Testemunhem: retrospectiva da franquia Mad Max

Com a chegada do filme Furiosa aos cinemas brasileiros, a Macabra relembra a história da franquia Mad Max e te ajuda a se preparar para encarar o deserto pós-apocalíptico.

Clássico dos anos 1970 e 1980 e considerado por muitos uma das maiores trilogias de ação da história, Mad Max, de George Miller, se tornou influência para muitos filmes que vieram depois dele. O primeiro filme, de 1979, chamou a atenção por seu baixo orçamento e qualidade técnica, enquanto os outros se mostraram à altura do sucesso. Nos anos 2010, uma nova incursão ao universo pós-apocalíptico construído por Miller, Estrada da Fúria, nos levou a conhecer novos personagens carismáticos e aterrorizantes. 

Agora, a saga ganha uma nova história. Furiosa, uma das personagens favoritas da franquia, ganha um filme para contar seu passado. Para se preparar para a nova aventura, que chegou aos cinemas brasileiros no dia 23 de maio, a Macabra relembra os filmes anteriores e te conta alguns segredos das produções.

Mad Max

Mad Max, 1979 // Em um futuro não muito distante (em relação ao lançamento do filme, já que os acontecimentos do primeiro Mad Max se passam em meados dos anos 1980), a Austrália sofre com o colapso da sociedade. A escassez de petróleo e ecocídio levaram a um aumento da criminalidade e desespero da população. Entre os que lutam para sobreviver, há também aqueles que se aproveitam da situação para causar terror. Em meio a isso tudo, apenas um grupo policial se mantém diante do serviço, a Patrulha da Força Principal (MFP, Main Force Patrol). 

Após uma série de problemas causados por um grupo de motoqueiros, incluindo sérios ferimentos em um amigo, Max (Mel Gibson) se sente desanimado em relação à força policial e resolve tirar uns dias de folga e viajar com a esposa e o filho. Porém, o grupo não se esqueceu de Max, e resolve retaliar, levando à morte de sua família. Então, Max abandona o instintivo para se vingar do grupo de motoqueiros.

O filme foi dirigido por George Miller, que coescreveu o roteiro com James McCausland a partir de uma história pensada por Miller e Byron Kennedy. Miller era um médico em Sydney, e trabalhava na ala de emergência, encarando diversos casos graves que chegavam a ele; além disso, tendo crescido na área rural, Miller vira muitos acidentes causados em estradas. Essas foram as bases iniciais para o que viria se tornar Mad Max.

Miller conheceu Kennedy quando estava em residência no hospital de Sydney em 1971. Ambos produziram um curta, intitulado Violence in the Cinema, Part 1, que ganhou prêmios em festivais por onde passou; oito anos mais tarde, ambos trabalharam novamente em Mad Max. Percebendo que muitos roteiristas norte-americanos eram também jornalistas, Miller contratou McCausland, o editor de finanças no jornal The Australian em Melbourne.

A maioria dos carros utilizados no filme foram modificados de alguma forma, ou para parecerem usados ou para parecerem já ter estado em acidentes anteriores. Ao todo, 14 carros foram destruídos nas filmagens, incluindo o carro do próprio Miller, uma van azul na sequência de abertura. 

Miller, aliás, foi um dos maiores investidores de seu filme. Com um orçamento entre 350 e 400 mil dólares, a maior parte foram das finanças pessoais do cineasta, que considera a filmagem de Mad Max uma “filmagem de guerrilha” — não havia autorizações de filmagens nas estradas, a equipe simplesmente fechava alguns trechos, e eles não possuíam walk talks, porque a frequência era a mesma da polícia.

Apesar de não ter sido considerado um grande sucesso pela crítica, Mad Max atraiu o público. Na Austrália, fez cerca de 5 milhões em bilheteria, e 10 milhões mundialmente, o que levou o filme ao Guiness como a maior proporção entre bilheteria e orçamento de qualquer filme. O filme só perdeu seu lugar com o lançamento de A Bruxa de Blair.

Mad Max 2: A Caçada Continua

Mad Max 2, 1981 // Max segue em sua viagem no mundo pós-apocalíptico, após ter perdido sua esposa, vagando sem rumo na companhia de seu cão e buscando meios de sobreviver. Como o petróleo se tornou um item de luxo difícil de ser conseguido, muitos estão atrás da preciosidade. Max acaba encontrando uma pequena refinaria, com um grupo de sobreviventes, mas a situação se complica quando ele descobre que o local está sitiado pelo chefe de um bando, chamado Lord Humungus (Kjell Nilsson). Entre momentos de risco à própria vida pelo petróleo e se aliando a saqueadores que encontra pelo caminho, Max terá que sobreviver aos perigos do deserto de um mundo semidestruído.

Ao New York Times, Miller contou que a experiência com o primeiro filme o deixou um pouco infeliz, porque após a realização, ele perdeu completamente o controle do que tinha criado — talvez, em partes, porque o filme foi completamente redublado ao inglês norte-americano —, mas que todos estavam na expectativa para uma sequência, então ele embarcou nessa.

Inspirado nos trabalhos de Carl Jung e de Joseph Campbell — deste último, principalmente o livro O Herói de Mil Faces é citado por Miller — e pelo cineasta Akira Kurosawa, Miller contratou Terry Hayes para escrever o roteiro. Hayes já havia se unido a Miller para trabalhar no filme Roxanne, que não chegou a sair da etapa de roteiro. Brian Hannant foi chamado como corroteirista e assistente de direção.

Mad Max 2: A Caçada Continua teve um orçamento bem superior ao primeiro filme, com cerca de 5 milhões de dólares investidos. Sua bilheteria na Austrália dobrou em relação ao primeiro filme, conquistando 10 milhões. Mundialmente, o filme fez cerca de 35 milhões de dólares em bilheteria. 

Mad Max: Além da Cúpula do Trovão

Mad Max Beyond Thunderdome, 1985 // Vagando sozinho pelo deserto pós-apocalíptico, Max encontra a cidadela de Bartertown. Quem comanda o local é Tia Entity (Tina Turner), e ela está disposta a entrar em um acordo com Max e deixá-lo ficar se ele realizar uma missão a ela. Bartertown funciona a partir de uma refinaria de metano liberado pelas fezes de suínos comandada pelo anão Master, que utiliza Blaster como guarda costas e locomoção. Tia quer que Max acabe com Blaster, para poder controlar Master. Quando está prestes a realizar o serviço, Max percebe que Blaster é menos perigoso do que aparenta, e se nega a cumprir o acordo, sendo destinado a vagar pelo deserto amarrado a um cavalo. Somente quando o cavalo perde suas forças e cai, Max se liberta. Quando Max encontra um grupo de sobreviventes, composto apenas por crianças e adolescentes, ele terá que retornar a Bartertown.

George Miller se divertindo no set de filmagens de Mad Max: Além da Cúpula do Trovão

Byron Kennedy, que esteve ao lado de Miller desde o começo da carreira de cineasta quando este ainda era médico, faleceu em 1983 com um acidente de avião. Miller ficou bastante entristecido com a notícia, e não pensava em retomar Mad Max sem Kennedy. Para a realização do terceiro filme, contou com a ajuda de George Ogilvie, que codirigiu a produção. 

Com a presença de Tina Turner no elenco, o filme contou com duas músicas da artista na trilha sonora: “One of the Living”, que toca na sequência de abertura, e “We Don’t Need Another Hero (Thunderdome)”, que toca nos créditos finais. Ambas as músicas ficaram em lugares altos nas paradas de sucesso, e “One of the Living” levou o prêmio no Grammy na categoria de Melhor Performance Feminina de Rock. 

O filme teve um orçamento de 10 milhões de dólares, e fechou com a bilheteria geral de cerca de 36 milhões. 

Mad Max: Estrada da Fúria

Mad Max: Fury Road, 2015 // Com um passado conturbado e ciente que, no mundo em que vive, dificilmente poderá salvar aqueles que ama, Max (Tom Hardy) vaga pelo deserto, sobrevivendo sozinho, evitando confrontos, tentando passar despercebido. Entretanto, ao se deparar com um grupo de fugitivas da cidadela de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), comandadas por Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), Max é forçado a se envolver na luta dessas mulheres contra Joe. Joe, temendo a perda de suas esposas e de uma de suas melhores combatentes, parte com seu exército para capturá-las para si novamente.

A ideia de Estrada da Fúria estava com Miller desde o final dos anos 1980. O filme chegou a entrar em pré-produção em 1998, com Mel Gibson atrelado ao projeto e o nome de Sigourney Weaver para a personagem que viria a ser Furiosa, mas foi postergado devido ao desastre de 11 de Setembro, a guerra do Iraque e aos acontecimentos escandalosos envolvendo o astro da trilogia original, Mel Gibson — Gibson esteve envolvido em acusações de antissemitismo, racismo e homofobia entre 1990 e começo dos anos 2000.

Depois de 30 anos desde o último filme da trilogia original, Estrada da Fúria finalmente foi lançado em 2015, com Tom Hardy no papel principal de Max e Charlize Theron como Furiosa. No elenco ainda estão Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Rosie Huntington-Whiteley, Riley Keough, Zoë Kravitz, Abbey Lee e Courtney Eaton. O filme foi um sucesso estrondoso, alcançando um novo público e chamando a atenção da imprensa e da audiência. Nomeado em dez categorias do Oscar, Mad Max: Estrada da Fúria venceu seis delas: Melhor Montagem, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Com um orçamento de cerca de 185 milhões de dólares, o filme conquistou uma bilheteria impressionante de mais de 380 milhões.

Furiosa: Uma Saga Mad Max

Furiosa: A Mad Max Saga, 2024 // Furiosa (interpretada na infância por Alyla Browne e por Anya Taylor-Joy quando adulta) vive sua vida criada por mulheres em coletividade em Green Place — um local que, com discrição, consegue manter uma vida relatividade agradável no deserto pós-apocalíptico, contando com colheitas e energia eólica e solar. Mas, certo dia, ela é capturada e retirada de seu lar.

As intenções de Miller eram gravar Furiosa e Estrada da Fúria ao mesmo tempo no começo dos anos 2010, mas não foi possível. Quase dez anos depois, o cineasta retorna com uma nova história para o universo de Mad Max, focado em Furiosa, uma das personagens mais queridas do público na franquia. Lachy Hulme interpreta Immortan Joe, e Chris Hemsworth interpreta um personagem que ainda não conhecemos, chamado Dementus.

Confira o trailer abaixo.

O filme estreou dia 23 de maio no Brasil e, ainda que seja cedo para dizer, de acordo com o público e algumas críticas, parece estar incrível. 

Você já assistiu Furiosa: Uma Saga Mad Max? O que achou? Qual o seu filme favorito da franquia? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.