Quando pensamos na morte, às vezes pensamos apenas nos aspectos macabros e terríveis de perder amigos e familiares. Mas, como nos mostra Caitlin Doughty em suas obras, a morte é apenas parte do processo que é viver. Quanto mais entendemos que a morte é o destino de todos nós, e o melhor que pudermos entender sobre os processos antes e depois dela, melhor.
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Nos últimos anos, vários nomes na literatura de não ficção, além de Doughty, e influencers e outros membros da indústria funerária têm se esforçado para demonstrar que essa é uma parte natural da vida. Nada a temer, nada a desesperar. Isso leva a uma busca cada vez maior de lidar com a curiosidade dos assuntos ligados a morte, como o que acontece após a morte e até mesmo sobre os locais de descanso e as melhores práticas mortuárias.
A Macabra, sempre aliada aos esclarecimentos de assuntos considerados mórbidos, traz ao leitor cinco curiosidades sobre cemitérios.
Origem dos cemitérios
Você já parou para se perguntar onde surgiram os cemitérios? É uma pergunta que poucos se fazem, como se os cemitérios apenas existissem desde sempre. Mas, apesar de práticas funerárias serem uma constante na cultura humana, nem sempre elas existiram da mesma forma. Os cemitérios, por exemplo, não são tão antigos como podemos imaginar.
Apesar da necessidade de se enterrar corpos para afastar predadores, o cemitério, como conhecemos, ligado a uma prática religiosa, foi surgir apenas em meados da Idade Média, com as sepulturas sendo dispostas próximas a igrejas e em terreno considerado santo pelos fiéis. Nesses casos, uma série de regras eram impostas para que os corpos fossem enterrados — e caso você não fizesse parte delas, seu corpo era disposto em outro local, fora do terreno preparado para isso, em covas distantes das igrejas.
Antes dos cemitérios que conhecemos, era comum que corpos fossem sepultados de outras formas e ritos funerários existiam de diferentes modos. Pessoas proeminentes no Egito e em outras civilizações da Antiguidade, por exemplo, encontravam descanso em pirâmides e construções elaboradas. Em outros grupos de pessoas, era comum que corpos fossem cremados.
Cemitério x Necrópole
Existe uma diferença entre um cemitério e uma necrópole. Cemitério, apesar do uso constantemente utilizado para se referir a qualquer lugar de despejo de resíduos e detritos (como um “cemitério de resíduos nucleares”), geralmente é ligado a campos sagrados e dentro de perímetros urbanos. Já as necrópoles são cemitérios maiores, geralmente fora dos centros urbanos. A palavra, que foi romanizada do grego antigo e significa literalmente “cidade dos mortos”, apresenta bem a ideia geral: é uma grande área onde corpos são sepultados. Por sua vez, as necrópoles são diferentes dos campos de sepultamento, que não possuem marcos de lápides e coisas semelhantes.
Essa diferença entre as palavras usadas para denominar locais de sepultamento são maiores em inglês, entre graveyard e cemetery. Quando utiliza-se a palavra graveyard geralmente diz-se o terreno sagrado de um cemitério, locais de sepultamento menores que ficam perto ou dentro dos terrenos de igrejas. Cemetery, também, é uma palavra muito mais nova, surgindo no século XIX.
Mas, apesar desses detalhes técnicas, as palavras acabaram sendo intercambiáveis, e é comum usarmos tanto cemitério quanto necrópoles (bem como os falantes das línguas anglófonas falam graveyard e cemetery) ao comentarmos sobre locais de sepultamento, independentemente se falamos sobre rituais funerários religiosos ou não.
Necroturismo
Você sabia que é comum que pessoas façam turismo em cemitérios e outros locais de sepultamento? O necroturismo é uma área que cresce não apenas no Brasil, como no mundo — e é uma prática bastante antiga, na verdade.
Apesar de parecer um passeio bastante macabro, o necroturismo proporciona a possibilidade de conhecer mais sobre arte sacra, sobre ritos funerários e até sobre arquitetura — além, claro, de contar com visitas guiadas, que pode explicar a esses visitantes sobre lendas e histórias populares da região, como o passeio que acontece regularmente no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
E se você se interessa pelo tema, talvez goste de conhecer o trabalho de Rosie Grant, que tem viajado por cemitérios nos Estados Unidos e reunido receitas deixadas nas lápides de entes queridos por familiares e amigos. Um trabalho emocionante e cheio de afeto.
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Os cemitérios mais antigos do Brasil e do mundo
Acredita-se que o cemitério mais antigo do Brasil ainda em atividade seja o British Burial Ground, ou Cemitério dos Ingleses, na ativa desde 1811 e inicialmente de orientação protestante. O cemitério foi tombado como Patrimônio Histórico e hoje é administrado pela representação diplomática britânica.
Já o cemitério mais antigo do mundo acredita-se ser O Vale de Wadi Al-Salam, localizado em Najaf é a capital da província de An Najaf, no Iraque. Além de ser o mais antigo, é também o maior cemitério, tendo cerca de 10 quilômetros quadrados — o que consiste em 13% da área da cidade.
Este último dado, na verdade, mostra como os cemitérios estão superlotados. Nas últimas décadas, a indústria mortuária tem buscado formas de fazer com que a morte não ocupe tanto os espaços urbanos, com novas práticas de ritos funerários. Algumas são até mais saudáveis para o meio ambiente, como é o caso do projeto Recompose, de Katrina Spade.
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Os dez maiores cemitérios do Brasil
E se você se interessa por necroturismo e gostaria de conhecer os maiores cemitérios do Brasil, prepare lápis e papel pois a Macabra te traz uma lista para te preparar para os próximos passeios:
- Cemitério da Vila Formosa – São Paulo, SP
- Cemitério São Francisco Xavier – Rio de Janeiro, RJ
- Cemitério Vila Nova Cachoeirinha – São Paulo, SP
- Cemitério São Luiz – São Paulo, SP
- Cemitério Municipal da Paz – Belo Horizonte, MG
- Cemitério Dom Bosco – São Paulo, SP
- Cemitério do Araçá – São Paulo, SP
- Cemitério do Campo Santo – Salvador, BA
- Cemitério de Santo Amaro – Recife, PE
- Cemitério Santa Cândida – Curitiba, PA
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