Conhecido como “O Poderoso Chefão da Maquiagem” em Hollywood, Richard Emerson “Dick” Smith nasceu em 26 de junho de 1922, em Larchmont, Nova York. Dick Smith começou a trabalhar em Hollywood em 1945 como diretor de maquiagem da então nova rede NBC. Ele permaneceu na emissora até 1959, onde foi pioneiro no uso da espuma de látex e de plásticos para criar próteses e maquiagem no ritmo da TV ao vivo nos EUA.
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Smith entrou na faculdade de Yale com a pretensão de ser dentista, porém, após algum tempo, acabou escolhendo zoologia. Mas não é por isso que Dick ficou conhecido. Após ler um livro intitulado Paint, Paste and Makeup, que falava sobre técnicas de maquiagens teatrais, Dick passou a fazer as maquiagens do grupo de teatro de Yale. Após a graduação, se alistou no exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial.
Após retornar, então, em 1945, Dick se dedicou por completo ao que começou na faculdade: seu trabalho como maquiador. Autodidata, Dick começou a enviar fotografias de seus trabalhos para a indústria cinematográfica e foi rejeitado em inúmeras tentativas. Seu pai deu a ideia de tentar entrar na indústria a partir da televisão, mídia emergente no período.
Provavelmente Dick Smith é mais conhecido por seu trabalho inovador em O Exorcista e pelo envelhecimento de Marlon Brando para o papel de Don Vito Corleone em O Poderoso Chefão — a icônica expressão cansada de Marlon Brando foi conquistada com uma mistura de um látex finíssimo com próteses bucais improvisadas, deixando o ator completamente diferente. Mas ele também emprestou seu talento a vários clássicos, entre eles Taxi Driver, Scanners – Sua Mente Pode Destruir, Fome de Viver (com David Bowie se tornando um vampiro) e Amadeus. Na televisão, Dick trabalhou em programas como Way Out, programa semelhante a Além da Imaginação, e apresentado por Roald Dahl, famoso escritor de livros como James e o Pêssego Gigante, A Fantástica Fábrica de Chocolate e Convenção das Bruxas.
Incrivelmente autodidata, Dick Smith foi pioneiro na técnica de aplicar próteses de látex em vários e pequenos pedaços em vez de uma única peça sólida (o que permitiu uma maior amplitude de expressão facial nos atores e deu à maquiagem uma aparência muito mais natural na tela). Este método ainda é usado como padrão por artistas de maquiagem de efeitos especiais hoje em dia, o que não é pouca coisa, considerando que ele inventou a técnica na década de 1960.
Com o seu livro Do It Yourself: Monster Make-Up Handbook (1965) que ensinava o passo-a-passo para criar 15 monstros diferentes com maquiagem facial, Smith influenciou Rick Baker e toda uma geração de artistas.
Ainda que tenha projetado uma das maiores tomadas de efeitos especiais da história com a “cabeça explodindo” em Scanners (obtida enchendo uma cabeça protética com comida de cachorro e fígado de coelho e em seguida a explodindo com uma espingarda), o Oscar o encontrou não através um filme de terror, mas com seu trabalho em Amadeus.
Dick Smith também serviu como mentor do futuro mestre Rick Baker, que uma vez opinou que se sentia culpado por ganhar um Oscar de Melhor Efeitos Especiais (por Um Lobisomem Americano em Londres) antes de Smith: “Fiquei envergonhado [em 1982] quando recebi um Oscar antes de Dick — ele era o mestre!”.
Dick Smith alterou e ajudou a moldar muito do que conhecemos hoje sobre maquiagens cinematográficas. Lançou o livro Dick Smith’s Do-It-Yourself Monster Make-up Handbook em 1965, para mostrar as possibilidades da maquiagem e suas utilizações. As imagens a seguir são desse livro.
Em julho 2014, foi o mesmo Rick Baker quem nos trouxe a notícia do falecimento de Dick Smith em seu Twitter: “O mestre se foi. Meu amigo e mentor Dick Smith não está mais entre nós, e o mundo não será mais o mesmo”.
Obrigada pelos pesadelos, Dick.