Whitechapel, segunda metade do século XIX. O fantasma da imigração paira sob a periferia londrina. O medo de que os imigrantes irlandeses, judeus, africanos, de países distantes e considerados “exóticos”, pudessem causar a destruição dos lares ingleses e roubar seus empregos estava ali. A pior invasão de lares que poderia haver: a entrada do estranho e desconhecido nas ruas familiares do bom povo da Grã-Bretanha.
Se lendo hoje em dia isso tudo parece um absurdo, não era assim na época. Os ânimos estavam exaltados contra forasteiros e imigrantes, que surgiam em grandes quantidades nos portos de Londres para tentar uma vida melhor. Esse fato, aliado ao gosto especial que a sociedade vitoriana nutria pelo sensacionalismo, logo transformou os jornais em uma atração saborosa demais para se evitar: havia um assassino estripando mulheres em Whitechapel, um dos lugares mais perigosos e infames de Londres.
Logo essa situação toda ganhou destaque. Jack se tornou um assassino procurado e deu um baile na polícia londrina, permanecendo até hoje sem identificação.
Tudo começou em 1888, nos arredores de East End. A situação política, social e cultural do local era complicada devido ao grande número de pessoas que chegavam todos os dias a Londres, em busca de emprego. A situação de bordéis e casas de “má índole” também crescia desenfreadamente.
De início, o assassino que rondava as ruas de East End não tinha um nome. Os crimes eram chamados de Crimes de Whitechapel, cometidos pelo Assassino de Whitechapel ou pelo Avental de Couro. Essa história toda de Jack, O Estripador, começou graças a uma carta recebida pela polícia — da qual não se sabe ainda hoje se foi ou não escrita por ele.
Também não se pode dizer com certeza a quantidade de crimes de Jack cometeu naquele período, visto que os crimes contra mulheres eram muito frequentes em East End. Houveram onze, entretanto, que chamaram a atenção da polícia e passaram a ser chamados de “assassinatos de Whitechapel”. Cinco desses assassinatos entraram para a história e são consideradas amplamente pelos teóricos como sendo com certeza obra de Jack, e seus nomes são relembrados com frequência como as cinco canônicas: Mary Ann Nichols, Annie Chapman, Elizabeth Stride, Catherine Eddowes e Mary Jane Kelly.
Uma das coisas que mais chamou a atenção nos crimes de Jack foi a brutalidade com que ele os cometeu. As vítimas atribuídas a ele foram descritas como tendo partes dos corpos brutalizadas, gargantas cortadas, objetos introduzidos em seus corpos. Os ataques eram sádicos e aterrorizantes de se pensar, e diferiam de outros ataques contra mulheres do período.
Outros assassinatos aconteceram ao longo dos anos seguintes das cinco possíveis vítimas de Jack, mas as investigações cessaram, principalmente por falta de fundos, em 1890.
Muito se especulou sobre quem seria Jack. Um policial cirurgião de nome Thomas Bond, certa vez, afirmou que, sem dúvida, essas cinco vítimas foram mortas pela mesma pessoa e que, da forma como foram mortas, a primeira parte a ser atingida foi sua garganta. Ao contrário do que muitos especularam, Bond não acreditava que esse assassino tivesse qualquer noção de anatomia ou algo do tipo.
Ainda hoje ninguém tem certeza de quem poderia ser Jack, O Estripador. Apesar dos muitos suspeitos, as autoridades do período discordaram sobre todos eles — e ainda hoje estudiosos e pesquisadores não entram em consenso sobre a identidade do assassino.
Jack, O Estripador, é um dos maiores mistérios de crimes reais da história. Diversos filmes foram feitos especulando-se resoluções para os assassinatos, como Do Inferno, filme de 2001, dirigido por Albert Hughes, Allen Hughes, baseado no quadrinho de mesmo nome escrito por Alan Moore e ilustrado por Eddie Campbell. Outros, se utilizam da história de Jack para criarem outros crimes, como Os Crimes de Limehouse, de 2017, dirigido por Juan Carlos Medina, que narra os crimes de um possível imitador.
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Mesmo nos dias atuais, equipes e pesquisadores se mobilizam para discutir e pesquisar quem teria sido Jack, O Estripador. Sua identidade é procurada nos mínimos detalhes. Com o avanço da tecnologia, por exemplo, novas formas de procurar evidências sempre acabam se voltando ao grande mistério: quem é Jack? em 2014, por exemplo, uma amostra de DNA encontrada foi a grande esperança para que Jack fosse descoberto. Os resultados, entretanto, permanecem inconclusivos.
Jack é uma figura que chama a atenção. Não à toa, ele tem uma seção inteira dedicada a destrinchar sua história no livro Crimes Vitorianos Macabros, de Kate Clarke, M.W. Oldridge, Neil R.A. Bell e Trevor Bond, lançamento da DarkSide Books em parceria com a Macabra Filmes.
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