Nós somos as estranhas, senhor: 7 curiosidades de Jovens Bruxas

Mesmo depois de 25 anos, Jovens Bruxas continua conquistando o coração de fãs, com sua história envolvente de amizade e bruxaria. Confira 7 curiosidades sobre a produção.

Alguns filmes têm o poder de nos marcar profundamente. Suas tramas, seus personagens, sua trilha sonora e os temas abordados dialogam diretamente com seus espectadores, fazendo com que se tornem sucessos instantâneos — senão de crítica, ao menos na memória de seus fãs. Mesmo depois de anos que foram lançados, continuamos os assistindo, nos lembrando deles com carinho, como se eles tivessem alguma mágica.

Foi esse fenômeno que deu a Jovens Bruxas um lugarzinho na galeria de “filmes imortais”. Lançado em 1996, com direção de Andrew Fleming, história de Peter Filardi e um roteiro dividido por ambos, o filme conquistou (e ainda conquista) o carinho de adolescentes e adultos ao longo desses 25 anos desde seu lançamento.

Sarah Bailey (Robin Tunney) acaba de se mudar e começa a estudar em uma escola Católica. Lá, enfrentando as dificuldades de ser a garota nova, acaba chamando a atenção de um trio excêntrico: Nancy (Fairuza Balk), Rochelle (Rachel True) e Bonnie (Neve Campbell). O grupo de amigas estava mesmo aguardando um quarto componente, que pudesse se juntar a elas para que pudessem reunir todo o seu poder e serem bruxas completas. Com a chegada de Sarah, isso parece mais possível. Mas, Sarah tem um talento natural, e isso começa a colocar em risco a natureza dessa amizade, de interdependência.

O filme tocou em temas importantes para os adolescentes, como a amizade e a toxicidade de relações, aceitação com o próprio corpo, classes sociais e racismo. Para continuar a mostrar o lado mágico (e às vezes infernal) da adolescência, em 2020 um reboot de Jovens Bruxas foi lançado: Jovens Bruxas – Nova Irmandade dividiu opiniões, mas reciclou as temáticas e personagens do original para chegar a uma nova geração.

Para quem está morrendo de saudade deste filme, listamos sete curiosidades sobre o clássico teen dos anos 1990, Jovens Bruxas. Relaxem, é só magia.

Magia de verdade

Uma das coisas que mais chamou a atenção em Jovens Bruxas foi a sensibilidade com que seus temas foram representados. Muitos jovens se viram nas telas, e muitos deles realmente se sentiram abraçados pelo oculto, de forma ou de outra.  Conta-se que uma bruxa de verdade foi contratada para ajudar no filme. Pat Devin, conhecida como Alta Sacerdotisa da Aliança da Deusa, foi contratada como consultora para que o filme ficasse ainda mais real. Devin, que era Wicca, ajudou a coordenar os feitiços e falas para que tudo desse a sensação de que a magia ali fosse verdadeira.

Enquanto fazia pesquisas para seu papel, Balk acabou se familiarizando com a loja Panpipes Magickal Marketplace, uma loja em Hollywood que vende itens pagãos e de bruxaria. Apesar dos boatos e do interesse de Balk no tema, ela nãon tinha nenhuma religião na época.

Divindade de mentira

Mesmo com tantos detalhes reais sobre bruxaria, a equipe de criação de Jovens Bruxas optou por uma divindade inventada. Manon, que as garotas invocam com seus poderes e a quem se voltam em busca de sabedoria, não existe.

A intenção do filme era se manter o mais próximo possível da feitiçaria, e não ofender ninguém que seguisse alguma religião ligada a ela. Então, para evitar que alguém se sentisse prejudicado com sua divindade retratada no filme, eles preferiram criar uma figura própria. Em entrevista ao site HuffPost, Fleming afirmou que “Eu queria que os Wiccanos vissem e dissessem: ‘Sim, isso não é ofensivo para mim. É assim que é’.”

Papéis disputados

O papel de Sarah Bailey foi disputado. Enquanto alguns afirmam que Angelina Jolie, Scarlett Johansson e Alicia Silverstone chegaram a fazer testes para os papéis, outros dizem que elas somente foram nomes considerados para estar na pele de Bailey. O fato é que Robin Tunney foi a escolhida. Tunney teve que usar uma peruca ao longo de todo o filme, pois teve que raspar o cabelo para seu papel anterior, Império dos Discos – Uma Loja Muito Louca (1995, dir. Allan Moyle).

No geral, o elenco principal levou nove meses para ser escolhido. O primeiro papel que teve um nome ligado a ele foi o de Rochelle, que ficou com Rachel True. Nenhuma das atrizes do elenco principal eram realmente adolescentes. True era a mais velha delas. Apesar de querer muito o papel, o agente de True não conseguiu que ela fosse escalada. Então, ela encontrou outro agente que queria representá-la e apresentou sua proposta: ele poderia ser seu agente se conseguisse esse papel para ela. E deu certo.

O racismo contra Rochelle

No roteiro, de início, Rochelle sofreria de um transtorno alimentar. Mas depois que Rochelle foi contratada para o filme, o roteiro fosse alterado para que seu problema fosse sofrer com o racismo. True não sabia que a trama de Rochelle havia mudado até depois do lançamento do filme, e estava insegura sobre a questão. Mas, mais tarde, achou importante que o filme tratasse desse ponto.

Entretanto, a própria Rachel True sofreu um apagamento infeliz durante o período de marketing do filme. Anos depois que o filme foi lançado, Rachel se abriu sobre o que sofreu na época, contando como costumava ser ignorada pelos materiais promocionais e de eventos. Foi excluída de coletivas de imprensa, até que uma de suas amigas do elenco ligassem para o estúdio pedindo que ela fosse incluída. Naquele ano, ela foi a única das quatro atrizes a não ser convidada para o MTV Movie Awards. 

Cobras e Lagartos

A fauna e a flora são elementos importantes da magia natural. No filme, quando algo não ia bem, animais peçonhentos entravam em cena para demonstrar que algo na magia estava comprometido, moralmente ou malignamente. Em uma das cenas, mais de 3000 cobras foram utilizadas, incluindo jibóias, cobras d’água, pítons, e raras cobras albinas.

Apesar dos insetos também serem reais na cena em que eles estão em Nancy, eles foram inseridos digitalmente.

Plágio?

De acordo com Andrew Fleming, a série Charmed (que, no Brasil, também recebeu o título de Jovens Bruxas), bebeu até demais da mesma fonte do filme. Ainda na entrevista com o Huffpost, Rachel True acredita que Charmed realmente roubou alguns detalhes de Jovens Bruxas. O mesmo cover de The Smiths de “How Soon Is Now”, pela banda Love Spít Love, foi usado em ambas as produções, além da fonte do título.

Uma sequência planejada

Fleming chegou a escrever o roteiro de um piloto e de uma sequência para Jovens Bruxas, mas nenhum deles foi aprovado. Ele queria algo ainda na escola das garotas, mesmo que sem elas, sobre “o legado do que aquelas quatro meninas fizeram na escola”. Na entrevista com o Huffpost, feita em 2016, Fleming afirmou que ficaria muito feliz que um remake fosse feito. O reboot realmente aconteceu: Jovens Bruxas: Nova Irmandade, dirigido por Zoe Lister-Jones, foi lançado em 2020 — e, apesar de não focar na escola do nosso quarteto preferido, seu título em inglês é The Craft: Legacy.

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Se você gosta de bruxaria, já deve estar sabendo do lançamento mais macabro do ano. Em Grimório das Bruxas, Ronald Hutton explica como foi o processo para que a magia e a feitiçaria se tornassem um dos inimigos do estado durante os séculos XVI e XVII. O livro está em pré-venda na Loja Oficial da DarkSide Books nas versões Moon Edition e Witchcraft Edition. Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.