Como forma de se infiltrar no mundo dos vivos e aumentar sua influência, Satanás resolve colocar um de seus filhos na casa do embaixador dos Estados Unidos na Inglaterra. A intenção é fazer com que, desde cedo, a criança assuma lugar de destaque e importância na política mundial. Assim, Robert Thorn, embaixador, e sua esposa, Katherine, acabam criando o próprio anticristo como se fossem seu filho.
Com uma popularidade que só cresceu desde que foi lançado em 1976, A Profecia atingiu aquele status de clássico do terror e é um dos primeiros filmes dos quais nos lembramos quando pensamos em histórias demoníacas. Dirigido por Richard Donner e com roteiro por Richard Seltzer, o filme ganhou uma novelização escrita pelo próprio roteirista e até ganhou um Oscar de Melhor Trilha Sonora Original, para Jerry Goldsmith.
Mas há muito mais entre uma produção e uma premiação do que sonha nossa vã filosofia, e no caso de A Profecia isso se estende por possíveis maldições no set de filmagens e um critério de escolha pouco ortodoxo para saber quem interpretaria o filho do Diabo.
A Macabra selecionou algumas das maiores curiosidades sobre tudo que envolveu A Profecia — até mesmo o que o futuro reserva para este clássico do cinema.
A criação da profecia
Os anos 1960 e 1970 passaram por uma excelente leva de filmes de terror. Entre os anos que compreendem 1965 e 1975 grandes obras surgiram — e, dentre elas, estava O Exorcista, que foi um filme capaz de virar cabeças por aí. Então, nada mais natural que, se aproveitando do sucesso do longa de William Friedkin, outros produtores e estúdios estivessem atrás de histórias demoníacas e de possessão.
É com essa particularidade de contexto que surge a ideia para A Profecia — que, antes de se chamar Profecia, se chamou O Anticristo (The Antichrist) e até A Marca de Nascença (The Birthmark). De acordo com a história, o produtor Harvey Bernhard estava conversando com um amigo, chamado Bob Munger, sobre a bíblia. Então, com as ideias de Munger, contratou o roteirista David Seltzer para escrever o roteiro. Richard Donner ficou maravilhado com a ideia do trabalho. Até então, Donner havia trabalhado somente com televisão, e essa poderia ser sua grande chance para deslanchar na vida de direção de longas.
Donner e Seltzer tinham ideia um pouco diferentes para o roteiro. Donner pediu que Seltzer retirasse todas as possíveis cenas que envolvessem o sobrenatural. A intenção era que o público ficasse em dúvida se aqueles terríveis acontecimentos eram mesmo feitos pelas forças do mal ou se seriam coincidências. Já Seltzer queria que ficasse claro que Damien Thorn era realmente o anticristo. Bernhard preferiu a abordagem de Donner.
Damien, o anticristo mirim
Damien é nosso grande antagonista em A Profecia. Filho de Satã, o garoto tinha grandes responsabilidades em suas mãos quando foi enviado à Terra. Sendo um papel tão importante, a escolha do ator mirim para interpretá-lo não poderia ser menos especial. Aparentemente, quando o jovem Harvey Stephens foi fazer sua audição para o papel, o diretor Richard Donner queria que o garoto fizesse um dos momentos mais difíceis para uma criança: quando Damien tem seus momentos de ataque. Então, Donner convidou Stephen a atacá-lo, e ele atacou mesmo: bem nas partes baixas de Donner.
Stephens era um garotinho loiro até o momento em que foi escalado para o papel. Mas, para que ele ficasse com uma cara mais, bem, endiabrada, seu cabelo foi pintado de preto, para acabar com a aura infantil e angelical de seu rosto.
E, para completar, Damien nem era para ser o nome do garotinho. O roteirista, David Seltzer, queria colocar o nome da criança como Domlin, por causa do filho de um amigo que era um verdadeiro capetinha. Mas sua esposa o convenceu a não fazer isso, pois seria uma maldade com a criança e provavelmente haveria um rompimento na amizade. Então, Seltzer escolheu Damien, por causa do Padre Damien, responsável pela primeira colônia para pessoas que sofriam de lepra nas ilhas havaianas.
Os possíveis embaixadores Thorn
O produtor Bernhard afirmou algumas vezes que Gregory Peck sempre foi a primeira escolha para interpretar o embaixador Robert Thorn. Haviam algumas preocupações em colocar Peck no papel, por causa dos rumos da história e do possível assassinato de uma criança em cena. Mas Thorn gostou do script, afirmando que o filme se parecia mais com um thriller psicológico do que um filme de terror propriamente dito, então aceitou o papel.
Mas, apesar do que disse Bernhard, outros atores também foram considerados para o papel — e, para alguns, o papel até foi ofertado. Oliver Reed, Roy Scheider, Dick Van Dyke e Charles Bronson foram considerados para interpretar o embaixador. William Holden recusou o papel porque não queria fazer um filme sobre o demônio — em A Profecia II ele interpreta o irmão de Robert Thorn. Charlton Heston também recusou o papel, pois não queria ficar sozinho na Europa no período de gravação do filme, que seria gravado durante o inverno, e porque achou que o filme poderia ser muito mal explorado, se não fosse conduzido com cuidado.
Marketing da pesada
Sabemos como uma boa campanha de marketing pode ser útil. O que aconteceu com A Bruxa de Blair, por exemplo, pode ser visto como uma das melhores campanhas dos filmes de terror. Mas a campanha de A Profecia não fica tão atrás.
Os pôsteres e materiais de divulgação eram acompanhados de frases como “Bom dia, você está a um dia mais próximo do fim do mundo” ou “Se lembre, você foi avisado” e “É um aviso esquecido por milhares de anos. É o nosso último aviso final. É A Profecia”.
Maldições no set de filmagens
Grandes filmes de terror têm histórias de coisas terríveis acontecendo em seus sets de gravação. Parte marketing, parte realmente falta de preparo daqueles que estão conduzindo as produções (sim, Comboio do Terror, estamos falando de você), a verdade é que histórias sobre maldições e terrores em sets de filmagem são bem comuns.
Mas A Profecia conseguiu colecionar feitos assustadores durante suas gravações.
Antes mesmo de começar o período de gravação, o avião em que estava Gregory Peck foi atingido por um raio. Três dias depois, quando o produtor Mace Neufeld estava voando no mesmo voo para a Inglaterra, seu avião também foi atingido por um raio. E dizem por aí que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
Apesar disso, aviões atingidos por raios não são um fato tão incomum. O pior são as coisas que foram acontecendo conforme os dias foram passando. Em outro caso envolvendo aviões, a equipe havia fretado um para fazer cenas aéreas, mas acabou cancelando de última hora por causa de conflitos de cronograma. O avião em que eles deviam estar acabou entrando em um acidente, atingindo um carro, e várias pessoas morreram.
Mas produção enfrentou problemas em solo também: um dos restaurantes em que a equipe deveria se reunir para jantar foi bombardeado pela IRA; após a gravação do parque safari, um dos funcionários do zoológico foi atacado por um leão e morto; o dublê de Peck foi atacado pelos rottweilers na cena do cemitério, e eles conseguiram atravessar a roupa de proteção com suas mordidas.
Após as gravações, John Richardson, diretor dos efeitos especiais, e sua assistente, Liz Moore, embarcaram para seu próximo filme. Entretanto, os dois se envolveram em um acidente de carro. Moore sobreviveu, mas Richardson morreu decapitado. O que deixa as coisas um pouco assustadoras é o fato de Richardson ter sido o principal responsável pela cena de decapitação do filme.
Vários especiais e documentários abordaram as maldições que aconteceram durante as filmagens (e antes e depois, também) em A Profecia, que acabou se tornando um dos filmes mais amaldiçoados de todos os tempos.
As outras profecias
A Profecia atingiu certo grau de sucesso e, ainda hoje, é um dos grandes filmes de terror do período. Tendo alcançado este patamar, logo pensou-se em fazer uma sequência para o filme. Apenas depois de dois anos, A Profecia II foi lançado, com direção de Don Taylor e Mike Hodges.
Em 1981 foi lançado o terceiro filme, A Profecia III: O Conflito Final (1981), dirigido por Graham Baker. O filme conta com um Sam Neill interpretando Damien já adulto. Dez anos depois, em 1991, A Profecia IV: O Despertar foi lançado para a TV, dirigido por Jorge Montesi e Dominique Othenin-Girard.
Damien, série de TV de 2016, criada por Glen Mazzara, se passa no intervalo entre o segundo e terceiro filmes da franquia original, quando Damien já reconhece seus poderes e seu parentesco com o Diabo.
Também ganhou dois remakes: Jenma Natchathiram, um remake indiano não oficial, e A Profecia, de 2006, dirigido por John Moore. Neste último, duas participações especiais chamam bastante atenção: Mia Farrow, a eterna Rosemary de O Bebê de Rosemary, interpretando a segunda babá de Damien, e o próprio Harvey Stephens, que interpreta um repórter. Mostrando novamente que o marketing é a alma do negócio, o remake de A Profecia foi lançado dia 06/06/06.
Mas, se você está interessado em algo mais cômico, a série Belas Maldições, adaptada do livro de mesmo nome escrito por Neil Gaiman, também pode ser considerada um tipo de história baseada em A Profecia.
O futuro da Profecia
Mas não pense que acabou. Depois de 7 anos da não tão querida série que contou a história de Damien depois de descobrir ser o anticristo, a 20th Century Studios resolveu tentar mais uma vez, agora com uma prequel.
The First Omen foi anunciado em 2022. Não temos grandes informações sobre a produção — se já foi iniciada, se o roteiro já está em andamento —, mas sabemos que quem está por trás dela é Arkasha Stevenson, diretora de episódios das séries Legion, Channel Zero: Butcher’s Block e Brand New Cherry Flavor. The First Omen será sua primeira direção de um longa metragem.
No elenco, alguns nomes também foram confirmados: Nell Tiger Free, Bill Nighy e Sônia Braga são alguns deles.
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Estamos curiosos para saber quais serão as ideias de Arkasha para um prequel do clássico de 1976. Fiquem de olho na Macabra para qualquer novidade.
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