Com o dom de falar com meio-anjos e meio-demônios que vagam pela Terra influenciando as pessoas, John Constantine já viu muita coisa. Talvez tudo que ele tenha presenciado tenha o transformado no que ele é; ou talvez ele já tenha nascido cínico. Quando Angela Dodson, agente policial, se encontra com John para que ele a ajude a entender o que houve com sua irmã gêmea Isabel, ela tem dúvidas de ele que possa ajudá-la, mas logo ambos se veem no meio de uma batalha entre Céu e Inferno, e desempenharão papéis importantes nesse jogo.
Protagonizado por Keanu Reeves e Rachel Weisz, com nomes como Shia LaBeouf, Tilda Swinton e Peter Stormare no elenco, Constantine segue sendo lembrado e comentado ainda hoje pelos fãs, frequentemente sendo redescoberto pelos espectadores mais jovens.
A Macabra relembra o filme dirigido por Francis Lawrence e te conta algumas curiosidades de Constantine.
Inspirado em um quadrinho
A essa altura, todos os fãs de John Constantine já sabem dessa história, mas nos idos dos anos 2000 nem todos sabiam disso — da mesma forma que nem todos os fãs de Blade sabiam de sua contraparte quadrinística.
O quadrinho Hellblazer, do qual Constantine é protagonista, foi publicado pela DC Comics desde 1988, e passou a ser publicado pelo selo Vertigo a partir de 1993. O personagem Constantine foi criado por Alan Moore e Stephen R. Bissette no meio dos anos 1980, aparecendo primeiramente como um personagem de apoio na série de quadrinhos Monstro do Pântano, em 1985. Depois disso, e de ter sua própria série em quadrinhos, Constantine ganhou várias participações especiais por aí, incluindo os quadrinhos de Sandman.
Apesar de não ser lá tão fiel ao seu material de origem, o Constantine de Keanu Reeves acabou conquistando o coração dos fãs com o tempo. De início, alguns entortaram o nariz pela escalação do ator, e de início o filme realmente não foi muito bem-recebido pelos fãs dos quadrinhos, mas conforme os anos têm passado, e quase vinte anos depois de seu lançamento, Constantine acabou encontrando seu grupinho.
Um longo caminho aos cinemas
Lauren Shuler Donner, dona da produtora The Donners’ Company ao lado de seu marido, o diretor Richard Donner (sim, o diretor de A Profecia), esteve envolvida no projeto de Constantine desde 1997. De início, Paul Hunter era o nome principal para dirigir o longa. Hunter tinha uma longa carreira dirigindo videoclipes, incluindo vários clipes de Aaliyah (que fez o papel de Akasha em A Rainha dos Condenados), mas pouca experiência com cinema.
Em 2001, Hunter acabou sendo substituído por Tarsem Singh (diretor de A Cela), e o nome escolhido para viver John nos cinemas era Nicolas Cage. Tudo ia bem com o projeto, e a ideia era começar as gravações em 2002, mas Singh se retirou da produção, gerando um longo processo entre ele e a Warner Bros. Cage também foi retirado como protagonista, e Keanu Reeves passou a ser o nome conhecido pela mídia e pelo público que iria viver o exorcista mago nas telonas a partir de 2002.
Mudanças cinematográficas
Inicialmente, Constantine realmente se chamaria Hellblazer, para se ligar mais com seu material original, mas a produção temia que o nome fosse muito parecido com Hellboy, que foi lançado em 2004, ou ainda com Hellraiser, que nos anos 2000 já estava lançando seu sétimo filme.
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Mas várias outras mudanças aconteceram entre os quadrinhos e o filme, que logo se mostraram as mais difíceis para os fãs da obra original. Primeiro, a decisão de mudar o local de combate de John para Los Angeles, quando o exorcista na verdade é da Inglaterra. Segundo, que por ser interpretado por Reeves, e estar sendo feito em Los Angeles, o personagem perdeu seu sotaque britânico. Além disso, Reeves manteve seu cabelo preto, quando o personagem é loiro. Foram detalhes, claro, mas que ajudaram que os fãs não tivessem tanta fé no projeto.
Outros elementos, entretanto, foram utilizados no enredo. Um dos principais pontos do filme, a batalha contra o câncer de pulmão de John, que está lutando para se livrar das mãos do Diabo quando morrer, aparece na série “Hábitos Perigosos”, escrita por Garth Ennis, com artes de Will Simpson, e que foi publicada entre maio e outubro de 1991. Papa Meia-Noite, personagem interpretado por Djimon Hounsou, é outra excelente adição dos quadrinhos, e que nos faz querer conhecer mais sobre esse personagem misterioso.
A Trilha Sonora
A trilha sonora oficial de Constantine foi performada por The Hollywood Studio Symphony & The Hollywood Film Chorale. Mas, a parte mais interessante dessa composição é que ela foi criada por Brian Tyler, o mesmo compositor da trilha sonora de Velozes e Furiosos. Apesar de fazer um bom trabalho na ambientação do filme, a trilha sonora não foi recebida com críticas muito boas.
Mas Constantine foi lançado dentro de uma tradição em que era muito comum utilizar músicas alternativas para dar o clima nos filmes e séries. Não era incomum que bandas de rock tivessem uma pontinha com suas músicas em cenas ou em créditos finais. No caso de Constantine, uma das cenas que ficou na mente dos fãs foi a entrada de John na boate para se encontrar com Papa Meia-Noite, enquanto “Passive”, da banda A Perfect Circle, tocava nos altos-falantes.
Apesar da música não estar no álbum da trilha sonora original — “Take Five”, de The Dave Brubeck Quartet, que John ouve em determinado momento do filme, também não consta —, é como se “Passive” tivesse se tornado, mais do que as músicas compostas por Brian Tyler, o som original do filme.
A série de TV
Dez anos após o lançamento do filme, a NBC produziu uma série que prometia ser mais fiel ao universo dos quadrinhos. Criada por Daniel Cerone e David S. Goyer, Constantine teve apenas uma temporada, que foi ao ar em 2014. Matt Ryan, que interpretou John, e alguns outros personagens da série, apareceram em outras produções da NBC que fizeram parte do Arrowverse, o universo da DC Comics adaptado para séries de TV.
Mas, assim como acontece frequentemente na internet, alguns filmes acabam entrando no coração dos fãs — mesmo que leve algum tempinho. Hoje, é fácil encontrarmos pessoas que, quando perguntadas sobre Constantine, se lembram imediatamente de Keanu Reeves e Rachel Weisz. E quem pode culpá-los, quando o filme se tornou tão nostálgico para nós que crescemos assistindo a briga entre Céu e Inferno ao som de uma baita trilha sonora?
Ainda hoje os fãs torcem para um retorno de Keanu Reeves como John em uma sequência de Constantine. Levando em consideração que, por exemplo, a sequência de Os Fantasmas se Divertem demorou mais de trinta anos para ser concretizada, será que podemos ter fé em um Constantine 2?
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