Dossiê Macabro: dos jogos aos filmes de Silent Hill

Uma das séries que transformou o mercado de jogos de terror, Silent Hill influenciou uma geração de jogadores. Conheça a jornada da franquia.

Uma cidade coberta por névoa, uma sirene que pode transformar a realidade em um mar de sangue, monstros com cabeça de pirâmide e roupas de enfermeiras. Silent Hill se transformou em um dos jogos de terror mais icônicos da primeira década do século XXI, e gerou muitos pesadelos por aí.

Criado em 1999 pela empresa de jogos Konami, o jogo ajudou a transformar o subgênero de “jogos de sobrevivência”, sendo até hoje sinônimo de sucesso — pelo menos em seus primeiros títulos. Composta por uma equipe competente, o jogo fez história com seu design e trilha sonora.

Voltado para audiências mais velhas, a franquia Silent Hill levou seus jogadores a temas mais pesados, como abusos físicos e verbais, luto, depressão, vícios, lavagem cerebral, bullying, entre outros. Situada majoritariamente na cidade de Silent Hill, no estado do Maine nos Estados Unidos, a história logo conquistou o público pelo tom perturbador e aterrorizante — um prato cheio aos fãs de terror.

Silent Hill 2, 2001

Logo dois filmes live action foram produzidos, adaptando a história dos três primeiros jogos da franquia, e Silent Hill saiu do nicho de jogos de terror para figurar entre os filmes do gênero. Apesar de não ter agradado tanto aos fãs do game, os filmes atraíram a atenção dos espectadores. 

Dentre os rumores de novos jogos e a história de sucesso do jogo lá na virada do milênio, relembramos como foi a trajetória de Silent Hill em seus 23 anos de existência. 

Linha Cronológica dos Jogos

O primeiro jogo do universo de Silent Hill foi lançado em 1999. Entre 1998 e 1999, um dos maiores sucessos dos jogos de terror era Resident Evil, que já estava avançando para seu terceiro jogo, o Resident Evil 3: Nemesis. RE2, lançado em 1998, havia feito tanto sucesso e tinha trazido uma nova perspectiva de sequências para jogos que todos aguardaram o sucesso da franquia, e o que ela traria de novo em seguida. Uma forma de competir diretamente com a Capcom, detentora dos direitos de RE, era a Konami investir em sua própria franquia de terror.

Silent Hill, 1999

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Em contraste, por exemplo, ao núcleo policial dos RE até então, o protagonista de Silent Hill era um homem comum, Harry Mason, que acorda após um acidente de carro e não encontra sua filha por perto. Ao adentrar na cidade nebulosa de Silent Hill, Mason acaba se encontrando em um pesadelo interminável.

Reunindo uma equipe que logo ficou conhecida como Time Silent, esperava-se que o jogo fosse um fracasso: a maioria dos nomes envolvidos haviam participado de títulos da Konami que falharam e, até aquele momento, o público acreditava que o que seria apresentado como resultado era uma cópia mal feita de RE. Mas, graças a isso, foi dada uma grande liberdade criativa para a equipe, e o resultado foi um dos jogos mais influentes dos anos 2000. Alguns dos nomes que compunham o time eram Keiichiro Toyama, diretor e criador; Akihiro Imamura, programador; Masahiro Ito, designer de monstros; Akira Yamaoka, compositor e produtor musical, entre outros.

Silent Hill, 1999

Silent Hill apresentou um cenário e personagens insólitos e aterrorizantes, cenas saídas diretamente de algum pesadelo de algum mestre do terror. A névoa, que impossibilita a visão completa do jogador, a procura pela criança desaparecida, que leva a uma série de pequenos problemas para encontrá-la, todas as teorias que envolviam sua história e os detalhes da trilha sonora do jogo — além, é claro, de Pyramid Head, que é um dos vilões mais impressionantes dos jogos de terror ainda hoje —, acabaram se tornando um sucesso. 

Devido ao sucesso, em 2001 foi lançada uma sequência. Silent Hill 2 acompanha agora outro protagonista, James Sunderland, que recebe uma carta de sua esposa para que ele a encontre em seu lugar especial. O ponto é que esse lugar é a cidade macabra de Silent Hill, e que sua esposa esteve morta há alguns anos. A sequência continuou entregando plot twists e uma história aterrorizante, apostando em temas mais maduros, como abuso doméstico, que poucos jogos haviam cogitado explorar até então.

Silent Hill 3, 2003

Em 2003 e 2004 foram lançados os jogos Silent Hill 3 e Silent Hill 4: The Room. O terceiro jogo retorna à história de Harry Mason, agora com sua filha como protagonista. Já o quarto jogo altera um pouco a forma como SH estava levando a história até então, e os jogadores atuam com um protagonista que está preso em seu próprio apartamento. Foram os últimos títulos de Silent Hill que foram compostos pelo Time Silent. A Konami, detentora do jogo, acabou fechando negócios com estúdios ocidentais para os jogos futuros. 

O primeiro jogo dessa nova parceria foi lançado em 2007, no ano seguinte ao lançamento do primeiro live action baseado na franquia. Intitulado Silent Hill: Origins, elementos da história do longa começaram a ser incorporados na narrativa do jogo.

Silent Hill: Homecoming, 2008

Em 2008 foi lançado o jogo Silent Hill: Homecoming, que sofreu duras críticas por apresentar um protagonista muito mais forte e capaz do que nos títulos anteriores — dessa vez, um militar —, e por pegar inspiração em filmes de “torture porn”, como O AlbergueSilent Hill: Shattered Memories, lançado em 2009, foi o jogo seguinte da franquia, e retornou às raízes como uma nova versão do primeiro título da série.

Os títulos seguintes foram como um balde de água fria para os fãs da série, e foram criticados durante, a começar pelo Silent Hill HD Collection, lançado em 2012. A coleção incluiu versões remasterizadas dos jogos SH2 e SH3, mas os jogadores ficaram frustrados ao perceber diversas mudanças, principalmente na pouca qualidade dos cenários e nas falhas da programação.

Em seguida, vieram Silent Hill: Downpour, que retirou Akira Yamaoka do projeto, e Silent Hill: Book of Memories, que não possuía mais a jogabilidade em terceira pessoa.

Silent Hills

Quando tudo parecia perdido para os fãs de Silent Hill, houve uma salvação no fim do túnel. O lançamento da demo P.T., que logo se descobriu um trailer interativo, sacudiu os fãs. Logo descobriu-se que era uma propaganda para o lançamento de Silent Hills, jogo que teria colaboração de Hideo Kojima e Guillermo Del Toro, com atuação de Norman Reedus e o trabalho de Junji Ito. 

“Teria” porque logo o sonho se transformou em ilusão. O projeto foi cancelado pela Konami, e desde então, apesar de algumas aparições em outros games e migalhas para os fãs, Silent Hill permanece no limbo. Alguns rumores sobre retirar a franquia da geladeira são ouvidos de tempos em tempos, mas não há nenhuma confirmação até o momento. 

As adaptação live action

Com diversas alterações feitas dos jogos para as telas de cinema, Silent Hill acabou alterando e expandindo os elementos de sua história. A clássica chuva de cinzas, do primeiro filme, foi uma adaptação errônea dos jogos, cujo cenário era mesmo coberto de neve — o que levou a uma alteração nos jogos lançados após o filme. As mudanças de protagonistas — que no primeiro jogo é um pai, e no filme é uma mãe —, e os vilões, também foram algumas das distâncias que o jogo assumiu com o longa.

Terror em Silent Hill

Silent Hill, 2006 // Dirigido por Christophe Gans, acompanhamos Rose da Silva (Radha Mitchell), que vai até Silent Hill após alguns episódios perigosos de sonambulismo de sua filha Sharon (Jodelle Ferland). Em suas falas noturnas, a garota sempre repete o nome da cidade. Na viagem para a cidade, Rose sofre um acidente de carro enquanto tenta acelerar contra um carro de polícia. Quando acorda, já nas fronteiras de Silent Hill, Rose percebe que Sharon não está mais por perto. A cidade, entretanto, apresenta uma teia de mistérios e um passado macabro, e Rose fica cada vez mais presa e afundada em sua busca. 

Silent Hill: Revelação

Silent Hill: Revelation, 2012 // Somente seis anos depois do primeiro filme, a sequência foi lançada. Dessa vez com direção de M.J. Bassett, acompanhamos Sharon (Adelaide Clemens), que alterou seu nome para Heather Mason, e tem fugido de cidade em cidade com seu pai adotivo (Sean Bean). A versão oficial contada para Sharon é que sua mãe faleceu em um acidente de carro e seu pai assassinou um homem, para se defender, na mesma época, e desde então eles têm fugido juntos. A história, entretanto, é diferente, e seu pai tem tentado protegê-la de uma seita que pode colocá-la em extremo perigo. Quando seu pai é sequestrado pela seita, Sharon terá que enfrentar os pesadelos do passado retornando ao lugar em que sua mãe se sacrificou para salvá-la: Silent Hill. 

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.