Os terrores psicológicos das obras de Susan Hill

A aclamada escritora inglesa Susan Hill escreveu muitas obras poderosas e transformadoras que falam sobre abandono, morte, tirania e liberdade. Conheça a vida e a obra da autora de Eu Sou o Rei do Castelo.

Conhecida principalmente por seu livro A Mulher de Preto, que foi adaptado para o cinema, televisão, peça teatral e até mesmo uma versão para o rádio, Susan Hill é uma prolífica escritora que já deixou sua marca no thriller, horror e drama, em uma variedade de histórias. Sua escrita foca, muitas vezes, em temas sombrios como a morte, família, separação e intensa disputa mental entre seus personagens.

Em parceria com a Macabra, a DarkSide Books traz para os leitores brasileiros o livro Eu Sou o Rei do Castelouma história arrebatadora sobre domínio e omissão.

Se você ficou curioso para conhecer um pouco mais sobre Susan Hill, a Macabra te leva em um tour pela história de Susan Hill.

O começo da carreira

Nascida em  Scarborough, North Yorkshire, na Inglaterra, Susan Hill se interessou pelas letras desde muito nova, assim que começou a frequentar a escola para garotas Scarborough Convent School. Já naquela época, seus interesses principais eram a literatura e o teatro. 

Quando seus pais deixaram Scarborough — que, mais tarde, seria cenário de um de seus livros —, a autora foi transferida para uma escola de gramática em Coventry, chamada Barr’s Hill, onde recebeu sua qualificação em inglês, francês, história e latim. Posteriormente, foi para o King’s College London para fazer uma graduação em inglês.

Susan Hill por Franta Provaznik, 1988

Assim que conseguiu sua qualificação, Susan Hill já publicou seu primeiro romance, The Enclosure, pela editora Hutchinson. Em seguida, publicou seu segundo romance, em 1968, intitulado Gentleman and Ladies, e que concorreu ao prêmio John Llewellyn Rhys Prize. 

Desde então, Susan Hill emplacou um sucesso após o outro. Na esteira de Gentleman and Ladies, entre os anos de 1968 e 1974, escreveu e publicou os romances A Change for the Better, Eu Sou o Rei do Castelo, The Albatross and other stories, Strange Meeting, The Bird of Night, A Bit of Singing and Dancing e In the Springtime of the Year. Percorrendo uma variedade de temas, a carreira de Susan Hill se mostrou extremamente variada — mas, de certa forma, sempre apostando em histórias dramáticas e que continham elementos de morbidez ou suspense. 

Reconhecimento mundial

A Inglaterra tem uma vasta produção e tradição em histórias de fantasmas, e Hill encontrou seu maior sucesso neste meio. No Brasil, assim como em diversos outros países, o nome da autora correu o mundo com a adaptação cinematográfica de A Mulher de Preto, em 2012, dirigida por James Watkins e produzida pela famosa produtora Hammer. O filme foi considerado um sucesso e o mais assistido entre os filmes de terror ingleses em 32 anos. 

Com uma narrativa gótica tradicional, o livro é contado através das lembranças do passado de seu narrador, Arthur Kipps. Em uma noite de Natal com sua segunda esposa, durante uma brincadeira de contar histórias aterrorizantes, Kipps é convidado para contar a história mais assustadora que conhece. Isso o deixa irritado, e logo ele conta, através de alguns escritos, o motivo.

Cena de A Mulher de Preto (2012), filme dirigido por dirigida por James Watkins e protagonizado por Daniel Radcliff.

Quando ainda era um jovem advogado, Kipps foi enviado até a cidadezinha de Crythin Gifford para lidar com os documentos de uma mulher reclusa. Lá, ele se encontra com terrores absolutos que mudarão sua vida para sempre.

Um clássico do gótico moderno, A Mulher de Preto foi publicado pela primeira vez em 1983, e se tornou uma obra amplamente conhecida. Entrando para o rol de grandes histórias misteriosas, como Rebecca, de Daphne Du Maurier, e Assombração da Casa da Colina, de Shirley Jackson, Susan Hill escreveu seu nome na memória do horror e dos clássicos do gótico moderno.

Cena da adaptação teatral The Woman in Black, em 2017, com direção de Robin Herford.

Na Inglaterra, a obra é uma das mais prestigiadas, e sua adaptação teatral por Stephen Mallatratt é a segunda peça que está há mais tempo em cartaz no país — ficando atrás somente de A Ratoeira, de Agatha Christie. 

Eu Sou o Rei do Castelo

Mas perde muito quem imagina que somente em A Mulher de Preto encontrará uma narrativa singular e extremamente tensa. Uma grande escritora de suspense, ela já demonstrou outras vezes que sabe utilizar um bom mistério e uma sensação constante de horror para prender seus leitores. Um dos exemplos é Eu Sou o Rei do Castelo.

Publicado originalmente em 1970, o livro narra a disputa entre Edmund Hooper e Charles Kingshaw, dois garotos que são forçados a conviver sem que seus pais tenham muita consciência do que acontece entre eles. 

Na história, Edmund é filho de Joseph Hooper, que herdou uma grande propriedade, denominada Warings, com a morte de seu pai. Afastado de Londres e vivendo sozinho com o filho e uma cozinheira, Joseph logo pensa em contratar uma governanta para cuidar da casa e de Edmund enquanto ele está fora a negócios. Então, depois de colocar um anúncio em um jornal, ele troca cartas com Helena Kingshaw, viúva e mãe de Charles. Ambos pensam que seria bom que as crianças tivessem a companhia uma da outra, e logo fica acertado que Helena e Charles se mudariam para Warings.

A realidade, entretanto, é bem distante dessa vontade de união que os dois adultos têm em mente. Edmund é um garoto egoísta e que não quer dividir sua casa. Territorialista e invejoso, ele fará de tudo para transformar a vida de Charles em um inferno. Charles, por sua vez, tem uma natureza apática. Seu maior interesse é passar despercebido, sem conseguir revidar os ataques de Edmund. Mas, logo, percebe que precisa tomar uma atitude.

Filme francês levemente baseado no livro de Hill, Eu Sou o Senhor do Castelo foi lançado em 1989 com direção de Régis Wargnier.

O livro serviu levemente de inspiração para o filme francês Eu Sou o Senhor do Castelo, de 1989, dirigido por Régis Wargnier, com uma série de diferenças entre ambas as histórias, mas mantendo a essência — de rivalidade e o caráter duvidoso e terrível de Edmund, que aqui se chama Thomas — e o enredo principal.

Eu Sou o Rei do Castelo apresenta uma história que pode agradar aos fãs de O Senhor das Moscas e Quando os Adams Saíram de Férias, graças à dinâmica e a crueldade infantil presente em suas páginas. Menos explícito que estes dois, o livro tem sua crueza e sua maldade exposta de outra forma: nem sempre as crianças são inocentes, e a manipulação pode ser ainda mais mortal que a violência física. Em um lugar que os adultos não se importam com o que as crianças façam, coisas terríveis podem acontecer a qualquer momento.

Premiações

Susan Hill já concorreu e ganhou diversas premiações do ramo literário. Em 1972, ganhou o Whitbread Novel Award com The Bird of Night do qual também concorreu ao Booker Prize, chegando a entrar na shortlist do prêmio. Ainda em 1972, ganhou o John Llewellyn Rhys Prize com o livro The Albatross. Com o livro Eu Sou o Rei do Castelo, conquistou o Somerset Maugham Award  em 1971.

Em 2012, foi nomeada Comandante da Ordem do Império Britânico, e em 2020 Dama Comandante da Ordem do Império Britânico. Essa honraria, entregue pelo governo do Reino Unido, é destinada a pessoas que muito respeitadas em seus determinados campos. No caso de Hill, conquistou a honraria no campo da literatura.

Com tantas conquistas e uma literatura tão extensa, não deixe de conhecer um dos maiores livros de Susan Hill, que chega aos leitores brasileiros com o capricho das edições da DarkSide Books em parceria com a Macabra. Eu Sou o Rei do Castelo, de Susan Hill, está disponível em pré-venda no Site Oficial da DarkSide Books.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.