Oren Peli tinha somente um sonho, uma câmera, um grande medo de fantasmas e um orçamento de 15 mil dólares. Mas, ainda assim, conseguiu emplacar um dos maiores sucessos da década de 2000: Atividade Paranormal, que logo se tornou uma franquia com vários filmes e derivados.
Como toda boa franquia, suas sequências apresentam altos e baixos, mas para os fãs do terror recente, que cresceram na primeira década do novo milênio, é difícil encontrar um que não tenha se divertido — ou morrido de medo — com pelo menos um desses filmes.
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A história que orienta os filmes da franquia, em si, é bastante simples: há um espírito aterrorizando os moradores de alguma residência, e eles resolvem utilizar câmeras de segurança para descobrir mais sobre o que está havendo. Se valendo do subgênero found footage, Atividade Paranormal chamou a atenção dos fãs e da crítica em seu primeiro filme, fazendo com que as atenções se mantivessem na franquia por um bom tempo. Junto de A Bruxa de Blair, que foi uma das inspirações de Peli, Atividade Paranormal sempre aparece em rankings e listas de filmes found footage entre os mais lembrados do subgênero.
Atividade Paranormal se tornou uma franquia rentável graças, também, ao baixo orçamento de suas produções, ajudando a formular o modelo que a Blumhouse adotaria no seu começo como produtora de terror. Seu filme mais caro, Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma, custou dez milhões de dólares, e sua bilheteria mais alta chegou a pouco mais de 200 milhões de dólares.
O início de tudo
Diferente de alguns outros roteiristas e cineastas, Oren Peli nem sempre foi um grande ás do terror. Na verdade, quando mais novo, Peli era um medroso — e contou em entrevistas que até mesmo Os Caça-Fantasmas o deixava com medo. Depois de mais velho, porém, começou a perceber que poderia utilizar esse medo de alguma forma produtiva.
Quando resolveu começar a criar Atividade Paranormal, Peli também iniciou uma série de pesquisas relacionadas ao ocultismo, demonologia e fenômenos paranormais. Ele levou um ano preparando sua própria casa — pintando, arrumando paredes, e até mesmo construindo uma escada! — para poder gravar seu filme. Para o primeiro Atividade Paranormal, Peli utilizou o mesmo recurso que Eduardo Sánchez e Daniel Myrick em A Bruxa de Blair, e deixou que seus atores não ficassem presos em um roteiro. A eles era passado um guia de acontecimentos, e eles reagiam a isso, improvisando as falas.
Diferente de diversos projetos de baixo orçamento, em que amigos costumam ajudar o diretor fazendo os papéis de destaque, Peli na verdade fez audições com algumas pessoas. Katie Featherston e Micah Sloat fizeram seus testes separados, e não se conheciam antes de aceitarem os papéis. Ambos receberam 500 dólares para fazer o filme.
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O filme foi um estouro, o que fez com que logo fosse adquirido pela Paramount, que transformou Atividade Paranormal em franquia, e segue lançando filmes desde 2007. Depois da aquisição da Paramount para os outros filmes, outros diretores assumiram a direção das sequências. Peli continuou como produtor, acompanhando o desenvolvimento dos novos títulos de perto. Abaixo, listamos todos os filmes que compõem a franquia Atividade Paranormal.
Atividade Paranormal
Paranormal Activity, 2007 // Escrito, dirigido, produzido e editado por Oren Peli, Atividade Paranormal foi o pontapé inicial da franquia (que, até então, ninguém imaginava se tornar a série de filmes que se tornou). No filme, um jovem casal, Katie e Micah (os atores utilizaram seus próprios nomes no filme, assim como em A Bruxa de Blair), se mudaram para uma casa nos subúrbios para construírem sua vida, mas há uma presença estranha no local. Acostumados a fazer gravações caseiras, eles resolvem utilizar câmeras de segurança durante a noite para ver o que está causando as perturbações. Katie admite para Micah que, quando mais nova, sentia uma presença estranha em sua casa. Micah, de início cético, começa a perceber também que coisas estranhas estão acontecendo. Logo as coisas pioram, e eles precisarão de ajuda para entender o que há de errado.
O filme contou com um orçamento de 15 mil dólares originalmente, mas quando foi comprado pela Paramount acabou ganhando cenas adicionais, incluindo um novo final, que custaram outros 200 mil dólares. Mundialmente, Atividade Paranormal conseguiu a soma de cerca de 193 milhões em bilheteria.
Atividade Paranormal 2
Paranormal Activity 2, 2010 // O casal Daniel (Brian Boland) e Kristi (Sprague Grayden), junto de sua filha Ali (Molly Ephraim), o bebê Hunter e o cachorro da família, além da babá Martine (Vivis Cortez), se mudam para uma nova casa. Durante a noite, o local é invadido. Curiosamente, porém, não houve nada levado do local. Tentando descobrir o que pode ter sido isso, e temendo que os invasores voltem, Daniel instala câmeras de segurança pela casa. Martine desconfia que há algo de errado com a energia da casa, e avisa aos donos do lugar que talvez haja espíritos ali, o que gera desgosto em Daniel. Martine acaba indo embora, mas os problemas da família estão apenas começando. Conforme os dias passam, os fenômenos começam a ficar mais perigosos, colocando todos em risco.
O filme serve de prequel ao primeiro, sendo ambientado dois meses antes dos acontecimentos de Atividade Paranormal e contando a história de como a entidade teria ido até Katie (que, ao longo da história, descobrimos ser irmã de Kristi). Dirigido por Tod Williams, com roteiro de Michael R. Perry, Christopher Landon e Tom Pabst, contou com um investimento maior, de 3 milhões de dólares, conseguindo uma bilheteria mundial de cerca de 177 milhões. Recebeu críticas mistas de público e crítica, mas conquistou seus fãs.
Atividade Paranormal 3
Paranormal Activity 3, 2011 // Ambientado em 1988, o filme acompanha Katie e Kristi em seu primeiro encontro com o demônio conhecido como Tobi, que as persegue nos dois primeiros filmes. Na história, Kristi (Jessica Brown) e Katie (Chloe Csengery), junto de sua mãe Julie (Lauren Bittner) e o namorado dela Dennis (Chris Smith), vivem na Califórnia. Conforme as duas garotas têm visões e se encontram com o demônio, Dennis fica preocupado e instala câmeras pela casa para entender melhor o que está havendo, e conta com a ajuda de seu amigo Randy (Dustin Ingram) para isso. Randy, porém, também acaba se encontrando com Tobi, e logo descobre que a casa em que estão tem um passado bastante macabro.
Dirigido por Henry Joost e Ariel Schulman, com roteiro de Christopher Landon, Atividade Paranormal 3 é uma prequel para os dois primeiros filmes. É frequentemente colocado ao lado do primeiro como os melhores filmes da franquia. Contou com um investimento de 5 milhões e conseguiu cerca de 207 milhões em bilheteria pelo mundo, sendo a maior bilheteria da franquia.
Atividade Paranormal 4
Paranormal Activity 4, 2012 // Atividade Paranormal 4 é ambientado cinco anos depois dos eventos do segundo filme, em 2011. Dessa vez, a história é focada nos irmão Alex (Kathryn Newton) e Wyatt (Aiden Lovekamp), e em Ben (Matt Shively), namorado de Alex. Coisas estranhas começam a acontecer na casa de Alex e Wyatt conforme um garotinho assustador que se mudou para o outro lado da rua, chamado Robbie (Brady Allen), começa a frequentar o local. Alex conta com câmeras de dispositivos móveis, como celulares, notebook e até mesmo de um aparelho de videogame, para poder acompanhar o que está acontecendo. Novamente, Katie (Katie Featherston) é a conexão dos eventos deste filme com o restante da franquia.
Dirigido por Henry Joost e Ariel Schulman, dupla responsável por Atividade Paranormal 3, também foi escrito por Christopher Landon, a partir de um argumento criado por Chad Feehan. O filme também teve um orçamento de 5 milhões de dólares mas, comparado com o anterior, fez bem menos bilheteria mundialmente do que o previsto, com cerca de 142 milhões.
Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal
Paranormal Activity: The Marked Ones, 2014 // Ambientado em 2012, a história segue Jesse (Andrew Jacobs), que vive com seu pai, sua irmã e sua avó na Califórnia. Aproveitando o verão e o fato das aulas terem acabado, Jesse compra uma câmera usada para gravar momentos aleatórios com seus amigos, Hector (Jorge Diaz) e Marisol (Gabrielle Walsh). No apartamento abaixo ao de Jesse vive Ana (Gloria Sandoval), uma mulher que todos afirmam ser uma bruxa. Quando Ana é encontrada morta, Jesse e Hector acreditam que o responsável seja Oscar (Carlos Pratts), seu colega de classe, pois o viram deixar o local. Invadindo o apartamento de Ana, os dois jovens encontram resquícios de coisas obscuras para a prática de feitiçaria, uma fita VHS e um estranho livro. Os adolescentes tentam um ritual para se comunicar com uma entidade, mas algo dá errado e coisas estranhas começam a acontecer. Logo, os fenômenos tomam conta da vida de Jesse, e eles terão que encontrar uma forma de deter o que quer que esteja causando isso.
Dentro da lógica da franquia, Marcados pelo Mal não é uma sequência nem uma prequel. Tecnicamente, ele é considerado um tipo de “primo”, meio como um galho que sai do tronco da franquia principal. Dirigido e escrito por Christopher Landon, que trabalhou nos três filmes anteriores a esse de Atividade Paranormal. Assim como outros filmes da franquia, o filme recebeu um orçamento de 5 milhões, mas começou a decair de audiência, conquistando uma bilheteria mundial de somente cerca de 90 milhões. Comparado com os mais de duzentos milhões que o terceiro filme fez, nota-se que Atividade Paranormal começou a ter problemas.
Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma
Paranormal Activity: The Ghost Dimension, 2015 // O filme, ambientado em 2013, acompanha uma nova família, os Fleege, que se mudaram para uma casa em Santa Rosa na Califórnia e descobriram várias fitas VHS do começo dos anos 1990. Em uma dessas fitas, podemos ver alguns dos rituais que Katie e Kristi fizeram e contataram Tobi. A família começa a ser perturbada por uma entidade demoníaca quando, aparentemente, as atenções se voltam a Leila (Ivy George), pois ela nasceu no mesmo dia que Hunter (o bebê de Atividade Paranormal 2). Além das fitas comuns, a família encontra um gravador que pode tornar visível atividades sobrenaturais na casa.
Dirigido por Gregory Plotkin, o argumento para a história foi criado por Brantley Aufill, Jason Pagan e Andrew Deutschman, com o roteiro escrito por Pagan, Deutschman, Adam Robitel e Gavin Heffernan. A quantidade de roteiristas pode demonstrar o interesse da Paramount e dos produtores em fazer o filme dar certo, mas vindo de uma leva de cinco anos consecutivos lançando filmes, era de se esperar que a franquia Atividade Paranormal estivesse precisando, na verdade, de férias.
Outro problema foi o acordo que a Paramount fez. Disponibilizando o filme em VOD (on demand, em canais online) somente dezessete dias depois de sua estreia em cinema, isso prejudicaria as estreias. No acordo, a Paramount daria parte dos lucros aos cinemas que aceitassem manter Dimensão Fantasma na grade de seus grupos, mas muitos cinemas se recusaram ao acordo. O filme, que custou 10 milhões de dólares, o mais caro até então, faturou somente cerca de 78 milhões, o rendimento mais baixo desde o primeiro filme em 2007.
Atividade Paranormal: Ente Próximo
Paranormal Activity: Next of Kin, 2021 // O mais recente, e até o momento o último, filme lançado da franquia Atividade Paranormal foi Atividade Paranormal: Ente Próximo. Na história, acompanhamos Margot (Emily Bader), uma mulher que se ressente de seu passado, tendo sido abandonada por sua mãe quando ainda era um bebê. Margot, ao fazer algumas pesquisas, descobre que seu passado está ligado a um estranho homem chamado Samuel (Henry Ayres-Brown), que vive em uma comunidade Amish. Com seus amigos Chris (Roland Buck III) e Dale (Dan Lippert), Margot parte até o local isolado para fazer um documentário, na tentativa de descobrir mais sobre si mesma, seu passado, e os motivos que levaram sua mãe a abandoná-la.
Dirigido por William Eubank, Ente Próximo trouxe Christopher Landon de volta aos roteiros da franquia. O filme estava programado para ser lançado nos cinemas em outubro de 2021, mas por causa da pandemia de Covid, acabou sendo adiado, até que a decisão tomada foi lançá-lo diretamente no streaming da Paramount. De vendas para casa, o filme conquistou cerca de 80 mil dólares, com um orçamento de 5 milhões. As críticas, também, não foram boas, e mesmo Jason Blum, produtor da franquia, afirmou que não estava contente com o caminho que Atividade Paranormal estava tomando.
Bônus: Atividade Paranormal em Tóquio
Paranormal Activity 2: Tokyo Night, 2010 // Nem remake, nem reboot, nem sequência, e nenhum tipo de familiar próximo, Atividade Paranormal em Tóquio é um filme independente, escrito e dirigido por Toshikazu Nagae. Apesar de não ter ligação canônica com a franquia, o filme seque os eventos do primeiro Atividade Paranormal. Na história, uma jovem chamada Haruka Yamano (Noriko Aoyama) retorna para casa, no Japão, depois de um acidente de carro nos Estados Unidos. Com várias fraturas, Haruka conta com a ajuda do irmão Koichi (Aoi Nakamura) e de seu pai. Quando o pai vai viajar, e Haruka e Koichi estão sozinhos, eles notam coisas estranhas acontecendo. Koichi crê que há um espírito na casa, e Haruka conta a ele que, no acidente que se envolveu, ela havia se encontrado com Katie, uma mulher que havia assassinado o namorado.
Diferente do que estamos acostumados, onde os norte-americanos gostam muito de utilizar filmes japoneses para fazer remakes que se passam nos Estados Unidos, Atividade Paranormal em Tóquio é um ponto fora da curva. Além disso, o filme funciona como uma duologia, visto que, no acidente de Haruka, Katie foi morta, logo ela não poderia ter participado de alguns dos eventos de outros filmes da franquia.
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Não sabemos qual o futuro de Atividade Paranormal. Talvez tenhamos mais filmes no futuro, mas de acordo com a fala de Blum, aparentemente a Blumhouse está interessada em outros projetos.
E você, assistiu a todos os filmes de Atividade Paranormal? Qual o seu favorito?