Sejamos sinceros: se você tem mais de trinta anos, pelo menos uma vez em sua vida esbarrou em um filme cheio de cabeludos, delinquência juvenil exagerada e muito Rock and Roll. Inclua aqui Trick or Treat, Rock and Roll Nightmare, The Band From Hell, Heavy Metal Massacre, Suck e uma lista aparentemente interminável.
Com os pesados lançamentos da indústria do horror já em vigor a partir da década de 1970, a década de 1980 contribuiu com o surgimento de brilhantes artistas de maquiagem e efeitos, bem como com avanços na tecnologia. Artistas como Rick Baker, Rob Bottin, Alec Gillis, Tom Woodruff Jr., Tom Savini, Stan Winston e inúmeros outros profissionais que produziram os efeitos práticos inovadores e alucinantes que inauguraram a Idade de Ouro pré-CGI do Cinema, o que significava um glorioso excesso de criaturas no horror. Mais do que apenas uma maravilha técnica, as criaturas em exibição no horror dos anos 1980 significavam uma textura tangível, que ainda se mantém ativa décadas depois. Das peles grotescas e viscosas a sequências brutais de transformação, não havia nada que os artistas não pudessem criar.
E também havia o pânico satânico, o ultraje moral e a censura que provocaram uma histeria em massa em torno da música heavy metal durante todo seu tempo de popularidade nos anos 1980, o que culminou na criação um novo subgênero que mesclava o gênero musical maldito com horror. Um tema recorrente entre eles era a natureza corruptora da música, geralmente por meio de Satanás.
Tal é o caso de A Banda Maldita (do original, Black Roses), centrada em torno de uma banda macabra de metal iniciando sua turnê em uma pequena cidade suburbana, para o desgosto dos pais conservadores do lugar. Acontece que os pais estão certos em se preocupar neste caso. Os membros da banda são realmente demônios do Inferno usando sua música como um meio de hipnotizar os adolescentes e transformá-los em monstros.
Dirigido pelo auto-proclamado metaleiro John Fasano (Rock’n’Rock Nightmare), A Banda Maldita se abre com uma cena que telegrafa exatamente como essa história vai se desenrolar. Uma peça de música perfeita para a era da MTV que fazia as bandas se apresentarem na frente de uma plateia lotada — que no caso do filme sequer se importa em se esconder por trás de seus disfarces humanos. Isso é o que a música de Lizzy Borden, “Me Against the World” significa: se você é fã de monstros e metal, não vai se importar com essa abertura que essencialmente dá muito do final do jogo.
Realmente, você tem que ser um fã de monstros e metal para se apaixonar pelos charmes de A Banda Maldita, que são muitos. Uma trilha sonora cheia de notáveis bandas de metal dos anos 1980, como King Kobra, Lizzy Borden e Masi, significava uma trilha sonora de qualidade superior à esperada para uma produção de horror de baixo orçamento, e sem escassez de transformações de monstros. É um filme que só poderia ter sido feito por um fã de terror e metal como Fasano. Mas também é um filme cheio de diálogos e momentos difíceis, desempenhado por atores sem muita (ou nenhuma) experiência. A atriz de maior destaque é Julie Adams, do filme A Criatura do Lago Negro, mas seu personagem simplesmente desaparece sem explicação, talvez na metade da narrativa. Simplificando, A Banda Maldita é exagerado e tecnicamente passa longe de um ótimo filme — mas nós gostamos mesmo assim.
Os efeitos usados na composição das criaturas são principalmente monstros de borracha e muitos fantoches, não exatamente inovadores, mas não tinham medo de ousar e eram abundantes. O diretor de efeitos especiais do Deadly Spawn, John Dod, lidou com os efeitos mecânicos dos cadáveres, e os efeitos das criaturas foram manipulados por Richard Alonzo (Deadpool 2), Tony Bua (Zumbi), Arnold Gargiulo (Michael Spawn) e Dan Platt (Warlock, O Exorcista III).
Os membros da banda tinham vários estágios de transformação demoníaca, de monstruosos a criaturas de borracha, e as vítimas adolescentes transformadas em assassinas se transformariam em monstros parecidos, de feras até criaturas dentuças bizarras, dependendo de seu nível de lavagem cerebral. Então chegam as sequências de morte quando os adolescentes sucumbem aos seus dotes demoníacos (a equipe de criaturas teve muito trabalho nesses momentos).
A Banda Maldita ocupa a categoria de horror “tão ruim que é bom”. O script é idiota (e idiota significa que você provavelmente vai rir quando os estágios iniciais da rebelião adolescente envolverem chutar uma lata de lixo e fugir), mas há uma tonelada de monstros abarrotados nesse filme de terror de metal que dá aos pais uma razão legítima para temer pela alma de seus filhos. É praticamente o equivalente a assistir a um videoclipe em longa-metragem cheio de monstros, caos e metal. É falho, mas cheio do charme dos anos 1980.
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Texto traduzido do Bloody Disgusting