional e real.
Corra deste homem!
Lançado em 1980, dirigido por William Lustig, com roteiro de C.A. Rosenberg e Joe Spinell, O Maníaco entra na lista de filmes de terror dos anos 1980 feito com uma paixão arrebatadora por cinema e um orçamento bem abaixo do esperado (apenas 350 mil dólares). Apesar de críticas mistas, o filme conquistou seu caminho entre os fãs de terror, hoje sendo considerado um cult do gênero, admirado por muitos.
Por causa de seu baixo orçamento — em grande parte vindo de outro filme de Lustig, que era diretor de filmes adultos —, o filme foi gravado no estilo cinema de guerrilha. Com falta de autorizações para filmar em determinados lugares, muitas vezes as gravações eram feitas às escondidas. Uma das cenas, que envolve Tom Savini e uma espingarda, foi gravada em menos de uma hora.

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Savini, que inicialmente era apenas o responsável pela maquiagem e efeitos práticos do filme, ganhou o papel no filme por ter feito uma réplica bastante competente de sua própria cabeça. Seu assassinato foi parcialmente inspirado em um dos assassinatos cometidos por David Berkowitz, O Filho de Sam. O filme, em si, utiliza diversos elementos — naquele momento, ainda “novos” — que são frequentemente vistos quando conferirmos as histórias reais de vários assassinos seriais, como Gein e o próprio Berkowitz.
Mas há outro serial killer ainda mais presente na história de Frank Zito — pelo menos, na novelização do filme, escrita por Stéphane Bourgoin.
Das telas para as páginas
A escolha de Stéphane Bourgoin para a escrita da novelização de Maníaco é interessante. Bourgoin é um escritor francês, especializado em true crime, que está na ativa desde os anos 1990. Apresentando a si mesmo como um especialista em serial killers, Bourgoin conseguiu acesso a alguns assassinos, e fez entrevistas extensas com alguns deles, como Ed Kemper.

O contato de Bourgoin com Kemper e como isso foi uma influência em sua escrita da novelização fica bastante claro quando o autor descreve a infância de Zito, acomodado em uma cama no porão de sua casa, com as tubulações passando acima de sua cabeça, e os abusos que sofreu de sua mãe e irmãs. Detalhes que um fã de histórias true crime, e que conhece a história de Kemper, logo reconhece — a pistola de brinquedo que ganhou quando pequeno, as cabeças das bonecas da irmã arrancadas… elementos que se confundem entre a vida real de Kemper e do ficcional Frank Zito.
Bourgoin transforma Zito, na novelização, em uma versão de Kemper, mas sem apagar o que torna esse assassino tão diferente — as escalpelações. Enquanto Kemper recorria aos desmembramentos e atos necrófilos, Zito prefere arrancar os escalpos de suas vítimas. Apesar de utilizar a infância de Kemper, Bourgoin preferiu manter o período de Zito intocado e mais próximo ao filme.

Anos mais tarde, algumas histórias de Bourgoin foram questionadas e descobriu-se que ele mentiu em alguns fatos de sua biografia e de seu trabalho com serial killers, mas as entrevistas em vídeo que conduziu, como as de Ed Kemper, permanecem uma fonte importante sobre o assassino, que ainda hoje é utilizada por biógrafos e especialistas em true crime.
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A novelização de O Maníaco está em pré-venda na Loja Oficial da DarkSide Books. Junto de Maníaco, a coleção DarkRewind traz outros três clássicos oitentistas e suas novelizações: A Hora do Espanto, Basket Case e O Parque Macabro.
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