Os quadrinhos da EC Comics foram responsáveis por inspirar muitas produções posteriores do terror — direta ou indiretamente. Criado por Bill Gaines e Al Feldstein e publicado entre os anos de 1950 e 1955, uma das séries de maior sucesso da editora foi Tales from the Crypt. Dela, nasceu a série de TV dos anos 1980 que deu vida ao Guardião da Cripta e suas histórias assustadoras.
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Além de várias antologias de terror, como Creepshow, e alguns grandes nomes do gênero, como Stephen King, Tales from the Crypt — tanto os quadrinhos quanto a série de TV — também renderam alguns outros produtos. Um deles foi o filme Os Demônios da Noite, protagonizado por Jada Pinkett Smith, Billy Zane e William Sadler, que conta a história de demônios que estão em busca de uma chave poderosa.
A Macabra relembra Os Demônios da Noite e te conta detalhes da produção.
Um spin-off
Baseado nos quadrinhos da EC Comics de mesmo nome, a série Tales from the Crypt — em português intitulado como Contos da Cripta — esteve no ar entre os anos de 1989 e 1996. Apresentado pelo Guardião da Cripta, uma figura esquelética e com um humor ácido de causar inveja, a série teve 93 episódios divididos entre 7 temporadas. A série fez um sucesso considerável e ainda é muito querida entre os fãs de terror. Sendo uma produção da HBO, um canal de TV a cabo naquela época, a emissora cedeu em muitos pontos em relação à censura, então muitos episódios eram bastante explícitos — o que, aliado com os roteiros infames e divertidos, deram uma longa vida ao programa.
No começo dos anos 1990, os produtores ficaram interessados em criar três filmes spin-off para a série. O primeiro desses filmes seria Os Demônios da Noite (no original Tales from the Crypt Presents Demon Knight). Lançado em 1995, com direção de Ernest R. Dickerson a partir de um roteiro de Ethan Reiff, Cyrus Voris e Mark Bishop.
O diretor
Dickerson ficou conhecido principalmente por suas colaborações com Spike Lee, sendo diretor de fotografia em alguns de seus filmes, incluindo o filme estudantil da tese de mestrado do cineasta, Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut Heads, de 1983. Posteriormente, trabalhou com Lee também em Faça a Coisa Certa (1989). Como diretor, Dickerson dirigiu seu primeiro longa em 1992, Uma Questão de Respeito, protagonizado por Omar Epps e Tupac. Posteriormente, dirigiu também Bones, o Anjo das Trevas (2001), além de alguns episódios de séries, como Criminal Minds, Masters of Horrors, A Escuta, entre outros.
Guardião da Cripta apresenta
O filme começa e termina como os episódios da série: o Guardião da Cripta (dublado em inglês por John Kassir), faz uma breve introdução sobre o tema do que estamos prestes a assistir no prólogo, e fecha a história no final. Aqui, porém, o Guardião da Cripta assume o papel de diretor do filme. No prólogo, ele nos conta que está gravando uma produção chamada Demon Knight, e ao final ele comparece à premiere (mas não entraremos em muitos detalhes para não darmos nenhum spoiler).
O enredo
O Guardião da Cripta nos conta que está dirigindo um filme, e o que se passa em seu filme é o que vemos nos próximos minutos em tela. Na história, Frank Brayker (William Sadler) é um homem com um artefato importante, uma chave que faz parte de um conjunto desses objetos que carregam o sangue de Cristo. Demônios soltos no mundo procuram essas chaves para se tornarem mais poderosos. Essas chaves estão espalhadas pelo mundo e não podem ser reunidas, mas há um demônio que assumiu a forma humana, chamado Colecionador (Billy Zane), disposto a perseguir cada uma delas.
O Colecionador tem perseguido Brayker por uma longa distância, e está quase colocando suas mãos nele quando Brayker decide revidar, protegendo a si e aos habitantes de uma pequena pousada do confronto contra o Colecionador.
Jada Pinkett Smith
A representação negra nos filmes de terror sempre foi complicada, principalmente entre os anos 1980 e 1990. Um dos estereótipos mais difundidos nos slashers, os filmes que impulsionaram a indústria nesse período, era da pessoa negra sempre sendo uma das primeiras a morrer. Os Demônios da Noite foi um dos únicos a quebrar essa ideia.
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Jada Pinkett Smith interpretou Jeryline, que também está na pensão onde Brayker se esconde contra a busca do Colecionador. No filme, ela é uma das poucas a chegar ao final com vida, e acabou se tornando o rosto a ser lembrado da produção. Posteriormente, Jada Pinkett Smith também esteve em outro filme de terror bastante icônico do período, na cena de abertura de Pânico 2 — mas dessa vez ela não sobrevive tanto quanto merecia.
Não foi um sucesso comercial
Apesar da popularidade da série Contos da Cripta, o filme derivado não foi um sucesso. Talvez porque tenha sido lançado já quase ao final da série, ou talvez porque não tenha, realmente, chamado a atenção dos fãs naquele momento. Com um orçamento de 12 milhões, o filme fez apenas cerca de 21 milhões na bilheteria de seu lançamento — o que não é um fracasso colossal, mas pode ser considerado um fracasso pela visão dos produtores. A média na crítica também não foi das melhores.
Outros dois spin-offs eram planejados para Contos da Cripta, e nenhum deles chegou a ser concretizado completamente. O primeiro seria sobre zumbis em New Orleans, chamado Dead Easy, e o terceiro seria chamado Body Count. Ao invés disso, em 1996 foi lançado o filme O Bordel de Sangue, também com a participação do Guardião da Cripta. Dirigido por Gilbert Adler, o foco dessa vez são os vampiros.
Alguns boatos contam que os produtores da Universal, naquele momento, pensaram em inserir tanto o filme Os Espíritos, de Peter Jackson, quanto Um Drink no Inferno, de Quentin Tarantino, como parte do universo do Contos da Cripta, mas O Bordel de Sangue foi escolhido entre eles — o que talvez não tenha sido muito sábio, já que acabou se tornando um filme bastante obscuro, e poucos se lembram da produção.
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