Nosferatu: cem anos de tradição

Com todos os olhares voltados ao novo filme de Robert Eggers, a Macabra relembra as polêmicas e os remakes de Nosferatu.

Orelhas compridas, dentes pontudos, um rosto bastante hostil. Nosferatu se tornou uma das representações imagéticas mais fortes do cinema de terror dos últimos cem anos. É fácil reconhecê-lo, mesmo para aqueles que não são conhecedores do gênero. 

Mas de onde veio esse vampiro? Como começou a história de Nosferatu? Com a nova versão tão aguardada de Robert Eggers, os olhos estão ainda mais voltados para essa figura tão aterrorizante, tão icônica e importante para o gênero.

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A Macabra viaja no tempo para cem anos no passado e te conta um pouco mais sobre essa produção, seus remakes, o que sabemos da nova versão e o impacto do filme na cultura pop. Vem com a gente.

O filme de 1922

Já é uma anedota muito clássica entre os fãs de vampiros e de cinema de terror em como Nosferatu foi criado e lançado. Dirigido por F.W. Murnau, muitos sabem que Nosferatu foi uma “cópia” de Drácula, alterando somente o nome dos personagens, mas mantendo eventos significativos do texto de Bram Stoker. 

Na história, Thomas Hutter (Gustav von Wangenheim) viaja até os Cárpatos para fechar negócio da venda de uma residência ao Conde Orlok (Max Schreck). Após alguns incidentes durante o jantar, Hutter começa a ter desconfianças de que Orlok seja um vampiro. Na Inglaterra, a esposa de Hutter, Ellen (Greta Schröder), tem uma visão onde seu marido está sendo ameaçado. Orlok, então, parte para a Inglaterra, e estranhas mortes começam a acontecer.

Quando Nosferatu foi lançado, a viúva de Bram Stoker, Florence, ainda viva, soube da produção e fez o possível para tirá-la de circulação. Após descobrir sobre a existência do filme, quando recebeu um programa da exibição dele em Berlim, onde estava escrito que era uma adaptação de Drácula, Florence percebeu que o filme ia contra as leis de direitos autorais. Após uma longa batalha judicial, Florence pediu que as cópias do filme fossem destruídas. Algumas realmente foram, mas, como podemos ver ainda hoje, Nosferatu continuou circulando.

O processo de Florence realmente não tinha muito para onde ir. A empresa responsável pela produção, Prana, decretou falência pouco tempo depois do lançamento de Nosferatu. Formada por Enrico Dieckmann e pelo artista ocultista Albin Grau, a Prana queria entrar no ramo do cinema com filmes sobre ocultismo e sobrenatural, mas não sobreviveu por muito tempo. 

Um fato curioso é que, de acordo com o que sabemos, Nosferatu foi a primeira produção que expôs uma morte de vampiro pela luz do sol. Antes disso, apesar do desconforto de vampiros aos raios solares e sua preferência pela escuridão, ainda não havia tido mortes dessa forma.

A versão de Werner Herzog

Em 1979, Herzog fez uma versão de Nosferatu devolvendo os nomes originais dos personagens vindos de Drácula. Klaus Kinski interpretou o Conde, Isabelle Adjani foi Lucy Harker e Bruno Ganz viveu Jonathan Harker. Apesar dos nomes originais, a versão de Herzog se inspirou no visual e na forma de contar a história de Murnau, mantendo o nome de Nosferatu para seu filme, sendo uma homenagem do diretor para a obra de 1922. Duas versões foram lançadas: uma onde os atores falam em inglês, outra onde eles falam em alemão.

O filme foi muito bem recebido e logo se tornou um clássico cult. Feito com um baixo orçamento e uma equipe bastante enxuta, Herzog conseguiu fazer um remake bastante digno da obra original, sem tentar apagá-la ou copiá-la e, ainda assim, mantendo as características principais em seu projeto. 

Por trás do clássico

Um filme sobre fazer um filme. A Sombra do Vampiro foi lançado em 2000, dirigido por E. Elias Merhige e escrito por Steven Katz, e acompanhamos como foi o processo de Murnau para concretizar sua vontade de fazer um filme, na era muda do cinema, sobre um vampiro da Transilvânia — com um toque especial de que ele começa a ter desconfianças quanto ao seu ator principal.

O filme contou com um elenco estelar, com John Malkovich como Murnau, Willem Dafoe como Max Schreck, e ainda teve Udo Kier e Cary Elwes. Um fato curioso sobre A Sombra do Vampiro é que ele foi produzido pela Saturn Films, a produtora de Nicolas Cage. De início, Cage queria interpretar Schreck, mas acabou ficando contente pela oportunidade de inserir Dafoe no filme. Com técnicas que eram originalmente utilizadas na era muda do cinema, o filme recebeu boas críticas e se tornou, também, um clássico cult entre os fãs de vampiros e filmes sobre cinema.

O remake pré-Eggers

Antes de Robert Eggers lançar seu tão esperado filme, uma outra versão de Nosferatu foi lançada este ano. Sem alarde, Nosferatu: A Symphony of Horror, de David Lee Fisher, foi lançado diretamente para internet em outubro e poucos ouviram falar do filme. Porém, além do lançamento tão próximo a um dos filmes mais aguardados do ano que tem a mesma temática, outras coisas chamam a atenção na produção.

A começar por seu diretor, David Lee Fisher tem apenas outro crédito em sua carreira pública, conforme mostra sua página no IMDb, um remake de O Gabinete do Dr. Caligari, lançado em 2005. Depois disso, ele ficou todos esses anos sem apresentar um filme para o público, e retornou com um remake de Nosferatu. Outra coisa que chama a atenção para seu filme é seu ator principal: Nosferatu é interpretado por ninguém menos que Doug Jones, a estrela que interpretou alguns dos monstros mais icônicos das primeiras décadas deste século e do final do século passado, estando em vários filmes de Guillermo del Toro e tantos outros.

A nova versão

Vindo de uma leva de grandes sucessos, muitos ficaram atentos quando Eggers anunciou que finalmente conseguiria fazer seu projeto dos sonhos: um remake de Nosferatu. Desde que surgiu como um grande nome dos filmes de terror com o lançamento de A Bruxa, Eggers afirmava em entrevistas que esse era o projeto que mais gostaria de se dedicar.

A hora finalmente chegou e estamos prestes a conferir essa produção. Estrelada por Bill Skarsgård, Nicholas Hoult, Willem Dafoe, Emma Corrin, Lily-Rose Depp e Aaron Taylor-Johnson, o filme apresenta, desde seu trailer, uma atmosfera sombria e tensa. No Brasil, a data prevista para a estreia é 02 de janeiro de 2025, mas devemos começar a ter as primeiras impressões da crítica já nas próximas semanas, pois nos Estados Unidos o filme estreia no Natal.

Confira o trailer abaixo.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.