Reunindo todo o charme dos anos 1980, um saxofonista suado, vampiros descolados e um trio de garotos dispostos a deter os sugadores de sangue a todo custo, Os Garotos Perdidos se tornou um clássico no coração dos fãs de filmes de terror, que completa 35 anos de seu lançamento em 27 de julho de 2022.
Dirigido por Joel Schumacher, com história de Jan Fischer e James Jeremias, e roteiro de Jeffrey Boam, acompanhamos uma dupla de irmãos que se mudam para a ensolarada cidade de Santa Carla, na Califórnia, com sua mãe, Lucy (Dianne Wiest). Se sentindo deslocados desde sua chegada, os dois irmãos tentam encontrar suas diversões favoritas no local: Michael (Jason Patric), o mais velho, parte para um tipo de festa na praia, onde conhece Star (Jami Gertz); e Sam (Corey Haim), seu irmão caçula, vai até a loja de quadrinhos da cidade, onde conhece os Frog, Edgar (Corey Feldman) e Alan (Jamison Newlander).
Logo de cara os Frog avisam a Sam que Santa Carla está tomada por vampiros. De início, o garoto não acredita muito nessas histórias. Mas quando Michael chega em casa, após uma noite fora com o grupo visivelmente perigoso liderado por David (Kiefer Sutherland), o garoto começa a desconfiar que tem algo errado.
Os Garotos Perdidos é uma daquelas joias dos anos 1980 que unem criaturas terríveis, humor, amizade e uma trilha sonora de encher os ouvidos. Não é atoa que o filme, depois de 35 anos, ainda seja tão querido e cultuado.
A Macabra reuniu algumas curiosidades e fatos divertidos sobre a produção. Pegue sua água benta e sua boina vermelha, vamos caçar alguns vampiros.
Na direção, Joel Schumacher
Joel Schumacher, por si só, é uma curiosidade interessante do filme. Sabendo muito bem quais referências fazer e onde colocar determinados detalhes para o público, o diretor fez um trabalho carinhoso e dedicado em Os Garotos Perdidos.
Também é de direção de Schumacher o clássico adolescente O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, Linha Mortal, Batman Eternamente e Batman e Robin, O Fantasma da Ópera e Número 23.
Para começar, quando perguntado por que escolheu fazer um filme sobre vampiros, Schumacher foi sincero: “Vampiros são gostosos. Eles são os únicos monstros eróticos. O Frankenstein não é gostoso”.
Também foi ideia de Schumacher deixar o roteiro e a produção mais “adulta”. Originalmente, a história de Os Garotos Perdidos era bem diferente…
Mudanças de roteiro
Apesar de seu coração completamente do terror, o nome do filme vem, na verdade, de Peter Pan. Os garotos perdidos originais se uniram a Peter e voaram para a Terra do Nunca para jamais envelhecer. Acontece que, bom, os garotos perdidos vampiros também jamais envelhecem.
O nome faz ainda mais sentido quando descobrimos que o roteiro escrito por Janice Fischer e James Jeremias era muito mais próximo de Os Goonies do que o que acabou sendo realizado. No roteiro original, os vampiros tinham entre 14 e 15 anos, e os Frogs eram garotinhos de cerca de 8 anos. Quem iria dirigir essa versão seria Richard Donner, o próprio diretor de Os Goonies, que saiu do projeto para dirigir Máquina Mortífera. Quando Schumacher assumiu, ele também contratou o roteirista Jeffrey Boam, para dar um ar mais sexy e adulto ao filme.
Glitter e lentes de contato
Falando em sexy e adulto, parece que Edward Cullen e sua turma não foram os primeiros vampiros a brilhar por aí. Glitter foi misturado ao sangue falso usado nas cenas de Os Garotos Perdidos para que o líquido ficasse mais brilhante. Quem cuidou da maquiagem da produção foi Ve Neill, que em seguida trabalharia com Tim Burton em Os Fantasmas se Divertem e novamente com Joel em Batman Eternamente e Batman e Robin.
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Já o responsável pelas próteses dos vampiros foi Greg Cannom, que anteriormente havia trabalhado em A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos, e anos depois trabalhou em O Máskara, Drácula de Bram Stoker, O Curioso Caso de Benjamin Button entre tantos outros.
Há também a história de que as lentes de contato dos vampiros eram tão dolorosas que os atores só suportavam ficar com elas por alguns segundos.
Os dois Coreys
Os dois Coreys, como passaram a ser conhecidos, fizeram uma super amizade no filme e passaram a protagonizar diversos programas juntos. Ao todo, somando com Os Garotos Perdidos, foram oito longas-metragens, entre eles Sem Licença para Dirigir (1988) e Um Sonho Diferente (1989). Os dois também participaram de um reality show, chamado The Two Coreys, em 2007.
Mas é importante mencionar que a história dos dois também é um bocado triste. Ambos, desde muito cedo, se envolveram com drogas, e Corey Haim faleceu em 2010, vítima de pneumonia. Em 2020, Feldman lançou o documentário My Truth: The Rape of 2 Coreys, onde conta os abusos que ambos sofreram quando jovens em Hollywood. Um dos acusados por Feldman foi o ator Charlie Sheen, que negou as acusações. O documentário também gerou polêmicas entre a crítica especializada.
A trilha sonora
Uma boa trilha sonora pode deixar qualquer filme mais incrível. Os Garotos Perdidos por si só, sem música alguma, já é uma história de arrepiar, mas com a trilha sonora que, sem dúvida, é a mais certa que poderiam ter escolhido, se tornou um filme perfeito.
“Lost In The Shadows (The Lost Boys)”, música de Lou Gramm para a produção, dá o ar de aventura que casa bem com a caçada dos irmãos Frog contra o bando de David. “Good Times” e “Laying Down The Law”, na performance de INXS e Jimmy Barnes, nos transmite o melhor do rock oitentista — e foi somente graças à banda, inclusive, que Kiefer Sutherland aceitou participar do filme, pois era fã deles.
Mas os grandes destaques estão em “People Are Strange”, na versão de Echo and The Bunnymen, que, ouvido no momento certo, nos faz sentir aquele arrepio subindo à espinha, e “Cry Little Sister”, cantada por Gerard McMann, que foi escrita por McMann para a produção após a leitura do roteiro, sem que ele tivesse sequer visto uma cena de gravação, e acabou se tornando um hino, regravada várias vezes. Os Garotos Perdidos, afinal, está repleto de músicas incríveis.
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Mas não podemos deixar de fora um dos melhores momentos do filme, com Tim Cappello besuntado de óleo tocando seu saxofone com a música “I Still Believe”. A cena se tornou memorável, sendo lembrada com carinho pelos fãs.
Referências por toda a parte
Sendo um filme tão querido, era de se esperar que houvessem diversas aparições por aí na cultura pop. Uma das mais recentes talvez seja o figurino da personagem Robin, de Stranger Things, no volume dois da quarta temporada, em que ela usa uma boina vermelha com roupa camuflada quando está prestes a entrar no mundo invertido — uma mescla da faixa vermelha de Edgar e da boina preta de Alan. Difícil acreditar que foi uma coincidência.
Outra referência dos últimos anos que chamou bastante atenção acontece no filme Nós, de Jordan Peele. Algumas cenas iniciais foram gravadas na praia de Santa Cruz, a cidade dos garotos perdidos. Santa Cruz era conhecida como “capital mundial do assassinato” nos anos 1980, e em Os Garotos Perdidos seu nome é alterado para Santa Carla. Mas a mudança nunca enganou ninguém, e há uma festa especial em honra ao filme no local, além de render um bom dinheiro para o turismo por causa dos fãs.
Em It – Capítulo 2, é possível ver um pôster do filme no Clube dos Otários — aquele subterrâneo, construído pelo Ben.
Além, claro, de tantas vezes que o filme aparece em locadoras e cinemas, como em Máquina Mortífera, Mamãe é de Morte, Eu Sou a Lenda; no episódio “The Light at the End of the Tunnel”, de A Hora do Pesadelo: O Terror de Freddy Krueger, a menção de Mr. Orange em Cães de Aluguel, a camiseta que um dos vampiros utiliza em Blade: Trinity, e o nome dos irmãos Gecko, em Um Drink no Inferno — gecko, em inglês é lagartixa, e frog é sapo.
Smallville, Frango Robô, Supernatural, One Tree Hill, Os Simpsons, The Big Bang Theory e, claro, What We Do In the Shadows, entre tantos outros, também já fizeram referência ao filme que já se tornou um clássico.
As sequências e outras mídias
Boa parte dos filmes de sucesso dos anos 1980 acabaram ganhando uma continuação, mas somente em 2008 que Os Garotos Perdidos ganhou uma sequência. Dirigido por P. J. Pesce, Os Garotos Perdidos 2: A Tribo conta a história de dois irmãos que se mudam para uma cidade costeira dominada por vampiros. Somente Corey Feldman retorna do elenco original. E, neste caso, ser um garoto perdido se tornou um negócio de família, com outro filho de Donald Sutherland protagonizando como um vampiro. Angus Sutherland, um dos irmãos mais novos de Kiefer, interpreta o vampiro Shane. Também contamos com uma participação pra lá de especial de Tom Savini.
Já a segunda sequência, Os Garotos Perdidos 3: A Sede, dirigida por Dario Piana e lançada em 2010, conta com Edgar Frog tentando deter um vampiro DJ que dá raves alucinantes (e sanguinolentas) na Califórnia.
Ambos os filmes foram feitos para a TV e nenhum deles rendeu boas críticas. Se você nunca ouviu falar de nenhum dos dois, acontece. Mas, antes desses dois projetos, Schumacher já havia pensado em fazer uma sequência. Como todos os garotos perdidos do filme original estavam mortos, o cineasta pensou em fazer um filme centrado somente em vampiras. Entretanto, a ideia infelizmente não vingou.
Mas a história dos garotos perdidos também ganhou as páginas dos quadrinhos. Em 2008 foi lançada a série Lost Boys: Reign of Frogs, que se insere entre o filme original e A Tribo. Publicada pela Wildstorm, acompanhamos os irmãos Frog em suas aventuras de caça aos vampiros.
Em 2016 a DC Vertigo lançou um quadrinho em seis partes que ignora a sequência com os Frogs, e foca no antigo plano de fazer um grupo de garotas perdidas, junto aos sobreviventes do filme. Nenhuma das duas séries em quadrinhos foram lançadas no Brasil.
Remake?
Há anos fala-se de um remake para o filme original. As últimas notícias que tivemos afirmam que Jonathan Entwistle será o diretor, com roteiro de Randy McKinnon, com Noah Jupe e Jaeden Martell no elenco.
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Enquanto não temos maiores novidades deste projeto, mantemos a chama acesa com o filme original. Qual seu momento favorito em Os Garotos Perdidos? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.