Nos últimos quatro ou cinco anos você já deve ter visto seu rosto por aí. Mas foi a partir de 2022 que Mia Goth passou a preencher as redes sociais, principalmente depois do lançamento do trailer de Pearl, segundo filme da trilogia dirigida por Ti West, que conta com X e MaXXXine.
A atriz, que comemora 30 anos em outubro de 2023, já disse estar mais interessada na possibilidade de desenvolver seus personagens do que na trama dos filmes em si. Para ela, o que mais lhe interessa como atriz são “estudos de personagens, diretores que se interessam pelos atores e tiram o melhor deles e diretores que se preocupam com a verdade, e que estão na vanguarda do que fazem”.
De Ninfomaníaca a Infinity Pool, seu mais recente trabalho, Mia Goth construiu uma carreira cheia de atuações impressionantes e personagens profundos. Confira uma retrospectiva das obras que marcaram sua carreira até aqui.
O início da carreira
Mia Goth nasceu na Inglaterra, mas logo se mudou para o Brasil, ainda na infância. Filha de mãe brasileira e pai canadense, Goth é neta da atriz Maria Gladys e do artista Lee Jaffe. Enfrentando dificuldades para criá-la sozinha, sua mãe buscou apoio com a família no Brasil. Retornaram para Londres quando Mia tinha cerca de cinco anos, indo morar com a família paterna, no Canadá, mas logo voltando à Londres, onde a mãe a criou sozinha.
Goth foi descoberta pela fotógrafa Gemma Booth quando tinha 14 anos, no Underage Festival, um festival de música a céu aberto em Londres. Logo Mia assinou contrato com a agência Storm Model Management, fazendo anúncios para a Vogue e Miu Miu.
Foi somente aos 16 anos que Mia se voltou aos possíveis trabalhos como atriz. Depois de terminar o equivalente ao ensino médio inglês, Mia conquistou seu primeiro papel de destaque, no segmento “The Gun”, no segundo volume do filme Ninfomaníaca (2013), de Lars von Trier, ao lado de atores de peso, Charlotte Gainsbourg e Willem Dafoe.
Ainda em 2013, Mia Goth também participou da série The Tunnel, no papel de Sophie, e do videoclipe Haunted Love, da banda Future Unlimited, dirigido por Shia LaBeouf.
A ascensão
Ninfomaníaca realmente abriu as portas de novos trabalhos para Mia Goth. Desde então, ela tem construído uma sólida carreira. Principalmente quando falamos de filmes de gênero.
Entre 2014 e 2015, Mia Goth trabalhou com o cineasta Stephen Fingleton no curta Magpie (2014) e no longa The Survivalist (2015), obras dentro da ficção científica, ambas se passando no mesmo cenário pós-apocalíptico. Ainda em 2015, Mia Goth esteve no drama biográfico Evereste, dirigido por Baltasar Kormákur, que conta a história de Robert Edwin Hall, neozelandês que ficou reconhecido por, em 1996, começar sua escalada ao Everest. Também em 2015, Mia Goth esteve em um episódio da série Wallander, protagonizada por Kenneth Branagh.
Em 2016, Mia esteve em seu papel de maior destaque desde Ninfomaníaca. Em A Cura, de Gore Verbinski, Mia interpreta Hannah. No filme, um jovem executivo parte para um spa que promete oferecer a cura para diversos males, mas esconde um terrível segredo. Além de ter um dos grandes papéis do filme, Mia Goth também apareceu em destaque em diversos materiais de divulgação, e trabalhou ao lado de Dane DeHaan e Jason Isaacs.
O ano de 2017 trouxe O Segredo de Marrowbone (2017), em que Mia Goth protagonizou ao lado de George MacKay, Anya Taylor-Joy e Charlie Heaton, dirigido por Sergio G. Sánchez. Na história, quatro irmãos tentam se manter unidos após a morte da mãe, da qual eles guardam segredo para não serem separados, quando se vêem ameaçados por uma força sobrenatural.
High Life e Suspiria: A Dança do Medo foram lançados em 2018. Em High Life, dirigido por Claire Denis, Mia Goth contracenou com Robert Pattinson e Juliette Binoche, na história de um grupo de criminosos que aceita participar de um experimento em uma nave espacial, para além do Sistema Solar, ambientado no futuro. Em Suspiria, remake do clássico de Dario Argento dirigido por Luca Guadagnino, Mia Goth é uma das dançarinas da escola de dança Tanz, e contracena ao lado de Chloë Grace Moretz, Dakota Johnson e Tilda Swinton.
Em 2019, Mia Goth voltou a trabalhar com Luca Guadagnino no curta The Staggering Girl, uma história sobre uma escritora que vive nos Estados Unidos, e retorna à Roma para se reencontrar com sua mãe. Goth interpreta uma versão mais nova da mãe da escritora. O elenco também é composto por Julianne Moore, Marthe Keller e Kyle MacLachlan.
Nos anos seguintes, entre 2020 e 2022, Mia Goth passaria por outra ascensão em sua carreira, e não somente no terror. Em 2020, Mia Goth interpretou Harriet Smith, papel de destaque em Emma., adaptação do clássico de Jane Austen dirigido por Autumn de Wilde, e segunda vez em que contracenou com Anya Taylor-Joy. Em 2021, a atriz também teve papel de destaque no filme Mayday, de Karen Cinorre, uma história de fantasia e mistério. E em 2022, antes dos sucessos de X e Pearl, Mia Goth participou da narração do primeiro segmento da animação The House, intitulado “And Heard Within a Lie Is Spun”.
X, Pearl e, em breve, MaXXXine
Todos ficaram um pouco surpresos com o anúncio da nova trilogia de filmes de terror de Ti West. Já no lançamento de X, soubemos que sua sequência, Pearl, logo também estaria nos cinemas. E, em seguida, a notícia que ainda teríamos uma terceira parte da história em breve, intitulada MaXXXine. Mas não foi isso que chamou a atenção do público.
Narrando a história de um grupo de jovens que parte para o interior do Texas para gravar um filme adulto, X ainda tem no elenco Jenna Ortega, Brittany Snow, Kid Cudi e Martin Henderson. Goth vive Maxine, uma das atrizes do projeto, que sonha em ser uma grande estrela. Entretanto, depois do lançamento do filme, descobriu-se que Mia Goth também interpretava Pearl, dona, junto de seu marido, da fazenda que a equipe do filme aluga para as gravações. Uma senhora com um segredo em seu passado e que coloca em risco a vida dos jovens.
Logo a maquiagem feita em Mia Goth para interpretar Pearl, uma idosa, tomou as redes sociais dos fãs de horror. Uma das responsáveis pela maquiagem, Sarah Rubano contou ao Bloody Disgusting que eram necessárias cerca de 30 próteses para a transformação de Mia. Além disso, claro, também eram necessárias as horas de maquiagem da própria personagem Maxine, com as sardas e a maquiagem chamativa — detalhe que Ti West fez questão em incorporar na estética setentista.
Originalmente, X foi lançado no dia 13 de março de 2022. Pearl fez sua primeira aparição logo ao final do filme, em um teaser. O segundo filme foi lançado no circuito comercial em 16 de setembro de 2022.
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Pearl narra o passado da personagem título. A idosa dona da fazenda em X, em sua juventude, quando tinha sonhos e aspirações bastante parecidas com as de Maxine. Antes mesmo de seu lançamento, o filme já havia se tornado um sucesso com as poucas imagens divulgadas no trailer. Mia Goth está em um de seus melhores papéis, com um séquito de fãs que preferem o segundo filme ao primeiro.
O futuro de Mia Goth
E tudo indica que a atriz está só começando. Em 2023, Mia Goth estará — até o momento — em dois dos filmes mais aguardados do ano: MaXXXine, terceiro filme da trilogia de Ti West, e Infinity Pool, de Brandon Cronenberg.
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Brandon Cronenberg, filho de David Cronenberg, tem estado na mira dos fãs de filmes de terror desde 2012, quando lançou seu primeiro longa, Antiviral. Oito anos depois, quando lançou Possessor, os fãs passaram a aguardar com ansiedade as novas notícias de seus próximos filmes.
Infinity Pool conta a história de um casal que, passando as férias em uma ilha isolada, acaba sendo arrastado para uma teia de insanidade e violência quando segredos obscuros do local começam a ser revelados. O filme também conta com Cleopatra Coleman e Alexander Skarsgård no elenco. O filme fez sua primeira estreia em Sundance, no dia 21 de janeiro de 2023. Tudo indica que, assim como os outros filmes do diretor, será impossível sair sem uma opinião sobre ele.
A presença de Mia Goth no terror
Apesar de já ter mencionado em entrevistas que o horror e o terror não são, necessariamente, os gêneros em que mais teve contato como fã de filmes, Mia Goth também fica feliz com as oportunidades com personagens interessantes dentro do gênero e parece reconhecer algumas das coisas fundamentais sobre a indústria enquanto atriz: o preconceito deliberado contra os filmes desse tipo.
Mia Goth, assim como uma extensa lista de atrizes que estiveram envolvidas com filmes de gênero nos últimos anos, além das próprias obras, são, muitas vezes, ignorados em premiações. Papéis como o de Lupita Nyong’o em Nós, que nunca recebem uma atenção maior como no Oscar, por exemplo, nos mostram que há algo de errado com a forma como se avaliam essas participações.
Em entrevista ao IndieWire, Goth comentou como os filmes de horror são mal vistos em relação às indicações e prêmios: “Eu acho que isso é muito político e não é inteiramente baseado na qualidade do projeto em si. Tem muita gente ditando as regras nessas nomeações e categorias. Talvez eu não devesse dizer isso, mas sinto que é verdade. Acho que muitas pessoas sabem disso. Não sei porquê.”.”
“Eu acho que uma mudança é necessária. Se eles querem se engajar com o público mais amplo, eu acho que seria muito vantajoso.”
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