Quando criaram Halloween: A Noite do Terror, em 1978, John Carpenter e Debra Hill não imaginavam o sucesso instantâneo que o filme teria, e nem quantas outras obras seriam inspiradas por ele. Grande parte desse sucesso se deu na dinâmica Loomis-Myers-Strode, a perseguição desenfreada do assassino mascarado, a babá que ousa sobreviver, e o médico que tem o poder para deter que mais tragédias aconteçam.
Halloween se tornou um fenômeno, e logo alcançaria o status de franquia de sucesso. Antes, porém, há um filme que interrompe a saga de Michael Myers: Halloween III: A Noite das Bruxas.
Dirigido por Tommy Lee Wallace, produzido por Carpenter e Hill e lançado em 1982, o filme conta a história de Daniel (Tom Atkins) e Ellie (Stacey Nelkin), duas pessoas que acabam descobrindo os planos malignos da empresa Silver Shamrock: dominar o mundo a partir das máscaras de Halloween que, até o momento da festa especial, estaria presente na maioria das casas do país. Tentando salvar seus entes queridos de mortes terríveis, os dois se aventuram até a cidade de Santa Mira para deter Cochran, a mente por trás da ideia diabólica.
O filme da franquia Halloween sem Michael Myers não foi bem aceito de início, mas acabou conquistando seu séquito de fãs ao longo dos anos. A Macabra reuniu algumas curiosidades sobre a produção para você que, assim como Tommy Lee Wallace e John Carpenter, queriam algo ousado na série de longas e aceitou de coração aberto esse rumo inesperado.
Michael Myers
Quando planejou Halloween, John Carpenter imaginava que Michael Myers apareceria apenas no primeiro filme. Não que Halloween fosse ser encerrado no primeiro longa, mas é que os planos do cineasta eram outros: para Carpenter, Halloween seria uma antologia, com cada filme com uma história diferente.
Os planos foram alterados depois do sucesso do primeiro Halloween, quando os produtores pediram (com bastante entusiasmo, aliás), que Carpenter continuasse utilizando a figura de Myers. Carpenter até tentou encerrar de vez as atividades do serial killer (e de Loomis) assassinando os personagens na sequência, mas não deu certo. Então, quando A Noite das Bruxas estreou, todos esperavam que Myers aparecesse de novo, o que fez com que o filme não se saísse tão bem em sua estreia. Desinteressado de trabalhar novamente com a figura de Myers, Carpenter acabou vendendo os direitos da franquia e, quando o quarto filme estreou, o serial killer e Loomis retornaram.
Mas, mesmo assim, Michael Myers faz uma pequena aparição em A Noite das Bruxas. Durante uma cena, por volta dos 21 minutos, o assassino mascarado aparece em uma televisão, em um anúncio para o filme Halloween original.
O roteiro
Apesar de não ter seu nome creditado, o roteiro de A Noite das Bruxas deve muito a Nigel Kneale. Criador do personagem Bernard Quatermass para a série da BBC, The Quatermass Experiment, lançada em 1953, que se tornou filme em 1955, intitulada no Brasil como Terror que Mata, Nigel foi contratado para escrever o roteiro do terceiro filme da franquia Halloween após Debra Hill ter a ideia do conceito que reunia os avanços tecnológicos e a bruxaria. Nigel, no momento, trabalhava em um remake de O Monstro da Lagoa Negra, que seria dirigido por John Landis mas que foi cancelado pela Universal antes mesmo de começar a ser filmado. (A ironia, aqui, é que Carpenter, dez anos depois, também tentaria dar vida a um remake do filme, que também nunca viu a luz do dia.)
Mesmo com muitos aspectos e elementos considerados impecáveis por Tommy Lee Wallace, o roteiro de Nigel sofreu algumas críticas e mudanças por parte de Carpenter e do diretor. Kneale não gostou nada disso e teve seu nome retirado dos créditos — mesmo que, como afirmou o próprio Wallace no making off presente na versão blu-ray do filme, mais de 60% do filme seja fruto do roteiro de Kneale.
Don Post Studios
As máscaras de borracha que estavam prontas para causar o apocalipse em A Noite das Bruxas acabaram se tornando o símbolo mais forte do filme. Elas até mesmo fazem uma pontinha na nova trilogia, ao longo da noite de Halloween.
Para ajudar no marketing e fazer com que mais pessoas se interessassem pelo longa, o Don Post Studios, um dos estúdios mais conceituados de máscaras de borracha da indústria do terror, vendeu comercialmente as máscaras de bruxa, abóbora e caveira utilizadas na produção.
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A música chiclete
Se você já assistiu Halloween III, com certeza deve se lembrar da música chiclete da Silver Shamrock, correto? E é provável que reconheça a melodia de algum lugar. Bom, isso se deve a um motivo muito simples: a melodia, na verdade, foi “emprestada” da cantiga “London Bridge is Falling Down”, também conhecida como “My Fair Lady”.
De acordo com Alan Howarth, compositor que trabalhou na trilha sonora de Halloween III, Debra queria uma música para a empresa de máscaras que está tentando dominar o mundo. Então, ela pediu que usasse essa cantiga, para não terem que se preocupar com os direitos. Quem canta as palavras na música é o próprio Tommy Lee Wallace, e Howarth acelerou o som para dar o efeito que conhecemos (e continuamos ouvindo) até hoje.
Tagline
Uma tagline potente pode causar grandes expectativas em um filme. Para Halloween: A Noite do Terror, a tagline foi “A noite em que ele voltou para casa”, fazendo alusão ao retorno de Michael Myers a Haddonfield. Brincando com essa ideia, a tagline de Halloween III ficou como “A noite em que ninguém voltou para casa”, já dando algumas pistas dos possíveis destinos encontrados pelos nossos protagonistas.
O final
Halloween III pode não estar entre os favoritos da maioria dos fãs da franquia, mas encontrou seu lugar de destaque ao passar dos anos. Algo que chama a atenção ainda hoje é a escolha de seu final — aberto, com possibilidades para uma sequência — e que quase não aconteceu.
Aparentemente, a Universal odiou o final escolhido por Tommy Lee Wallace. Ao saírem da sessão de cinema, Carpenter avisou ao cineasta que o estúdio não tinha gostado nadinha de suas escolhas, mas deixou a decisão para ser tomada por ele. Wallace preferiu manter da forma como tinha pensado, o que levou a Universal a não apoiar o filme. Ainda sim, o momento de Tom Atkins, que lembra muito o de Donald Sutherland no final de Invasores de Corpos, é relembrado com carinho pelos admiradores do longa.
Santa Mira
Há uma outra ligação de A Noite das Bruxas com Invasores de Corpos — dessa vez, com a versão de 1956. A cidade onde se encontra a instalação da Silver Shamrock, Santa Mira, também foi palco de outro macabro fenômeno de dominação mundial, mas dessa vez por alienígenas: Em Vampiros de Almas, a primeira adaptação do livro de Jack Finney, a história também se concentra na cidadezinha californiana.
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A franquia Halloween é querida por muitos. Independentemente de qual seja o seu filme favorito dentro da série, o livro Halloween: O Legado de Michael Myers tem histórias curiosas que vão te divertir e fazer você amar ainda mais este universo. Uma produção Macabra, em parceria com a DarkSide Books, feito de fã para fã, o livro engloba toda a série clássica, suas ramificações, os remakes e até mesmo o primeiro filme da nova trilogia. Confira na Loja Oficial da DarkSide Books.
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