Gatos Macabros: O papel dos felinos em filmes de terror

Místicos, elegantes e divertidos, os gatos são presença ilustre em produções aterrorizantes. Confira algumas das utilidades felinas em um filme de terror.

Eles não são conhecidos como os melhores amigos do homem, mas desenvolveram uma relação de parceria com os humanos que transcende culturas e gerações. Adorados como deuses no Egito Antigo, difamados e perseguidos na Idade Média e hoje idolatrados nos vídeos da Internet, os gatos sabem se manter relevantes no imaginário popular.

A associação dos felinos com bruxas e com o sobrenatural os tornou particularmente atraentes para os filmes de terror. E até neste mercado eles conseguem se manter versáteis, servindo à narrativa de diferentes formas: animal possuído, sacrifício ou apenas para dar uns bons sustos de vez em quando. 

Conheça alguns dos principais papéis destes bichanos macabros nos filmes de terror:

1. Zumbis ou fantasmas

A utilização de gatos zumbis ou fantasmas não é tão comum assim, mas há um filme para compensar este subaproveitamento: Cemitério Maldito. A adaptação do livro de Stephen King traz Church, o gato zumbi mais famoso que se tem notícia. Na história, o gatinho da família Creed é enterrado em um sinistro cemitério animal que tem poderes para trazer os bichinhos de volta à vida.

Church realmente volta, mas não dá pra dizer que se trata do mesmo bicho: ele agora tem um cheiro terrível e problemas de personalidade piores do que os dos gatos que aparecem em Meu Gato Endiabrado. Algumas coisas definitivamente deveriam permanecer enterradas.

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Gatos zumbis ou fantasmas podem ter também diferentes níveis de gore. Um exemplo de bichano fantasma fofinho é Thackery Binx de Abracadabra, um humano com sua alma imortal aprisionada no corpo de um gato preto. Ele até chega a ser atropelado em uma cena, mas a maldição acaba salvando-o. Já uma representação bem menos bonita ocorre em A Hora dos Mortos-Vivos, quando Herbert West (Jeffrey Combs) utiliza seu soro verde fluorescente no gatinho Rufus.

2. Gatos possuídos

Nos filmes de terror os gatos também se tornam ameaçadores ao serem possuídos por espíritos malignos. Uma das cenas mais emblemáticas de gatos possuídos pertence ao filme A Casa da Noite Eterna, em que um gato que ronda a casa ataca a médium Florence (Pamela Franklin). A sequência rendeu uma sátira com Anna Faris em Todo Mundo em Pânico 2.

Em um exemplo mais recente, um gatinho demoníaco se mostra crucial na cena final de Possuídos, thriller de 1998 com tons sobrenaturais estrelado por Denzel Washington.

3. Vetores de magia obscura

Até mesmo os mocinhos podem acabar usando gatos de forma inapropriada, em rituais associados a magia negra. Em Constantine, o personagem de Keanu Reeves utiliza Duck, o gato da falecida Isabel (Rachel Weisz) para abrir os portões do inferno. O bichano, claro, se incomoda com aquilo ali e foge quando o ritual acaba.

Um gato que não teve tanta sorte é a fofinha bola peluda de Christine (Alison Lohman), em Arraste-me para o Inferno. Perturbada pela ameaça do espírito maligno Lamia, ela descobre que a maldição pode ser quebrada através de um ritual de sacrifício. Acaba sobrando pro bichinho e Christine continua amaldiçoada, agora também pelo público que ficou indignado com tal maldade.

4. Consciência e gatos vingadores

Quem tem um gato sabe: os olhares penetrantes deles parecem estar te julgando profundamente. Edgar Allan Poe utilizou esta característica para fins narrativos no conto O Gato Preto, em que um bêbado vê sua vida ser arruinada após ele atacar e matar seu fiel gato. Com a consciência pesada, ele pega um novo gato, quase idêntico ao falecido, mas que parece puni-lo pelo crime que ele havia cometido. O novo animal funciona quase que como um vingador por seu primo falecido.

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O espírito de vingança vai além no filme A Sombra do Gato, que conta a história de um felino que presencia a conspiração que resulta na morte de sua dona. Sabendo do envolvimento do marido dela e do mordomo, o gato embarca em uma missão de atormentá-los pelo assassinato.

Uma subdivisão dos gatos vingadores envolve mulheres que foram violentadas ou injustiçadas e que, com a ajuda de gatos, retornam para acertar as contas. No filme japonês O Gato Preto, duas mulheres são brutalmente estupradas e assassinadas por samurais. Elas são magicamente trazidas de volta com a ajuda de um gato preto e embarcam em sua missão de vingança. Esta premissa serviu de inspiração para a origem da Mulher-Gato em Batman: O Retorno.

5. Detectores do mal

No filme iraniano Garota Sombria Caminha pela Noite, o gato é um personagem importante na narrativa em seus encontros com almas desoladas em Bad City, em especial com a garota que dá título à produção. Também com tema vampiresco, Sonâmbulos, de Stephen King, tem criaturas híbridas com gatos que só podem ser detectados e afetados por gatos comuns.

O conceito de que gatos podem detectar espíritos é bem popular no mundo real, e isso foi explorado em produções além dos filmes de terror. Em Ghost: Do outro lado da vida, o gato de Molly (Demi Moore) é capaz de ver o espírito de Sam (Patrick Swayze) e o ajuda a protegê-la de assassinos – tornando-se também um gato vingador. Em Matrix, a famosa cena do déjà vu não coincidentemente tem um gato preto, indicando de que algo maligno foi alterado.

6. Sustos!

Às vezes o papel de um gato no filme pode ser muito simples e objetivo: dar sustos! Isso é bem comum em cenas de suspense que levam ao famoso jump scare: o personagem está apreensivo, em um ambiente escuro, atento a qualquer som quando um miado serve para dar aquele chacoalhão na plateia, mostrando que o tal do monstro era só um bichano (na verdade nunca é, e este alívio momentâneo geralmente é o prenúncio de que algo muito pior está por acontecer). É por isso que donos de gato não se assustam com tanta facilidade.

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Renunciei à vida mundana para me dedicar às artes da trevas. No meu cálice nunca falta vinho ungido e protejo minha casa com gatos que afastam os espíritos traiçoeiros. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.