Reconhecido por seus filmes com reviravoltas mirabolantes, M. Night Shyamalan se tornou um diretor que divide opiniões sobre suas criações.
Mas, inegável é o fato de que Shyamalan vira conversa por onde passa.
Ele é o responsável, tanto pela direção quanto pelo roteiro, de um dos filmes mais instigantes lançados nas últimas décadas. O Sexto Sentido, lançado em 1999, continua sendo considerado um dos filmes com o maior plot twist da história do cinema. Além disso, a frase “Eu vejo gente morta” segue sendo ecoada por todos esses 22 anos — como homenagem, pelos fãs, ou como referência.
Separamos algumas curiosidades para os fãs de uma excelente história de fantasmas.
O elenco
A escolha dos atores para um filme sempre é uma parte delicada da criação da obra. Muita coisa está em jogo: a forma como ator reage e age em cena, se ele está imerso no papel como deveria, detalhes que são observados durante os testes de elenco e leituras em grupo.
Às vezes até parece que alguns atores foram feitos para aquele papel, né? Ou que o papel tivesse sido escrito para o próprio ator. No caso de O Sexto Sentido e um de seus protagonistas, Malcolm Crowe, Shyamalan realmente escreveu o personagem com Bruce Willis em mente.
Já para o papel de Cole Sear, o escolhido foi Haley Joel Osment, e isso se deve principalmente a três motivos: primeiro, ele era o melhor na sala. Segundo, era o único garotinho usando uma gravata na audiência. Terceiro, Shyamalan perguntou a Osment se ele havia lido a parte dele, ao que o garoto respondeu: “sim, li três vezes”. Shyamalan ficou surpreso e perguntou novamente: “você leu sua parte três vezes?” ao que Osment disse: “Não, eu li o roteiro três vezes.”
Toni Collette, em seu papel como Lynn Sear, se sentiu tão emocionada com a ressonância da história que só percebeu que se tratava de um filme de terror quando ele foi lançado. Mas, quando foi fazer seu teste, Shyamalan ficou preocupado se ela conseguiria o papel pois Collette estava com a cabeça completamente raspada. Para evitar essa discussão com o estúdio, Shyamalan simplesmente não esperou que eles dessem o aval. Collette usa uma peruca durante todo o filme e, de acordo com Shyamalan, eles nem tinham a peruca — provavelmente era alguma peruca emprestada.
Os atores mirins
Filmar crianças em filmes de terror é sempre um pouco complicado, afinal, nem sempre os temas são fáceis de lidar em determinadas idades. Para Mischa Barton, que interpreta Kyra Collins, entretanto, as coisas não foram tão traumatizantes assim. Em entrevista para a Variety, Barton contou que todos ficavam perguntando se não teria sido horrível gravar suas cenas e ela dizia que não, ela tinha 13 anos e conseguia lidar com aquilo.
Sua irmã, por outro lado, não se saiu tão bem. Quando foram fazer alguns ajustes na sala de ADR (sala de Substituição de Diálogo Automatizado, onde se gravam ajustes de dublagem para os filmes), e Barton levou sua irmãzinha, ela gritou tanto que teve que ser retirada de lá. “Foi a coisa mais aterrorizante que já vi”, disse a irmã de Barton depois.
A fumaça que sai da boca de Cole toda vez em que está próximo a fantasmas foi feita da forma mais real possível: deixando Osment com bastante frio. De acordo com uma entrevista também para a Variety, Osment contou que eles cobriram o set com uma cobertura e bombearam ar gelado para dentro. As cenas foram feitas com limites de horários, para que ninguém ficasse doente.
Barton também passou por uma dessas cenas e, além de estar congelando, também teve que escolher entre cereais ou banana para uma mistura que teria que manter em sua boca até o momento certo de vomitá-la. Nojento, mas tudo feito com muito profissionalismo da jovem Barton.
Cuidado com a Disney
Assim que o roteiro de Shyamalan para O Sexto Sentido começou a circular, ele estipulou que deveria ser vendido por, no mínimo, $1 milhão de dólares, e que ele deveria ser o diretor. Ele disse ao The Hollywood Report: “Se eles querem ler, precisam saber que vai começar em $1 milhão”. David Vogel, presidente de produção do estúdio na época, tentando evitar as disputas por leilão, resolveu comprar os direitos do filme após ler o roteiro por $2,25 milhões, sem falar com o resto da corporação, o que, é claro, não deu muito certo. Após a decisão de Vogel, os executivos da Disney pediram que ele reestruturasse seu contrato e abrisse mão de parte de seus poderes presidenciais. Após se recusar, ele acabou sendo demitido.
A Disney não botava fé em O Sexto Sentido na época, deixando o filme a cargo de Spyglass Entertainment, garantindo para si mesma somente 12,5% do que o filme recebesse de bilheteria. A bilheteria mundial do filme fez $672,8 dólares, e foi o DVD mais vendido nos anos 2000.
Bruce Willis também teve seus problemas com a Disney. Enquanto participava como produtor e astro do filme Broadway Baller, e somente depois de 20 dias de gravações, Willis demitiu o diretor e parte da equipe do filme, o que fez com que o projeto fosse arquivado indefinidamente. Como parte do acordo contra o processo instaurado sobre Willis, ele deveria pagar a pequena fortuna de $17,5 milhões, que já haviam sido gastos no filme, além de assinar para outras três produções do estúdio. O primeiro filme do acordo foi Armageddon, de 1998; o segundo foi O Sexto Sentido; e o terceiro foi Duas Vidas, de 2000.
A cor vermelha
Se você prestar bastante atenção ao filme, vai perceber que pouquíssimas vezes a cor vermelha foi usada, senão por um motivo muito específico: quando algo do mundo “real” é tocado pela realidade do “outro mundo”. Ou seja, objetos e locais que tenham sido afetados por forças sobrenaturais. A intenção é que, assim como dizem que casas mal-assombradas ecoam os sentimentos fortes de situações acontecidas ali, esses objetos também sofrem desses ecos.
Além disso, a cor é utilizada para se combinar com momentos emocionais fortes em determinadas situações. Como um aviso.
Vemos isso em outros filmes de Shyamalan posteriormente, como em A Vila, de 2004.
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Os spoilers
Um dos grandes momentos do filme é descobrir a reviravolta do final. É ali que mora toda a magia. E era de se esperar que fosse feito tudo o possível para evitar que alguém descobrisse antes da hora de que Malcolm estava morto o tempo todo. E isso deu certo, em boa parte do filme. Poucas pistas foram deixadas para trás, mas nos testes de cena com audiência ninguém percebeu nada. Uma dessas pistas era a aproximação da câmera do rosto de Cole conforme ele afirma que vê gente morta.
Mas, se você não tivesse tido a sorte de ver o filme na estreia, e estivesse andando casualmente em uma loja de discos, teria uma surpresa. A trilha sonora conta com uma faixa chamada “Malcolm is Dead”, a última faixa do CD. Então, a dica é nunca ler os títulos das músicas da trilha sonora de um filme antes de assisti-lo.
Referências
Sendo um filme que se tornou tão icônico, claro que haveriam diversas referências a O Sexto Sentido espalhadas pela cultura pop. Seja mencionando o filme, seja algum personagem dizendo que também vê gente morta, O Sexto Sentido vive aparecendo por aí. Em Todo Mundo em Pânico, o filme é um dos que são parodiados em alguma cena através do personagem Shorty (Marlon Wayans). No seriado Angel, o filme está sendo exibido em um cinema. Em Os Simpsons, também, O Sexto Sentido é mencionado mais de uma vez ao longo de suas temporadas. Isso para citar alguns exemplos. Além disso, o filme é mencionado em séries como A Sete Palmos, CSI, Gilmore Girls, Sabrina, a Aprendiz de Feiticeira, entre tantas outras, e em filmes como Mansão Mal-Assombrada, Doze Homens e Outro Segredo, Tempos de Violência, e até recebeu uma piadinha em O Rei Leão 3: Hakuna Matata. Ufa! Tá aí um filme que gostam de referenciar.
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O novo filme de Shyamalan, Tempo, baseado no quadrinho Castelo de Areia, de Pierre-Oscar Lévy e Frederick Peeters, está prestes a estrear e já conseguiu dividir os críticos que o assistiram. Na história, um grupo que está em uma praia começa a envelhecer de forma disparada. O filme conta com Gael García Bernal, Vicky Krieps, Rufus Sewell, Alex Wolff e Thomasin McKenzie no elenco. Tempo estreia dia 29 de julho no Brasil. Confira o trailer abaixo.
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