Brandon Cronenberg: “O horror te dá um lugar para explorar o pavor visceral”

Conheça a carreira de Brandon Cronenberg, diretor dos filmes de tech horror Possessor e Antiviral.

Brandon Cronenberg vem conquistando cada vez mais os fãs de terror. Seus trabalhos, que trazem debates sobre a tecnologia e seu uso, têm recebido críticas positivas pelos festivais em que foram exibidos e os filmes acumulam elogios.

Filho de Carolyn e David Cronenberg, sobrinho de Denise Cronenberg e irmão de Cassandra e Caitlin Cronenberg, Brandon Cronenberg é cineasta, e em sua carreira já dirigiu dois longa-metragens, Antiviral e Possessor; alguns curta-metragens: Broken Tulips, The Camera and Christopher Merk, Jooj: Shoulders and Whispers e Please Speak Continuously and Describe Your Experiences as They Come to You; e também dirigiu os clipes da banda Animalia: Stifling, Little Earth e Face On

LEIA+: POSSESSOR E AS ARMADILHAS MACABRAS DA TECNOLOGIA 

Brandon esperava se tornar um escritor, um pintor ou um músico, mas quando percebeu que a carreira de cineasta o levaria a fazer tudo isso, acabou se interessando pelo cinema.

Seu primeiro longa, Antiviral, fez sua estreia no Festival de Cannes de 2012, na mostra Un Certain Regard. Brandon reeditou o filme, modificou e retirou cerca de seis minutos antes de apresentá-lo ao Festival de Toronto do mesmo ano. Possessor, seu segundo longa, estreou este ano em Sundance. Nos dois casos, o trabalho do diretor foi aclamado e teve críticas surpreendentes e positivas.

A história de Antiviral gira em torno de empresas que se especializam na venda de doenças de celebridades. O filme, que é uma crítica ao fetichismo e fanatismo de famosos, é um retrato cruel de até onde as pessoas podem ir por aqueles que idolatram. Brandon levou oito anos escrevendo o roteiro de Antiviral, que começou quando estava na escola de cinema. Quando teve uma gripe, após um sonho febril, começou a se interessar pela natureza de sua doença e a pensar como algo que esteve no corpo de outra pessoa poderia estar agora em seu corpo e como isso o afetava, o que o levou a começar a escrever a ideia do primeiro filme.

Já a ideia para Possessor surgiu durante a divulgação de Antiviral. Em entrevista, Brandon afirmou que, enquanto se preparava para a divulgação do filme para a mídia, se pegou pensando em como esse trabalho te leva a criar uma persona para o público, para os jornalistas, e como teve dias em que acordou achando que estava no corpo de outra pessoa. Possessor, para Brandon, é sobre alguém viver como impostor em sua própria vida. No filme, Tasya Vos é uma agente em uma empresa que, através de implantes cerebrais, consegue acessar a vida de outras pessoas, agir em seus corpos e realizar tarefas sendo esses outros corpos. O mecanismo possibilita a acordos em que os agentes, controlando essas vítimas, podem cometer assassinatos e outros tipos de crimes, colocando a culpa nos corpos dominados. 

Ainda sobre suas inspirações, Brandon Cronenberg não só esteve por perto de um dos grandes cineastas do horror corporal, como também cresceu lendo Phillip K. Dick, com Os Três Estigmas de Palmer Eldritch sendo um de seus livros preferidos do autor, com maior interesse na parte mais filosófica que a ficção científica pode proporcionar. 

O horror te dá um lugar para explorar o pavor visceral, e eu acho que quando você está lidando com coisas que tocam em ansiedades humanas básicas, o horror é um grande gênero para isso. E, claro, a ficção científica sempre foi útil para falar sobre seres humanos.

Apesar das influências para seus filmes surgirem de locais muito pessoais, Brandon Cronenberg afirma não ser tão influenciado pelas obras do pai como a maioria das pessoas imagina. Mesmo que ambos tenham os mesmos genes e, de certa forma, ser pai e filho tenha causado certa influência em Brandon, ele viu os filmes de seu pai poucas vezes.

Isso é porque eu estou muito próximo deles, e muito próximo para ter perspectiva, para ser influenciado do modo como as pessoas normalmente pensam. Eu não posso vê-los com neutralidade.

Brandon já tem dois próximos projetos a vista, e ambos envolvem a ficção científica. Apesar de não saber como ficará o calendário de gravações, seu próximo projeto se chama Infinity Pool, um tipo de resort turístico e satírico, com elementos de horror; e o segundo se chama Dragon, um horror espacial. 

Confira o trailer do segundo longa-metragem de Brandon, Possessor, e clique aqui para ler nosso review sobre o filme: Possessor e as armadilhas macabras da tecnologia.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.