Não ouse dizer seu nome: Curiosidades sobre Candyman

O filme de Bernard Rose presenteou os fãs de terror com um dos vilões mais icônicos do gênero, e celebra 30 anos em 2022. Confira curiosidades sobre o filme.

Baseado em um dos contos mais icônicos de Clive Barker, um dos mestres dos terror moderno, O Mistério de Candyman aterrorizou gerações com seu vilão. Sua mão de gancho e suas aparições quando chamado cinco vezes o transformaram em um dos mais emblemáticos personagens do terror do período, e ainda hoje é lembrado com reverência.

Em outubro, O Mistério de Candyman completa 30 anos de seu lançamento. Clássico do terror dos anos 1990, dirigido por Bernard Rose, o filme conquistou fãs graças ao trabalho dedicado de Rose e sua equipe e, também, pelo carisma irresistível de Tony Todd, antagonista do longa, que se tornou uma estrela do terror.

No filme de 1992, Helen (Virginia Madsen), uma jovem acadêmica, está reunindo material para uma tese, pesquisando o fenômeno de lendas urbanas em Cabrini-Green. Lá, entretanto, ela acaba descobrindo que o mundo que conhece é totalmente distante da realidade. A presença de Helen não é bem aceita pelos moradores, que têm uma dinâmica completamente diferente. Além disso, a jovem conhecerá uma história que testa os limites do que é real e o que não é quando entra em contato com Candyman, uma lenda que tem deixado sua marca na região. O que de início parecia uma forma de esconder a violência de gangues de rua, logo se mostra bastante perigoso para Helen. Mas Candyman poderia ser real?

Pegue seu saco de doces e descubra algumas curiosidades sobre a obra. Mas atenção: cuidado com as abelhas.

O conto de Clive Barker

Candyman foi adaptado de um conto de Clive Barker, presente no quinto volume de sua famosa coletânea Livros de Sangue, publicados entre 1984 e 1985. O conto, originalmente chamado “The Forbidden”, se passa em Liverpool, em Londres, e possui algumas diferenças significativas de temas em relação a adaptação cinematográfica de 1992 como, por exemplo, as diferenças raciais dos personagens. No conto, o foco está principalmente em questões de classes sociais, sem o recorte da raça como ponto forte. O conto também não avança para o passado de Candyman, sendo considerado somente uma lenda urbana, sem sabermos exatamente quais suas origens. No filme, parte da criação do passado do personagem se deve a Tony Todd.

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Atores diferentes

Por pouco Candyman não foi completamente diferente do que conhecemos hoje. Na época, os produtores queriam que Eddie Murphy interpretasse o vilão, mas o cachê para Murphy era quase o dobro do orçamento que tinham para realizar o filme. Já para o papel de Helen, da atriz Virginia Madsen, caso ela estivesse indisponível, poderia ir para Sandra Bullock. Inicialmente, a atriz Alexandra Pigg, que era esposa de Rose na época, teria ficado com o papel de Helen, mas descobriu que estava grávida.

O cavalheiro Tony Todd

Tony Todd e Virginia Madsen treinaram dança de salão para se aproximarem e se tornarem mais íntimos em seus papéis. Mesmo sendo antagonistas, a química deu certo. Em sua entrevista para a Horror News Network, Madsen contou um pouco sobre como foi a experiência de gravar com Tony Todd. Para ela, Todd é um homem poético e elegante, com uma voz linda. Um “gigante gentil”. 

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As abelhas

Não pense que as abelhas foram criadas a partir de CGI. Todas elas eram reais. Tony Todd, durante o documentário History of Horror, de Eli Roth, contou que foi picado 23 vezes ao longo das gravações e acabou negociando um bônus de pagamento de mil dólares a cada picada.

Foram as abelhas que quase fizeram Madsen desistir do papel. Em entrevista ao site Horror News Network, Madsen conta que quando Bernard Rose disse que o papel estava relacionado a abelhas, a atriz avisou a ele que era alérgica a abelhas. No entanto, ele respondeu: “Não, você não é alérgica, você só está com medo”. Após alguns testes, que comprovaram a alergia de Madsen, o cineasta disse “Bom, terão paramédicos lá, vai ficar tudo bem”. 

As abelhas foram criadas especificamente para uso no filme. Em Madsen, foram usadas abelhas bebês, com poucas horas de vida, que eram do tamanho das abelhas adultas, mas com menor probabilidade de picarem a atriz. 

O gancho

A história de Candyman foi parcialmente inspirada em duas lendas urbanas — a Bloody Mary e o conto de um maníaco que foge de um hospital psiquiátrico e persegue jovens. O gancho que Candyman carrega é importante para a caracterização do personagem, e um ferreiro foi contratado para fazê-lo sob medida. Entretanto, a produção quase ficou sem seu apetrecho. Quando o homem descobriu que era Clive Barker o autor da história, queria se negar a terminar o trabalho. Acontece que o ferreiro contratado era um cristão convicto, e achava que as visões de Barker sobre o mundo eram infernais.

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Sequências

Assim como a maioria dos sucessos dos anos 1980 e 1990, Candyman recebeu algumas sequências ainda em sua década de lançamento — bem menos reconhecidas e amadas que seu filme original. 

Em Candyman 2: Vingança (1995, dir. Bill Condon), Candyman parte para Nova Orleans e transfere seu alvo para uma jovem professora, cuja família foi arruinada por ele anos antes. Bernard Rose havia planejado uma sequência diferente para o filme de 1992, deixando o nome de Candyman de lado e focando, desta vez, em outras lendas urbanas, mas o projeto não foi adiante. Já em Candyman: Dia dos Mortos (1999, dir. Turi Meyer), Candyman vai atrás de uma de suas descendentes, que é uma artista, para que ela se junte a ele. Para isso, assim como nos filmes anteriores, Candyman faz com que diversos assassinatos pareçam ser culpa da jovem.

Mas o maior sucesso como sequência de Candyman foi o filme lançado em 2021, A Lenda de Candyman, dirigido por Nia DaCosta. No filme, enquanto vários assassinatos começam a acontecer, um jovem artista passa a ter visões da lenda urbana. Considerado por muitos um dos melhores filmes de 2021, o longa moderniza diversos elementos presentes no filme original e mantém a questão racial como ponto importante para a narrativa.

Duelo de vilões

 

Antes do filme de 2021, entretanto, houveram outras duas tentativas de trazer Candyman de volta aos cinemas no início dos anos 2000: Bernard Rose estava interessado em uma prequel para o filme, focado em Helen, mas o estúdio não aceitou a proposta. Na mesma época, com o sucesso de Freddy x Jason, a ideia era realizar um encontro entre Candyman e Leprechaun. Tony Todd rejeitou a ideia assim que soube da possibilidade. Em entrevista, ele afirmou que jamais faria uma coisa assim. Podemos dizer que foi uma sorte.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.