Quando pensamos em bruxas, algumas imagens surgem em nossos olhos: mulheres mais velhas e ameaçadoras que vivem nas florestas e sequestram crianças, ou mulheres muito bonitas dispostas a enfeitiçar pessoas que realizem todos os seus desejos. Desde as histórias da Mamãe Gansa ou dos contos de fadas dos Irmãos Grimm as bruxas fazem parte do imaginário popular de formas bem diversas. A imagem criada dessas mulheres na literatura e, mais adiante, no cinema, condiz bem pouco com a realidade de mulheres que foram perseguidas e acusadas de bruxaria desde o final da Idade Média.
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Inegavelmente foi a partir dessas imagens que algumas bruxas ficaram tão marcadas em nossa memória. Em 1939, com o lançamento de O Mágico de Oz, baseado no livro de L. Frank Baum, a Bruxa Má do Oeste se tornou uma das primeiras e mais importantes bruxas no cinema: sua pele esverdeada e seu nariz pontiagudo seria relembrados por muitas gerações. Na mesma década, dois anos antes, tivemos a Rainha Má da Branca de Neve, uma mulher bela mas cruel, disposta a tudo para se manter como a mais bonita do reino. O que começou com a Rainha Má virou uma tradição nos estúdios Disney de mulheres e homens feiticeiros, com histórias adaptadas de contos de fadas, que causaram medo e terror em crianças do mundo inteiro, mas sempre com um final feliz para os mocinhos.
A história das bruxas no cinema sofreu uma série de mudanças depois da década de 1930. O terror, principalmente, ganhou várias novas facetas dessas personagens, e muitas delas se tornaram icônicas para os fãs. Listamos as sete bruxas e covens mais memoráveis para você se sentir enfeitiçado.
Eva Ernst
Convenção das Bruxas, 1990 // Quem cresceu nos anos 1990 deve se lembrar com terror e assombro de Anjelica Huston na pele de Eva Ernst, a Grande Bruxa de Convenção das Bruxas. O filme, que é uma adaptação do livro de mesmo nome de Roald Dahl, com roteiro de Allan Scott e direção de Nicolas Roeg, se tornou figurinha carimbada na Sessão da Tarde e mexeu com uma geração. Luke (Jasen Fisher) é um garotinho que acabou de perder os pais. Ao viajar com sua avó Helga (Mai Zetterling) para um hotel, descobre uma macabra convenção de bruxas. Eva Ernst, ou a Grande Bruxa, era a bruxa mais poderosa entre elas. As bruxas no filme são retratadas carecas, com dentes protuberantes e terrivelmente más. O filme recebeu um remake em 2020, dirigido por Robert Zemeckis, mas não foi bem recebido pela crítica ou pelo público.
Sarah, Nancy, Rochelle e Bonnie
Jovens Bruxas, 1996 // Uma das coisas que mais queremos na adolescência é pertencer a um grupo que sinta e passe por experiências semelhantes às nossas. Quando Sarah (Robin Tunney) se muda de escola e conhece Nancy (Fairuza Balk), Rochelle (Rachel True) e Bonnie (Neve Campbell), ela acreditou ter feito amigas para sempre. E melhor: amigas mágicas. As quatro eram parte importante de equilíbrio para o coven, cada uma com seu elemento, cada uma com um ponto cardeal. Mas a ambição e a negligência muitas vezes atrapalham nossos planos. Jovens Bruxas é um filme que ficou marcado na memória dos adolescentes dos anos 1990. Em Jovens Bruxas, a bruxaria tem ligação com o paganismo e a natureza, distante da concepção de nakdade e satanismo em alguns outros filmes do período. O filme recebeu uma sequência em 2020, intitulada Jovens Bruxas: Nova Irmandade.
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Irmãs Sanderson
Abracadabra, 1993 // Salem foi palco de uma das perseguições mais controversas da América do Norte. Mais de duzentas pessoas foram acusadas, das quais 19 foram executadas por enforcamento. Quando pensamos em Salem, imediatamente pensamos em seu passado, e muitas obras utilizaram o local como cenário. É o caso de Abracadabra. Sem citar especialmente os acontecimentos da década de 1690, a história se concentra em três bruxas fictícias: as irmãs Sanderson, Winifred (Bette Midler), Sarah (Sarah Jessica Parker) e Mary (Kathy Najimy). Ao serem executadas por bruxaria em praça pública, as irmãs lançaram uma maldição, dizendo que retornariam se um virgem acendesse a vela de chama escura de sua casa. Quem comete o erro é o jovem Max (Omri Katz), que acabou de se mudar para a cidade. Junto de sua irmãzinha, Dani (Thora Birch), e a Allison (Vinessa Shaw). As irmãs Sanderson seguem outro tipo de bruxaria, mais ligada ao pacto do demônio, como era o imaginário do século XVII. Uma sequência do filme está em andamento, ainda sem data de estreia e detalhes da trama.
Sabrina Spellman
O Mundo Sombrio de Sabrina, 2018-2020 // Em seu aniversário de 16 anos, Sabrina (Kiernan Shipka) precisa fazer uma escolha complicada: escolher o mundo bruxo, que é o mundo de sua família, ou escolher o mundo humano, junto de seus amigos. A série, que terminou na quarta temporada, conta sobre as escolhas e desventuras de Sabrina Spellman. Baseada nos quadrinhos da Archie Comics, Sabrina já apareceu outras vezes na TV. Na década de 1990, Sabrina, a Aprendiz de Feiticeira era uma atração comum nas casas dos adolescentes. Melissa Joan Hart interpretava a aprendiz de feiticeira e a série era mais focada nas aventuras de Sabrina enquanto tentava lidar com sua adolescência. A série recente, entretanto, foca na bruxaria e nos apresenta uma versão de bruxas mais ligadas ao diabo, como a bruxaria vista em Abracadabra.
As Três Mães
Suspiria, 2018 // Três bruxas antigas e poderosas, cada uma vivendo em um lugar distinto — Roma, Friburgo e Nova York —, as Três Mães são conhecidas como Mater Suspiriorum, a mãe dos suspiros; Mater Tenebrarum, a mãe das trevas; e Mater Lacrymarum, a mãe das lágrimas. A mitologia Três Mães originalmente surgiu no filme A Mansão do Inferno, de 1980, e faz parte de uma trilogia, que se inicia com o filme Suspiria (1977), e se encerra com e O Retorno da Maldição: A Mãe das Lágrimas (2007). Foram criadas por Daria Nicolodi e Dario Argento, a partir da seção chamada “Levana and Our Ladies of Sorrow”, do poema de Thomas de Quincey, Suspiria de Profundis. No remake de Suspiria, lançado em 2018 e dirigido por Luca Guadagnino, a história das Três Mães é agrupada em um único filme e sofre algumas alterações, explorando melhor a personalidade e os poderes das três entidades.
Os Castevets
O Bebê de Rosemary, 1968 // Em primeira instância, O Bebê de Rosemary é um filme sobre a vinda do anticristo à vida. Mas, quem ajuda a pavimentar o caminho para a chegada do diabo são os vizinhos de Rosemary, Minnie (Ruth Gordon) e Roman Castevet (Sidney Blackmer), e essa estrada é construída através de bruxaria das mais pesadas. Rosemary (Mia Farrow) e seu marido, Guy (John Cassavetes), se mudam para uma antiga construção gótica conhecida como Bramford. Hutch, amigo do casal, informa a eles que o local guardava estranhas histórias de feitiçaria e cultos ao demônio. Quando Rosemary engravida, após uma noite bastante conturbada e sonhos terríveis com Guy e o casal do apartamento ao lado, as coisas vão de mal a pior, tanto com a saúde de Rosemary quanto em seus relacionamentos com o marido e os vizinhos. O filme foi baseado no livro de mesmo nome de Ira Levin.
Thomasin
A Bruxa, 2015 // Em um período histórico complicado, em que ser mulher poderia te colocar em uma série de encrencas — de ser expulsa do seu vilarejo e forçada a viver como pária até ser queimada em praça pública —, a família de Thomasin se vê enredada em uma teia de paranóia e terror quando partem para viver suas vidas em uma casa isolada do mundo. Depois do desaparecimento do filho mais novo da família, ainda bebê, as coisas começam a piorar cada dia mais, intensivamente. No meio disso tudo se encontra Thomasin, uma garota em pleno amadurecimento, que se vê cercada das piores acusações da própria família. Thomasin pode não se perceber bruxa desde o começo da narrativa, mas é sua jornada que se destaca aqui — além, claro, de toda a historicidade e pesquisa conduzida por Robert Eggers, que recria com maestria o cenário e o clima da época.
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