Uma imagem bastante comum associada a senhoras de meia-idade é a de ternura e afeto. Pensamos em mulheres mais velhas como um poço de conhecimento, ricas em sabedoria, dispostas a confortar você com biscoitos. É uma imagem que ficou muito comum graças ao cinema norte-americano, mas que algumas vezes não condiz com a realidade. Então, quando vemos uma assassina terrível cometendo atos vis em filmes de terror, temos um choque e uma surpresa.
Ao longo dos anos 1960, houve um subgênero chamado Hagsploitation, cuja principal característica era colocar mulheres de meia-idade em papéis de desespero, loucura e que logo se transformariam em psicopatas sanguinárias. Um subgênero bastante discutido, serviu para que o preconceito contra atrizes mais velhas fosse escancarado em Hollywood, em um momento em que, para se conseguir trabalho, você deveria ter uma determinada faixa de idade — depois disso, seus papéis seriam quase nulos.
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O Hagsploitation produziu muitos filmes emblemáticos, como O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, Com a Maldade na Alma e Fábula Macabra, e, após alguns anos, os papéis foram sendo transformados, aprofundados, os traumas que atormentavam as mulheres no Hagsploitation foram substituídos — muitas vezes por uma maldade inerente, mesmo, sem motivos. Mulheres têm assumido outros papéis, também, como Laurie Strode e Sally Hardesty, que retornaram às suas franquias depois de anos, ainda assim botando pra quebrar.
Mas o que seria o terror sem seus vilões e suas vilãs? Temos um gosto especial pela vilania. A Macabra listou sete mulheres de meia-idade assombrosas, que cometeram atos tenebrosos, para os leitores se divertirem com suas peripécias.
Pearl
X: A Marca da Morte, 2022 // Pearl foi uma das maiores vilãs (ou anti-heroína?) desses últimos anos — seja em sua forma idosa ou em sua forma jovem. Seu único sonho era ser uma estrela. Quando não conseguiu o que planejava, se tornou uma mulher cruel que não aceitava que jovens se “divertissem”. Podemos dizer que, até certo ponto, Pearl foi uma mulher incompreendida, que deixou os anos pesarem sob seus ombros sem tolerar muito bem as mudanças que eles trouxeram — e que conseguiu ser bem cruel por causa disso.
Sra. Voorhees
Sexta-Feira 13, 1980 // Grande causadora de intrigas em diversos círculos de amigos que frequentemente testam seus conhecimentos em terror perguntando “quem é o assassino em Sexta-Feira 13?” — aliás, obrigada Pânico por ter diminuído um pouco a frequência dessa pergunta —, a sra. Voorhees só queria uma coisa: vingar seu filho que “morreu” afogado no lago do acampamento Crystal Lake. E ela conseguiu. Não só conseguiu como criou uma terrível tradição de assassinatos e terrores naquele lugar (e, sejamos sinceros, vários outros depois, porque Jason foi até para o Inferno). Difícil competir.
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Vovó Leigh
Hereditário, 2018 // Podemos facilmente contar os segundos em que a vovó Leigh aparece em Hereditário. A matriarca da família já começa o filme praticamente morta — aliás, é sua morte que traz todos os pontos de desenvolvimento que vemos em seguida. E podemos dizer com sinceridade que a vovó virou a vida de sua família de cabeça para baixo. Cultista, observando a vida de sua neta com seus aliados bem de perto, Leigh traçou toda a futura tragédia de sua filha, de seu genro e das duas crianças — sem se deixar abater por pequenos problemas no caminho.
Mary Shaw
Gritos Mortais, 2007 // Um filme menos lembrado da dupla James Wan e Leigh Whannell, Gritos Mortais é uma pérola que deveria ser mais comentada, principalmente por causa de sua vilã, Mary Shaw. A história conta que Shaw era uma ventriloquista famosa na cidade em que vivia, até que certo dia ela teve um colapso nervoso depois de uma criança da plateia gritar impropérios para ela. Dizem as más línguas que ela sequestrou o menino, e foi perseguida e assassinada pela cidade enfurecida, e agora assombra todos os descendentes daqueles que a assassinaram. Se um boneco de ventríloquo já é assustador, um boneco de ventríloquo assombrado e amaldiçoado por sua ventriloquista consegue ser bem pior.
Sylvia Ganush
Arraste-me Para o Inferno, 2009 // Mais um filme de terror dirigido por Sam Raimi que tem cenas absurdas e momentos especialmente angustiantes, Arraste-me Para o Inferno guarda seus holofotes para sua vilã: Sylvia Ganush, a mulher que amaldiçoou a agente de crédito do banco que se negou a ajudá-la a manter sua casa. E não foi uma simples maldição do tipo “você não vai encontrar o par do seu sapato favorito quando estiver atrasada para sair de casa”. Foram maldições terríveis. Christine Brown sofreu um bocado na mão da sra. Ganush — se foi merecido ou não deixaremos para os leitores julgarem.
Vovó
A Visita, 2015 // Duas crianças vão visitar a casa de campo de seus avós. Isso poderia ser um plot de um simples filme da Sessão da Tarde não fosse o detalhe que ele é dirigido por M. Night Shyamalan, então claro que as coisas não seriam tão simples. Quando são enviadas para visitar seus avós que eles não têm contato, as duas crianças vão meio a contragosto, mas vão. Chegando lá, passam poucos dias em paz: logo começam a notar muitas atitudes estranhas de seus avós — como, por exemplo, as tentativas de assassinato contra eles. Temos aí algumas revelações sobre a Vovó (o nome dela nem é Vovó!), mas essa senhora é tão sanguinárias que não poderia ficar de fora da lista.
Sra. Kersh
It, Capítulo 2 // Tudo bem, a sra. Kersh aparece em poucos minutos em It, Capítulo 2, e talvez não tenha tanto impacto para a história quanto a vovó Leigh teve para Hereditário, mas ela tem um impacto visual gigantesco. Vai me dizer que você não levou um susto quando ela apareceu transformada depois da visita da Bev? Pennywise não tem pena de ninguém mesmo.
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