Ser um adolescente, ou um quase adolescente, e ser também um amante do terror é estar em um eterno limbo: jovem demais para assistir certos filmes — que nossos pais acham que não assistimos —, e ser velho demais para nos surpreender com os filmes de terror mais leves. Além disso, nem sempre esses filmes nos acessam — tem coisas que a gente só reconhece anos depois.
Se você cresceu entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 2000, vai se lembrar de algumas obras que foram feitas especialmente para essa faixa etária — o que, por sorte, não impediu os mais velhos e os mais novos de ficarem roendo as unhas do mesmo jeito. Goosebumps: Histórias de Arrepiar, é uma série adaptada dos livros de mesmo nome do autor R.L. Stine. Junto de Clube do Terror (Are You Afraid of the Dark?, de 1990), formaram duas das séries teens mais importantes de terror das últimas décadas.
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Ainda hoje podemos encontrar jovens que assistiram episódios de Goosebumps e se lembram de algum episódio que os fez tremer de medo. E não era para menos, R.L. Stine, seu autor, sempre pareceu ter um dom ao lidar com medos — reais ou irreais — de jovens na puberdade.
A série de livros que deu origem a Goosebumps nasceu em 1992, e cerca de 62 livros foram publicados até 1997. Goosebumps se tornou um fenômeno muito rápido, e mais de 350 milhões de livros foram vendidos até hoje. É a segunda série de livros mais vendida, ficando atrás somente de Harry Potter. Além da série, diversos filmes foram feitos utilizando suas histórias como base. Em 2015, tivemos o filme Goosebumps: Monstros e Arrepios, que reúne elementos dos livros de maior sucesso. O filme recebeu uma sequência em 2018, Goosebumps: Halloween Assombrado.
Atualmente, entretanto, R.L. Stine novamente nos holofotes com novas adaptações. Rua do Medo, trilogia lançada recentemente pela Netflix, com direção de Leigh Janiak, se tornou uma das produções mais assistidas do serviço de streaming. A história, que é contada em três partes, cada uma em um ano, utiliza da boa e velha nostalgia, acrescentando ainda excelentes trilhas sonoras e elementos clássicos dos filmes de terror, para entregar aos fãs de terror o que eles mais querem: bons filmes.
Mas quem é R.L. Stine?
Robert Lawrence Stine, nascido em outubro de 1943, é um escritor de terror muito prolífico — em uma competição ferrenha com Stephen King que, talvez, perca para Stine na quantidade de romances publicados.
Stine começou a escrever aos 9 anos, quando encontrou uma máquina de escrever em casa. Uma de suas grandes influências foi o quadrinho Tales From the Crypt, famoso por ser um dos mais aterrorizantes quadrinhos a circular pelos anos 1950, e muitos foram os autores famosos que foram influenciados pelos quadrinhos da EC Comics. Desde então, sua função de aterrorizar crianças e adolescentes vai indo de vento em popa.
Antes de se meter com o terror, entretanto, Stine estava mais interessado em fazer as crianças rirem. Sob o pseudônimo de Jovial Bob Stine, escreveu algumas séries como Bananas, entre os anos de 1975 e 1985. Foi somente em 1986 que Stine se aventurou pelo terror, com o livro Blind Date.
Após o encerramento da série de livros Goosebumps, o autor retornou ao universo algumas outras vezes, com as séries Goosebumps Series 2000, Give Yourself Goosebumps, Give Yourself Goosebumps Special Edition, Goosebumps HorrorLand, entre tantas outras.
Com Rua do Medo as coisas não foram diferentes. Após a primeira parte da série, que tem cerca de 55 livros, Stine retornou a ela nas séries New Fear Street, Fear Street Super Chiller, The Fear Street Saga Trilogy, Fear Street Sagas, entre outros.
Stine também escreveu outras séries, como The Nightmare Room, além de escrever não ficção, livros sem continuações longas, contos, participar de antologias, novelização de filmes e quadrinhos. Ufa. O cara já fez de tudo um pouco.
Adaptações
Além de Goosebumps e Rua do Medo, outras adaptações importantes de Stine foram produzidas nas últimas três décadas. Listamos as adaptações mais relevantes baseadas nas obras de Stine feitas até o momento:
Goosebumps: Histórias de Arrepiar
Goosebumps, 1995 – 1998 // Composta por 73 episódios com cerca de vinte minutos cada, a série antológica durou três anos em exibição. Stine, além de tê-la criado, também serviu de produtor e fez algumas aparições ao longo dos episódios, no papel de narrador. Diversas das histórias mais famosas dos livros até então foram utilizadas para a série.
A Maldição do Halloween
When Good Ghouls Go Bad, 2001 // Filme feito diretamente para a TV, conta a história de um jovem garoto de 12 anos que se muda para a cidade de natal de seu pai, no estado de Minnesota, mas acaba descobrindo que, por lá, eles não celebram o Halloween. Além disso, há algo de extremamente errado na cidade. O filme foi dirigido por Patrick Read Johnson, e conta com o astro Christopher Lloyd no elenco.
A Hora do Arrepio
The Nightmare Room, 2001 – 2002 // Apesar do nome, A Hora do Arrepio não foi inspirada em Goosebumps, e sim na série de livros The Nightmare Room, outra obra do autor. Teve somente uma temporada, com 13 episódios de trinta minutos cada, e a participação de alguns atores que iriam despontar anos depois, como Cole Sprouse (que já participava de Friends, nessa época, e anos depois faria parte do elenco de Riverdale).
Fantasmas à Solta
Mostly Ghostly, 2008 // Até agora, foram feitos três filmes da série Fantasmas à Solta. O primeiro, dirigido por Richard Correll e lançado em 2008, conta a história de Max, um garoto que decide ajudar uma dupla de fantasmas a descobrir o mistério que envolve sua morte. O segundo filme, chamado Fantasmas à Solta: Minha Namorada Fantasma, foi dirigido por Peter Hewitt e lançado em 2014, traz Max novamente, tentando salvar o mundo de um espírito maligno e marcar um encontro com a garota popular do colégio. No terceiro filme, Fantasmas à Solta 3: Sociedade do Mal, lançado em 2016, Max precisa encontrar uma poderosa pedra para impedir a invasão de espíritos malignos.
A Hora do Arrepio
R.L. Stine’s The Haunting Hour, 2010 – 2014 // Com 76 episódios de vinte minutos cada, outra série antológica de Stine que lida com diversas criaturas clássicas — e nem tão clássicas — do terror. De bonecas de tamanho real a lobisomens e palhaços, há de tudo um pouco nas histórias de A Hora do Arrepio.
Eye Candy
Eye Candy, 2015 // Estrelando Victoria Justice, essa série baseada em uma obra de R.L. Stine é para um público um pouco mais velho. Uma jovem de Nova York acaba descobrindo que um de seus encontros online é um serial killer. A série teve 11 episódios, de quarenta minutos cada, e foi exibida na MTV.
Goosebumps: Monstros e Arrepios
Goosebumps, 2015 // Dirigido por Rob Letterman, apesar de não ser diretamente adaptado de algum dos trabalhos de Stine, o filme conta com diversos elementos do universo dos livros do autor. Slappy, a marionete, o lobisomem, fantasmas e outros tantos monstros precisam ser devolvidos aos seus livros ou coisas terríveis podem acontecer. Jack Black interpreta Stine, e conta com a ajuda de Dylan Minnette no papel de Zach e Odeya Rush no papel de Hannah. O filme recebeu uma sequência em 2018, Goosebumps 2: Halloween Assombrado, dirigido por Ari Sandel.
A Trilogia Rua do Medo
Fear Street, 2021 // Dirigidos por Leigh Janiak, a trilogia Rua do Medo foi um lançamento dividido em três partes, 1994, 1978 e 1666, diretamente para a Netflix. Os filmes contam a história da cidade de Shadyside, que é, aparentemente, aterrorizada pela maldição de uma bruxa antiga, que teria vivido ali no período da colonização. Janiak ficou conhecida por seu trabalho como diretora de Honeymoon, filme de 2014, estrelando Rose Leslie e Harry Treadaway. Em Rua do Medo, Janiak explorou temas LGBT+ e o preconceito da sociedade, além da relação de pais e filhos. Foi um grande projeto, e é importante perceber a importância de Janiak ter assumido a direção de algo do tipo para uma empresa como a Netflix, visto que muitas diretores enfrentam falta de oportunidades no mercado.
Ainda se encontram em pós e pré-produção outras três obras baseadas nos livros e quadrinhos de Stine, como Just Beyond, The Little Shop of Monsters e R.L. Stine’s Rotten School. Esperamos ver ainda muitas adaptações e novas obras de Stine pelas telas.
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