Relembre os filmes da franquia Brinquedo Assassino

Nosso boneco assassino favorito toca o terror há 35 anos. Relembre todos os filmes de Chucky e se prepare para o livro Chucky: O Legado do Brinquedo Assassino.

Um boneco assassino que persegue um pobre garotinho órfão. Mais tarde, o mesmo boneco se torna um dos vilões de terror mais cínicos de todos os tempos. E, ainda, depois de alguns anos, se torna ícone LGBTQIA+. Chucky, desde sua criação em 1988, já foi muitas coisas, mas nunca deixou de ser um dos maiores e mais carismáticos personagens do gênero.

Criado por Don Mancini, que lutou durante todos esses anos pelo bem de sua história, a franquia Brinquedo Assassino segue conquistando novos corações e surpreendendo os fãs mais antigos. A cada nova mídia lançada, novos desafios e novas promessas são lançados — e são atendidos, por incrível que pareça. Para uma franquia tão longeva, e tão grande, é realmente impressionante que Brinquedo Assassino permaneça tão coerente aos seus propósitos.

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Celebrando esses 35 anos desde seu lançamento, a Macabra, em parceria com a DarkSide Books, trouxe para os fãs brasileiros Chucky: O Legado do Brinquedo Assassino, dos especialistas em franquias Dustin McNeill e Travis Mullins, um livro repleto de histórias dos bastidores e entrevistas. 

E, para deixar todos com a memória afiada para a chegada do livro, a Macabra relembra todos os filmes da franquia. Perfeito para marcar aquela maratona, ein? 

Brinquedo Assassino

Child’s Play, 1988 // Andy Barclay (Alex Vincent) pede um boneco Good Guy de presente de aniversário à sua mãe, Karen (Catherine Hicks). Desde que o pai de Andy morreu, Karen tem lutado para manter as coisas em ordem: trabalhando até tarde e tentando estar presente para as necessidades do filho. Um boneco Good Guy não estava exatamente nos planos, mas sendo aniversário da criança, é claro que ela tentaria dar um jeitinho. Quando surge a oportunidade de conseguir comprar o boneco por um valor mais baixo, ela aceita. Não podemos julgar Karen pelo que acontece em seguida, afinal ela não sabia que o boneco estava possuído pelo espírito do criminoso Charles Lee Ray (Brad Dourif).

Para nós, crianças brasileiras que crescemos com a lenda urbana daquele outro boneco, o de cabelo vermelho e bochechas grandes, Brinquedo Assassino só confirmava um medo absoluto: o de que era possível um boneco ser possuído e tocar o terror em nossas vidas. Poucas crianças passaram incólumes do horror de sem querer olhar para as prateleiras durante a noite e, por algum reflexo de luz, ver algo se movendo — ou até se movendo de verdade, a gente nunca sabe.

Brinquedo Assassino surgiu em 1988 e foi um sucesso. Vindo já no final da esteira dos grandes assassinos da década, Chucky deu seus primeiros passos rumo ao estrelato neste filme dirigido por Tom Holland. Mas ele foi criado, realmente, algum tempo antes, com a mente sagaz de um jovem Don Mancini. O artista não participou efetivamente da primeira produção de seu boneco aterrorizante, mas boa parte do sucesso de Chucky se deve ao seu criador.

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Brinquedo Assassino 2

Child’s Play 2, 1990 // Depois dos acontecimentos traumáticos e aterradores que aconteceram com o pobre Andy Barclay — que não para de sofrer ao longo da franquia, precisamos deixar isso claro —, descobrimos que o garotinho, agora com 8 anos, está sob os cuidados do estado, em busca de um lar adotivo, depois que sua mãe foi enviada para uma instituição psiquiátrica. Andy chega a encontrar um lar aparentemente decente, mas a insistência do jovem na ideia de que está sendo perseguido pela força destruidora de um boneco assassino, acaba pondo tudo a perder. Mas o que os especialistas e os pais adotivos acreditam ser apenas um pouco de perturbação mental, acaba se mostrando uma ameaça bem real — quando já é tarde demais e as pessoas começam a morrer.

Brinquedo Assassino 2 conseguiu manter o interesse dos fãs do primeiro filme e trazer novos fãs para o que, até então, era apenas uma duologia. Escrito por Don Mancini e dirigido por John Lafia, o filme apresentou excelentes ideias e cenas ainda mais perturbadoras que o filme original. Também nos deu Kyle, personagem de Christine Elise, que retornaria mais adiante, em filmes posteriores, com uma das únicas e mais especiais final girls da franquia.

Brinquedo Assassino 3 

Child’s Play 3, 1991 // Achou que a vida do Andy não poderia piorar? É porque você ainda não chegou ao Brinquedo Assassino 3. Neste filme, nosso amigo Andy (Justin Whalin) é enviado a uma escola militar. É, sempre dá pra piorar quando falamos de filmes de terror. Mas enfim, Andy passa por poucas e boas sendo o novato no acampamento, mas, até então, o que aconteceu em seu passado parece somente um pesadelo. Ele é um adolescente agora, e tem outras coisas com que se preocupar. O problema é que Chucky segue Andy até a escola. No feitiço que prendeu Charles Lee Ray no corpo do Good Guy havia uma cláusula especial de contrato que ele só poderia transferir sua alma para aquele que tivesse o visto pela primeira vez. Mas, levando em consideração que este Chucky foi remontado, ele pode encontrar uma nova vítima e, quem sabe, transferir sua alma para um corpo de carne e osso.

Dirigido por Jack Bender, novamente é Mancini quem assina o roteiro. Brinquedo Assassino 3 teve uma recepção, tanto da crítica quanto dos fãs, um pouco mais morna que seus filmes anteriores. Apesar disso, traz momentos divertidos e novos personagens carismáticos, como é o caso do novo alvo de Chucky, o jovem Tyler (Jeremy Sylvers), e a amiga e interesse romântico de Andy, De Silva (Perrey Reeves).

A Noiva de Chucky

Bride of Chucky, 1998 // Dando um novo rumo à franquia e assumindo novos riscos, A Noiva de Chucky é totalmente diferente dos outros três filmes. Com toques mais cômicos e claras referências à Noiva de Frankenstein, A Noiva de Chucky pode ter sido um passo arriscado, mas foi completamente certeiro. 

Em A Noiva de Chucky, conhecemos Tiffany (Jennifer Tilly), que teve um relacionamento amoroso com Charles Lee Ray antes que ele se transformasse em um boneco assassino. Quando fica sabendo dos misteriosos acontecimentos envolvendo Andy e sua loucura de boneco assassino, Tiff vai atrás para descobrir um pouco mais do que está havendo. Depois de conseguir colocar as mãos no tal boneco, Tiff se encontra novamente reunida a seu grande amor — apenas para ser lembrada que Charles não era lá um grande amante romântico que ela esperava. Porém, já é tarde demais, e Chucky acaba transformando Tiff em boneca também. O plano dos dois, então, é fazer com que um jovem casal sirva de corpo para suas almas. Deixando uma trilha de cadáveres pelo caminho, Tiff e Chucky farão da vida dos dois jovens um inferno.

Escrito por Don Mancini e dirigido por Ronny Yu, A Noiva de Chucky era um projeto ousado. Muito mais cômico que seus anteriores, foi esse Chucky que, por fim, acabou cativando de vez a audiência. Se amamos as primeiras versões do boneco assassino, aqui, com seu humor sádico e cínico, ele rouba a cena. Tudo fica ainda melhor com a atuação e dublagem perfeitas de Jennifer Tilly, que, junto de Brad Dourif, se tornaria peça indispensável para os anos vindouros de Chucky nas telinhas. 

O Filho de Chucky

Seed of Chucky, 2004 // Depois de tantos anos como roteirista da série de filmes do boneco assassino mais amado do terror, Don Mancini finalmente chegou ao posto de diretor em O Filho de Chucky. Mantendo a ousadia, o artista conseguiu ir ainda mais longe: deu ao casal de bonecos um filho. Ou uma filha. Ou ume filhe. Glen, ou Glenda (Billy Boyd), é filhe perdide de Chucky e Tiff que, depois de algum tempo se apresentando em um show de variedades, quer descobrir suas verdadeiras raízes. Quando finalmente descobre quem são seus pais, Glen/Glenda fica um pouco desconfortável ao saber que ambos são assassinos. Pior: que tramam para que deixem de ser bonecos às custas das vidas de outras pessoas — uma delas a própria Jennifer Tilly em uma jogada genial de Mancini. A situação tensa da família piora ainda mais quando ambos os pais começam a se meter nas escolhas de Glen/Glenda sobre seu gênero e sua sexualidade. 

Quando foi lançado, em 2004, O Filho de Chucky não foi exatamente considerado um sucesso. Seus filmes posteriores foram lançados diretamente para vídeo, e isso mostra que os detentores dos direitos de produção já não estavam tão crentes assim na possibilidade da série fazer dinheiro. Mas, hoje, O Filho de Chucky se destaca entre os fãs de longa data como um dos melhores da franquia. A ideia de Glen/Glenda e suas interações com seus pais bonecos são um ponto alto na série de filmes. Hoje, o filme é tão querido, que Glen/Glenda se tornaram personagens essenciais e canônicos na história do boneco, e retornaram na série lançada pelo Syfy. 

A Maldição de Chucky

Curse of Chucky, 2013 // Assumindo um tom mais sóbrio se comparado com seus antecessores — inclusive em relação ao próprio Chucky — a ideia para A Maldição de Chucky começou, na verdade, como um remake. Vindo do próprio Mancini, que assume novamente a cadeira de diretor e roteirista, a sugestão inicial era regredir um pouco na história do boneco. Aliar, por exemplo, o uso do CGI e dos efeitos práticos, fazendo o que no começo da franquia ainda não era possível. As coisas não seguiram por esse caminho exatamente, e os fãs acabaram agradecendo.

No filme, conhecemos Nica (Fiona Dourif), uma jovem em cadeiras de rodas que vive com a mãe em um casarão. Após receber uma estranha encomenda anônima, a mãe de Nica acaba morta, o que leva seus familiares a uma visita. A ideia da irmã de Nica é vender a casa, já que é um casarão imenso e a mulher está morando lá sozinha. Um bocado de condescendência e bastante vontade de fazer uma graninha, provavelmente. Mas há algo muito mais perigoso na casa do que apenas uma família de olhos grandes em cima de uma possível herança. A encomenda misteriosa era Chucky, e ele tem planos malignos para a família de Nica.

No final, acabamos sendo presenteados com o retorno mais que triunfal de Andy Barclay — com Alex Vincent de novo em seu papel — e Tiffany — ainda habitando o corpo de Tilly. A Maldição de Chucky consegue amarrar muito bem o que a franquia havia feito até ali, unindo o velho a uma nova roupagem, um novo começo, sem deixar as origens para trás. O filme merece muitos louros por isso. 

O Culto de Chucky

Cult of Chucky, 2017 // Seguindo os acontecimentos de A Maldição de Chucky, Nica é considerada culpada pelas mortes que aconteceram em sua casa — novamente, ninguém vai acreditar que um boneco assassino fez estrago, né? É quase a história de Andy se repetindo, mas com uma adulta. Considerada insana, é enviada a um hospital psiquiátrico. Mas o Chucky age por vias misteriosas e tem um jeitinho todo especial de procurar suas vítimas. Quando percebe, quem Nica encontra no hospital? Isso mesmo. Mas Andy está de volta, e ele vai fazer de tudo para deter o boneco e aqueles que o seguem.

O Culto de Chucky mantém o tom mais sóbrio do filme anterior, ainda com Mancini como roteirista e diretor, e também conseguiu manter o interesse dos fãs, deixando todos ansiosos com o que poderia estar previsto para o futuro. Infelizmente, naquele momento, graças a uma guerra de direitos complexa e que dificultou a vida de todos os envolvidos, a única coisa no horizonte era um remake que todos preferiram esquecer — todos, no caso, os fãs de longa data e de coração da franquia.

Chucky

Chucky, 2021– // Em janeiro de 2019, foi anunciado que Chucky ganharia uma série de TV. Produzida pelo canal Syfy em conjunto com a Universal, Mancini seria o criador por trás do desenvolvimento da série, e serviria também como produtor executivo, junto de  David Kirschner, Harley Peyton, e Nick Antosca. No momento do anúncio, a maior preocupação de Mancini era de que o filme que seria lançado naquele ano — o remake que não teve aprovação ou envolvimento de Mancini — poderia prejudicar o desenvolvimento da série. Com Chucky servindo como sequência de O Culto de Chucky, a Universal poderia muito bem, caso o remake fosse um sucesso, pensar que não havia necessidade de uma continuação dos filmes originais.

Mas, no final, deu tudo certo. O remake, aliás, não foi muito bem recebido. E a série continua fazendo um tremendo sucesso, com suas temporadas mal terminando e já sendo renovada para mais uma rodada de episódios. 

A série acompanha o jovem Jake Wheeler (Zackary Arthur) que compra um boneco Good Guy em uma venda de garagem. Sim, o nosso boneco Good Guy favorito. A partir daí, a vida de Jake e de todos os seus amigos passa a sofrer uma série de reviravoltas e perigos. Nossos velhos conhecidos Nica (abrigando parte do espírito de Charles Lee Ray em determinados momentos, em uma jogada impressionante e sagaz de Don Mancini), Andy, Tiff e Kyle. 

No Brasil, a série pode ser vista no streaming Star+. 

O malfadado remake

Antes de A Maldição de Chucky, já havia um desejo do próprio Mancini de fazer um remake da franquia. De certa forma, A Maldição de Chucky serviu um pouco a esse propósito. Mas a ideia não foi completamente esquecida pela MGM, que detinha parte dos direitos da franquia — é, direitos de franquias são uma coisa complicadíssima, nem quem negocia essas questões entende muito bem o que acontece. Então, em 2018, um remake começou a ser feito. 

Desde o começo, o remake não foi muito benquisto, principalmente porque Mancini não estava envolvido. E sem o envolvimento de Mancini, tudo que ele havia construído desde então meio que ia por água abaixo, inclusive a participação do ator que incorporou o boneco assassino original desde 1988, Brad Dourif, a quem os fãs já estavam acostumados.

Na história, um jovem garoto chamado Andy (Gabriel Bateman) ganha de sua mãe (Aubrey Plaza) um boneco de presente de aniversário. Dessa vez, o boneco se chama Buddi, e é composto por inteligência artificial. Logo as coisas começam a ficar sinistras. Conforme Andy reclama de situações ou de coisas que fazem mal a ele, Chucky (Mark Hamill), a forma como o boneco se autodenominou, começa a retirar esses problemas do caminho. 

Apesar do elenco, com nomes como Aubrey Plaza e Mark Hamill, o filme foi um fracasso — e o fato do novo boneco ser absolutamente horrendo teve pouco a ver com isso. Dirigido por Lars Klevberg com roteiro de Tyler Burton Smith, o filme até utilizou algumas ideias de Mancini descartadas de sua ideia inicial para o primeiro Brinquedo Assassino, quando ainda se chamava Batteries Not Included (Baterias Não Incluídas), como o fato do boneco atacar aqueles que fizessem mal ao seu “amigo” e o próprio nome dele, que originalmente era Buddy, não Chucky — e se tornou Buddi para soar mais tecnológico.

Bônus: Living With Chucky

Kyra Elise Gardner e seu pai, Tony Gardner

Escrito e dirigido por Kyra Elise Gardner, Living With Chucky é um documentário, com um olhar pessoal e bastante profundo, sobre como foi crescer com o boneco assassino. Acontece que Kyra é filha de Tony Gardner, que é o responsável pelos efeitos visuais da franquia desde 2004 — ele também ajudou a criar os capacetes do Daft Punk, mas vamos nos ater ao seu trabalho com o Chucky.

Desde muito nova, Kyra frequentava a oficina do pai, vendo os filmes em que ele estava envolvido, e cresceu com a sombra daquele boneco horripilante dentro de sua própria casa, então Chucky se tornou quase um membro da família Gardner. Depois, adulta, Kyra também começou a trabalhar com cinema.

O documentário inclui entrevista com atores e membros da equipe, como Brad Dourif, Fiona Dourif, Jennifer Tilly, Alex Vincent, e Don Mancini, além de outros grandes nomes do terror como Anthony Timpone, antigo editor da Fangoria, e Lin Shaye. 

Chucky tem um lar na Macabra

Somos fãs do maior boneco assassino do terror — o original, claro —, e descobrimos muitos dos segredos da franquia no livro Chucky: O Legado do Brinquedo Assassino. Escrito por Dustin McNeill e Travis Mullins, o livro narra a história da franquia desde quando ainda era apenas uma ideia de Don Mancini, e todo o trajeto árduo que a transformou em uma das maiores séries de filmes de terror. Através de relatos de quem participou da produção, como Alex Vincent, Tom Holland e tantos outros, Chucky: O Legado do Brinquedo Assassino é um livro de fã para fã, narrado com empolgação e cheio de curiosidades notáveis. Um artigo de colecionador, para os aficionados por essa história de arrepiar.

Chucky: O Legado do Brinquedo Assassino, de Dustin McNeill e Travis Mullins, está disponível no Site Oficial da DarkSide Books. E você, já assistiu a todos os filmes da franquia? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.