8 filmes de terror recentes da América Latina

A produção audiovisual da América Latina anda lado a lado com o terror. Confira oito produções recentes de alguns países de língua espanhola da América do Sul.

Compreende-se por América Latina grande parte do território da América do Sul e da América Central, com países que falam as línguas românicas — português, espanhol e francês. Nisso, 20 países podem ser considerados latino-americanos:  Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

Além da língua e do território, outra coisa une esses países: sua história é repleta de exploração e horror, domínio violento e medo. E apesar desses serem ingredientes que tornam o terreno do gênero de terror muito fértil, a indústria de cinema aterrorizante tem florescido mais somente nos últimos anos. 

Os países com a maior quantidade do que podemos chamar de uma tradição de horror são México, Brasil e Argentina — com México e Brasil tendo nomes antigos no cinema de gênero, como Carlos Enrique Taboada e Zé do Caixão. Em relação ao restante da América Latina, a produção de cinema tem sido generosa — com narrativas sociais, tradições locais típicas e ousadia nos formatos.

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A Macabra listou oito filmes de países da América Latina, focando nos países de língua espanhola, para conhecer um pouco mais desse cinema que tem encontrado portas abertas no nosso continente. 

A Chorona

La Llorona, 2019 // A lenda da Chorona é uma velha conhecida nos países de língua espanhola da América Latina. Nos últimos anos, a lenda chamou a atenção de Hollywood. Dos últimos filmes lançados sobre ela, entretanto, o que mais chama a atenção é o guatemalteco A Chorona, dirigido e escrito por Jayro Bustamante, com Lisandro Sanchez como co-roteirista, que entrou para a pré-lista aos indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. No filme, baseado nos massacres reais e brutais contra o povo maia, o ditador Enrique Monteverde (baseado na figura de Efraín Ríos Montt e interpretado por Julio Diaz) está sendo julgado pela chacina, enquanto se resguarda em sua casa com sua família. Entretanto, quando chega a nova empregada doméstica (María Mercedes Coroy), uma série de estranhos acontecimentos tomam conta do lugar. Uma crítica potente, A Chorona explora uma das facetas mais obscuras da história compartilhada pela maior parte dos países da América Latina: as ditaduras e massacres que ocorrem há séculos. 

A Casa Lobo

La Casa Lobo, 2018 // Dirigido por Joaquín Cociña e Cristóbal León, este filme de horror em stop motion, que compartilha a nacionalidade chilena e alemã, é baseado em relatos reais. No filme, Maria é uma jovem que, para evitar a punição de deixar escapar três de seus porquinhos de estimação de uma colônia religiosa alemã, acaba escapando para a floresta. Conhecendo as lendas que rondam o local, de um possível lobo mal que mora por ali, ela se refugia em uma estranha casa. Lá, encontra dois de seus porquinhos que, aos poucos, se transformam em humanos. O cenário de Maria é baseado na história da Colonia Dignidad, uma colônia alemã no Chile, criada após os conflitos da Segunda Guerra Mundial, que ficou conhecida por suas torturas e mortes de dissidentes, liderada pelo nazista  Paul Schäfer durante a ditadura de Pinochet nos anos 1970. 

Mortes na Matinê

Al morir la matinée, 2020 // Uma coprodução entre Argentina e Uruguai, Mortes na Matinê foi dirigido por Maximiliano Contenti, quem também teve a ideia original para o filme, e escrito por Manuel Facal. No filme, que se passa em Montevideo em 1993, a estudante de engenharia Ana assume as responsabilidades de seu pai, projecionista em um cinema de rua que já teve dias melhores. Mas Ana é ignorante quanto ao que está acontecendo lá embaixo, na sala de exibição: um assassino está acabando com a vida de um por um dos espectadores. Inspirado nos giallos italianos e nos slashers norte-americanos, Mortes na Matinê é um filme divertido, que ganhou o prêmio de Melhor Filme Ibero-Americano Fantástico no Curtas Festival do Imaxinario de 2020. 

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Los que vuelven

Los que vuelven, 2019 // Em 1919, na América do Sul, a mulher de um fazendeiro quer desesperadamente uma criança sua, mas já sofreu uma série de abortos espontâneos. Então, recorrendo às suas últimas esperanças, ela faz uma prece a uma entidade para reviver seu último filho morto. A criança volta, mas a que preço? Dirigido por Laura Casabe, este filme argentino traz uma questão já antiga no terror: devemos mesmo acordar os mortos por nossos próprios propósitos? 

O Fio Invisível

Distancia de rescate, 2021 // Uma jovem mulher chamada Amanda está passando por dores terríveis. Um garota, chamado David, a questiona sobre o que aconteceu com ela. Ela não é sua mãe, e ele não é seu filho, mas algo os une naquele momento. Juntos, eles irão revelar uma estranha história sobre almas dilaceradas, um terror invisível, catástrofes climáticas e laços que unem pais e filhos. Dirigido por Claudia Llosa, o filme é uma produção conjunta entre Peru, Chile, Espanha e Estados Unidos da América e adapta o livro Distância de Resgate de Samanta Schweblin, um dos grandes nomes da literatura de terror contemporânea da América Latina. 

Matar al Dragon

Matar al Dragon, 2019 // A trágica história de dois irmãos separados quando crianças. Elena, a mais nova, vive na escuridão, com uma vida miserável. O mais velho, Facundo, vive em plena luz, trabalhando como médico, casado e com duas filhas. Mas, depois de 25 anos separados, eles precisarão se encarar e encarar o próprio passado. Outra produção argentina para nossa lista, o filme foi dirigido por Jimena Monteoliva.

Como Matar a Besta

Matar a la Bestia, 2021 // Dirigida por Agustina San Martín, essa produção que divide as nacionalidades chilena, brasileira e argentina é lida como um gótico em terras tropicais. Na história, Emilia viaja para o hotel de sua tia, que fica na fronteira entre Argentina e Brasil, para encontrar seu irmão. Mas no local, cercado por florestas, vive uma fera que consegue se transformar em diversos animais diferentes.

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Diablo Rojo PTY

Diablo Rojo PTY, 2019 // Um motorista de ônibus — um tipo de ônibus enfeitado tradicional do Panamá, chamado Diablo Rojo —, seu ajudante, um padre e dois policiais caem vítimas de um estranho feitiço. Quando ficam perdidos em algum lugar na selva de Chiriquí, eles percebem que a vida deles está correndo grave perigo. Dirigido por Sol Charlotte e J. Oskura Nájera, este é o primeiro filme de terror do Panamá. 

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.