Os filmes favoritos de Maynard James Keenan

Se você tivesse 24 horas para exibir seus filmes favoritos em um festival, quais seriam suas escolhas? Maynard James Keenan, vocalista do Tool, respondeu a essa pergunta em uma entrevista. Confira a lista do “Festival do Maynard”.

É sempre curioso quando entramos em contato com as listas de obras do coração de nossos artistas favoritos. Com esses títulos, podemos vislumbrar um pouco melhor quem são essas pessoas, do que eles gostam, e não raramente encontramos coisas em comum com elas.

Ao longo de União Perfeita de Elementos Contrários, a biografia autorizada de Maynard James Keenan escrita por Sarah Jensen, nós entramos em contato com boa parte da vida de Maynard. Sabemos onde viveu, onde estudou, vários pensamentos profundos e, claro, obras que o acompanharam ao longo da vida — influências musicais, literárias e até mesmo filmes que o marcaram no momento em que ele os assistiu.

Em uma conversa descontraída com o site AV Club, Maynard explora ainda mais esse seu lado cinéfilo e constrói um “festival de filmes” com 24 horas, apenas com seus filmes favoritos em exibição.  A lista, sem dúvida, é tão variada quanto a carreira de Maynard, que, além das três bandas — Tool, A Perfect Circle e Puscifer —, também já se apresentou em várias esquetes de comédia e possui uma vinícola.

A Macabra traz todos os filmes listados para sanar a curiosidade dos fãs, com as explicações do próprio Keenan do motivo de eles estarem na lista.

Viva Enquanto Puder

Bliss, 1985 // Dirigido por Ray Lawrence, adaptado do livro Bliss de Peter Carey, Viva Enquanto Puder acompanha Harry Joy (Barry Otto), que após uma experiência de quase morte, acaba refletindo se ele realmente não morreu e está vivendo no inferno quando vários problemas de sua vida começam a chegar a finais extremos. 

No Festival de Maynard, Viva Enquanto Puder seria o filme de abertura. Ele conta que alugou o filme com um amigo no colégio e os dois assistiram enquanto estavam bêbados, assistindo horrorizados e fascinados ao mesmo tempo. “O filme inteiro é como uma viagem maluca. Ele cruza gêneros o tempo todo. Foi um dos que ficou comigo”, relembra.

Veludo Azul

Blue Velvet, 1986 // Depois de voltar para sua cidade natal para ajudar seu pai a cuidar do negócio de família, Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan) acaba se envolvendo em uma investigação policial ao encontrar uma orelha humana decepada, que o leva a uma estranha viagem sobre a dona do membro perdido.

Para Maynard, o filme de David Lynch foi um verdadeiro divisor de águas em sua vida. Não somente para ele, mas para o seu grupo de amigos, que começaram a procurar obras mais experimentais depois de conferirem Veludo Azul. O artista conta que “(…) foi quando eu percebi a mudança na geração dos meus amigos, uma mudança na percepção de arte ou entretenimento ou poesia, ou o que quer que você queira chamar isso. Foi um ponto de despertar”.

Vida Sem Destino

Gummo, 1997 // Dirigido por Harmony Korine, somos telespectadores dos acontecimentos vividos pelos moradores de Xenia, Ohio, após um tornado destruir a cidadezinha. Acompanhando principalmente dois adolescentes com vidas tediosas, Solomon e Tummler, adentramos suas aventuras e conhecemos os estranhos moradores do local.

Para Maynard, Vida Sem Destino é um filme para ser assistido apenas uma ou duas vezes, porque “você não pode fazer a si mesmo assistir essa escuridão muitas vezes, porque isso pega em você e você não consegue se livrar dela”. Ao ser questionado qual seria o melhor clima para uma pessoa assistir ao filme de Korine, ele afirma que “depois de você ser demitido, ou se sua casa pegar fogo ou algo do tipo”.

Napoleon Dynamite

Napoleon Dynamite, 2004 // Napoleon Dynamite é um jovem apático que vive em Preston, Idaho, na casa de sua avó, com seu irmão de 32 anos. Certo dia, ele decide ajudar seu amigo Pedro a ganhar a eleição escolar, enquanto tenta se encontrar no mundo caótico em que vive.

Na montagem do festival de Maynard, Napoleon Dynamite. dirigido por Jared Hess, e Vida Sem Destino estão sendo apresentados logo em seguida, um junto ao outro. Para o artista, ambos os filmes são paralelos e “há personagens paralelos em cada uma daquelas situações”. Maynard afirma que “eu quase os vejo como o mesmo filme, mas com um olhar diferente e de diferentes lados da pista”.

Felicidade

Happiness, 1998 // As vidas de um grupo de pessoas aleatórias, cada um com seus problemas, se interliga de formas estranhas e únicas, provocando reações em cadeia em uma busca constante por conexões humanas.

Dirigido por Todd Solondz, Maynard gosta de personagens que tenham equilíbrio. Para ele, “é quase como Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood, em que todo mundo é péssimo e maravilhoso ao mesmo tempo. Todos têm lados interessantes, mas todos são monstros. Eles são realmente fodidos. Eu nunca vi um filme assim, exceto, como eu disse, Os Imperdoáveis”.

Videodrome: A Síndrome do Vídeo

Videodrome, 1983 // Procurando por novos programas para sua emissora de TV, Max acaba se deparando com um canal pirata com um conteúdo altamente violento. Logo, porém, ele se vê cada vez mais fazendo parte daquele universo.

Maynard relembra que assistiu ao clássico de Cronenberg, Problemas Femininos e Repo Man: A Onda Punk em um mesmo VHS que um amigo lhe deu. “Naquela época, você podia gravar três filmes em uma fita VHS e eles todos estavam meio granulados, mas você assistia do mesmo jeito.”

Problemas Femininos

Female Trouble, 1974 // Uma jovem estudante foge de casa, engravida, e acaba trabalhando como modelo para uma dupla de esteticistas que gostam de fotografar mulheres cometendo crimes.

Dirigido por John Waters, Maynard relembra que esses três filmes em particular eram como um “ataque que você não viu chegando”. Morando no interior dos Estados Unidos quando criança, as opções de cinema eram menos variadas. Mas, quando entrou na faculdade, Maynard afirma que viu um novo mundo se abrir diante dele com os filmes de Cronenberg, Lynch e Problemas Femininos.

Repo Man: A Onda Punk

Repo Man, 1984 // Dirigido por Alex Cox, o filme acompanha um jovem punk recrutado para recuperar carros acaba se metendo em uma estranha situação ao tentar recuperar um Chevrolet Malibu com algo de outro mundo em seu porta-malas. 

Ao todo, Maynard acredita ter visto Videodrome, Problemas Femininos e Repo Man cerca de cem ou cento e cinquenta vezes.

Super Tiras

Super Troopers, 2001 // Cinco policiais estaduais de Vermont tentam superar as forças policiais locais ao solucionar um crime e possivelmente desmantelar uma rede de drogas. O filme foi encenado pelo grupo de comediantes norte-americano Broken Lizard, e dirigido por Jay Chandrasekhar — também membro do grupo.

No Festival de Filmes de Maynard, já quase ao final, Super Tiras aparece como um bom alívio cômico. Para ele, “é como uma comédia de colégio escrita perfeitamente. Tem aquele humor de colégio que encaixa e todos no filme encontraram aquele personagem. Acho que eles acertaram em cheio e é um daqueles guilty pleasure pra mim. Se estou em tour, sempre tenho esse filme no iPad, no laptop ou uma versão dele em DVD no ônibus”.

A Batalha de Riddick

The Chronicles of Riddick, 2004 // Richard Bruno Riddick, um criminoso procurado, chega a um planeta e se vê no meio da disputa entre duas grandes forças. Dirigido por David Twohy, o filme é o terceiro da série de filmes As Crônicas de Riddick.

Maynard o escolheu para sua lista de festival porque Lei Li, sua esposa, odeia a produção. De acordo com ele, sempre que o filme está passando — ou qualquer uma de suas sequências —, ela faz de tudo para distraí-lo, mas acaba desistindo e saindo da sala. Maynard confessa que, na maioria das vezes, só o assiste para irritá-la.

Qualquer filme com O Denzel Washington

Maynard é um grande fã de Denzel Washington. E ele foi muito claro em sua escolha: caso tivesse um festival com seus filmes favoritos, como esse da lista, essa última sessão se chamaria “Qualquer filme com O Denzel Washington”, com ênfase no artigo, para deixar bastante claro que Denzel é realmente único.

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União Perfeita de Elementos Contrários está em pré-venda no Site Oficial da Darkside Books.  Qual filme do “Festival do Maynard” você adoraria assistir na telona? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.