Quase nenhum outro gênero é tão bom em se aprofundar no nojo além do terror. Da visão de um zumbi comendo um intestino humano ao som de uma serra cortando um osso, o terror tem o dom de causar profundos sentimentos de aversão aos seus espectadores.
Em Anatomia do Nojo, o escritor William Ian Miller se aprofunda nesse sentimento, que pode atingir as pessoas de formas tão diferentes. Afinal, o que afeta você pode não afetar o outro, apesar de termos algumas noções básicas de situações nojentas e tabus sociais impostos a respeito do que devemos considerar nojentos.
Mas há um tipo de filme em que o nojo pode ser, também, bastante divertido e causar algumas risadas — nem que seja pelo absurdo da situação. Os filmes trash são ótimos exemplos disso. Apostando no absurdo e no baixo orçamento, esses filmes lidam com situações que dificilmente seriam aceitas no mainstream. Ao longo dos anos, a nomenclatura foi abraçada por um público mais amplo, e acabou se tornando, para muitos, sinônimo de filmes ridículos e efeitos especiais malfeitos.
Utilizando a obra de Miller como guia, a Macabra listou cinco filmes em uma “escala do nojo” para você que está curioso de como esse sentimento age em alguns de nossos filmes favoritos. Nem todos eles podem ser considerados trash, mas todos, com certeza, são absurdos e muito divertidos.
Respire fundo, deixe o caminho até o banheiro livre (só por precaução) e confira cinco filmes bem nojentos que adoramos.
Escala 1: Planeta Terror
Planet Terror, 2007 // Acho que podemos começar a lista com um filme menos nojento, não é? Mas, ainda assim, Planeta Terror tem cenas dignas de se dizer um “ew” bem alto e sentir aquele arrepio na espinha tão típico do nojo. Dirigido por Robert Rodriguez, acompanhamos alguns sobreviventes depois que uma arma biológica experimental é lançada e pessoas começam a se transformar em criaturas semelhantes a zumbis. Com Rose McGowan, Freddy Rodríguez, Josh Brolin, Bruce Willis, Tom Savini e Fergie, Planeta Terror foi lançado com À Prova de Morte, de Tarantino, e ambos fazem parte do projeto de double feature chamado Grindhouse. Os efeitos do filme foram feitos pelo grupo KNB. Na escala macabra de nojo, Planeta Terror ocupa 1 de 5.
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Escala 2: Seres Rastejantes
Slither, 2006 // Piorando um pouquinho a escala de nojo, Seres Rastejantes é um bom candidato a ocupar o nível 2 de 5. Depois que um meteorito vindo do espaço atinge Wheelsy, na Carolina do Sul, organismos parasitas começam a entrar em contato com os cidadãos da cidadezinha, transformando-os em criaturas monstruosas. As criaturas monstruosas, porém, são realmente nojentas. E, vamos ser sinceros, só o nome Seres Rastejantes já causa um arrepio de nojo, né? Dirigido por James Gunn, o filme conta com Nathan Fillion, Elizabeth Banks, Michael Rooker e a narração de Rob Zombie. Os efeitos de Seres Rastejantes foram produzidos pela equipe do Masters FX.
Escala 3: Fome Animal
Dead Alive, 1992 // Após ser mordida por um macaco no zoológico, a mãe de Lionel (Timothy Balme) fica doente. Mas não uma doença comum: uma coisa nojenta e com apetite para carne crua. Conforme a epidemia se espalha, Lionel terá que lidar com o caos, com a cidade de pernas para o ar e com sua mãe causando terror. Dirigido por Peter Jackson, Fome Animal tem algumas ótimas cenas já clássicas dos filmes de horror nojentos. Na escala do nojo da Macabra, merece ficar no nível 3 de 5 — muito graças às cenas com o bebê. Alguns nomes dos efeitos especiais que participaram de Fome Animal são Allan Burne (Hellraiser II), Stuart Conran (Todo Mundo Quase Morto) e Tania Rodger (da Weta Workshop, responsável, entre outros, por 30 Dias de Noite). O próprio Peter Jackson auxiliou na criação de miniaturas para o uso de stop motion.
Escala 4: Trash – Náusea Total
Bad Taste, 1987 // Sim, o começo da carreira de Peter Jackson foi algo notável. Emplacando o segundo filme na lista, que podemos considerar um nível 4 de 5 na escala do nojo da Macabra, está Trash – Náusea Total. Derek (o próprio Jackson) e seus amigos estão tentando descobrir o que aconteceu com alguns moradores de sua cidadezinha, que desapareceram, quando descobrem uma estranha conspiração alienígena, que está transformando os humanos em comida. Os efeitos especiais do filme e a maquiagem foram feitas por Jackson, que teve como assistente Cameron Chittock.
Escala 05: Pink Flamingos
Pink Flamingos, 1972 // O filme Pink Flamingos constantemente aparece em listas de “filmes mais perturbadores” e afins, mas talvez o sentimento que permeia o filme não seja tanto o de ser perturbador, e sim a capacidade de provocar o nojo. Citado por William Ian Miller em Anatomia do Nojo, em uma das notas sobre coprofagia (ingestão de excrementos), já podemos notar, por aí, o que nos espera com esse filme. Na história, Divine (Divine) vive em um trailer com sua família, e mantém o título de “pessoa mais suja da terra”. Quando o casal Connie (Mink Stole) e Raymond Marble (David Lochary) desafiam Divine pelo título, a competição toma rumos inesperados (ou esperados, né, olha o tipo de competição). Dirigido pelo mestre da subversão John Waters, entregamos a Pink Flamingos o nível 5 de 5 na escala do nojo da Macabra. Tecnicamente, não há equipe de efeitos especiais no filme. Tudo o que você vê, é o que é.
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