Seu amigo até o fim: curiosidades do filme Brinquedo Assassino

Ele quer você como melhor amigo. Confira algumas curiosidades sobre Brinquedo Assassino que completa 35 anos em 2023.

O criminoso Charles Lee Ray (Brad Dourif) está sendo perseguido pelo detetive Mike Norris (Chris Sarandon). Quando é atingido por um tiro de Norris, Charles recorre a uma forma de fugir de seu destino certo: transferindo sua alma para um boneco Good Guy. O boneco, entretanto, acaba nas mãos do garotinho Andy Barclay (Alex Vincent). É aí que começa o horror da família Barclay.

Completando 35 anos de seu lançamento em 2023, Brinquedo Assassino se tornou um clássico dos anos 1980. Dirigido por Tom Holland (não o ator), com roteiro de John Lafia a partir de história de Don Mancini, o filme se destaca entre as produções favoritas dos fãs de terror. 

Confira algumas curiosidades que a Macabra reuniu sobre Brinquedo Assassino a partir de uma entrevista com o elenco e os produtores do filme para o site Mental Floss.

Referências para Chucky

Hoje, filmes de terror com bonecos assassinos não são assim tão incomuns. De bonecos de ventríloquo a marionetes, até aqueles com inteligência artificial, essas criaturinhas de pano e plástico — ou qualquer que sejam seus materiais — acabaram ganhando vida no gênero que é puro combustível para pesadelo.

Mas, nos anos 1980, isso não era tão comum. Mancini se inspirou em alguns sucessos para construir a ideia do boneco assassino. Uma das maiores inspirações para Mancini foram os Cabbage Patch Kids, bonecos com cabeças de plástico e corpos de tecido lançados em 1982. Para Mancini, sua intenção era fazer uma crítica à forma como o marketing poderia atingir as crianças, depois de ver a sensação que os Cabbage Patch criaram entre garotinhos e garotinhas — os Cabbage Patch Kids também serviram de inspiração para o Garbage Pail Kids, cartões ilustrados bem nojentos. 

O sexto episódio da quinta temporada de Twilight Zone, “Living Doll”, também inspirou Mancini. No episódio, os problemas de uma família são agravados com a chegada de Talky Tina, uma boneca que fala (e é homicida). Trilogia do Terror (1975), de Dan Curtis, também é citado por Mancini como um dos filmes que ele conhecia com bonecos assassinos.

No início, Chucky não era Chucky

As bonecas My Buddy também afetaram a criação de Chucky em sua aparência. Ambos os bonecos são bastante parecidos se postos lado a lado. Chucky, inclusive, inicialmente, se chamaria Buddy.

A intenção de Mancini, reunindo todas essas referências, era construir uma história um pouco diferente. Os bonecos Good Guy seriam um tipo de bebê reborn bastante realistas, capazes de se machucarem e até sangrarem. Para curar os bonecos, seria necessário comprar os acessórios curativos da mesma marca. Certo dia, Andy se cortaria e seu sangue se juntaria ao de Chucky (então Buddy), o que criaria um laço de sangue entre os dois, fazendo com que Chucky assassinasse a todos que Andy não gostasse. Mancini já contou em entrevistas anteriormente que não gostou muito da ideia do voodoo trazer o boneco de Chucky à vida.

Child’s Play também não era o nome original do filme. Originalmente, o título seria Batteries Not Included (Baterias Não Incluídas) e depois Bloody Buddy (Buddy Sangrento).

Don Mancini fora do projeto

Para muitos pode parecer estranho que Don Mancini não estivesse particularmente envolvido com os primeiros passos de Brinquedo Assassino.

Apesar de ter escrito o primeiro roteiro e criado a história, depois da compra Mancini afirma que basicamente foi empurrado para fora do projeto. O estúdio não queria Don, então trouxeram John Lafia, que fez outros dois roteiros. Mesmo no desenvolvimento do roteiro ou durante as gravações do primeiro filme, Mancini não esteve presente.

Tom Holland já estava cotado como diretor, mas acabou deixando o projeto até as revisões de Lafia estarem prontas. Nesse meio tempo, o produtor executivo David Kirschner também procurou outros cineastas que pudessem aceitar o trabalho. Dois deles foram William Friedkin, que dirigiu O Exorcista, e  Irvin Kershner, que dirigiu Star Wars: O Império Contra-Ataca

Como vamos animar este boneco?

Quando Mancini surgiu no circuito de produtores e diretores com a ideia para Brinquedo Assassino, demorou algum tempo até que alguém comprasse os direitos para que o filme fosse feito. Isso, de certa forma, ajudou com que o filme se tornasse o que se tornou. 

Os movimentos de Chucky deveriam ser feitos inteiramente com um boneco animatrônico. Os efeitos de CGI ainda davam seus primeiros passos, e efeitos especiais de computador eram difíceis de parecerem naturais. Para Chucky, as coisas deveriam ser mais reais.

E foi somente após a criação de Gremlins que os efeitos práticos e os efeitos animatrônicos atingiram um ponto que era possível criar Chucky da forma que ele precisava ser feito.

Ed Gale, Alex Vincent, Chucky e a irmã mais nova de Vincent

Ao todo, foram necessárias 11 pessoas para controlarem o boneco, junto de Ed Gale, ator que interpretou Chucky com uma roupa especial. Além disso, utilizaram também a irmã de Alex Vincent, que era uma criança, para algumas cenas em que o rosto do boneco não aparecia. 

Terror nos bastidores

Sets de filmagens podem ser muito estressantes. No set do primeiro Brinquedo Assassino, as coisas pegaram fogo. Literalmente e figurativamente.

Ed Gale foi parte importante para a criação de Chucky: o ator, que tem nanismo, interpretou o boneco em diversas tomadas do filme, quando determinados movimentos eram necessários. Na cena em que Chucky pega fogo, por exemplo, ele era quem estava com a roupa do boneco. Alex Vincent, em entrevista, relembra que teve que sair do set: “Eu não queria ver aquilo. Ed era meu amigo e eu não queria ver ele girando ao redor do fogo”. Tudo correu bem com Ed e as cenas, mas em outros momentos as coisas ficaram complicadas.

Kirschner relembra que não terminou as gravações em bons termos com Tom Holland. Na verdade, muitos dos atores saíram do filme com algumas impressões não muito boas do diretor. O próprio Ed Gale, que acabou não ganhando os créditos devidos por interpretar Chucky, comentou que “Tom é um diretor genial. Como pessoa, eu não vou comentar”.

Todos esses pequenos desentendimentos, tanto criativos quanto pessoais, levaram Kirschner a querer se distanciar de Holland. Na pós-produção, quando Mancini foi chamado de volta para assistir ao primeiro corte, Kirschner estava bastante desgostoso. Para ele, a primeira exibição do filme de teste foi horrível, o que levou a produção a retirar Holland do processo final de cortes. Depois de meia hora do filme ter sido cortada, finalmente houve a estreia.

As sequências

Mesmo com esses pequenos problemas, nada disso alterou a qualidade final de Brinquedo Assassino, que foi muito bem nos cinemas. Foi o segundo filme de maior bilheteria daquele ano da United Artists, ficando atrás somente do filme estrelado por Tom Cruise, Rain Man, o que levou a encomenda imediata de uma sequência.

John Lafia iria dirigir, enquanto Don Mancini estava escrevendo o roteiro, ainda em 1988. Entretanto, a United Artists fechou um acordo e foi vendida para a Qintex Group, que tinha um apreço por entretenimento familiar. Então, os planos de um Brinquedo Assassino 2, naquele momento, eram incertos.

Mas, por terem uma relação amistosa com Kirschner e realmente não quererem os direitos do filme, a Qintex Group devolveu todos os direitos para o produtor de mãos beijadas. Graças a um conselho de — ninguém mais ninguém menos — que Steven Spielberg, Kirschner ofereceu o filme à Universal. Desde então, todas as próximas sequências foram produzidas pelo estúdio.

Guia Chucky para maratonas

A franquia de Brinquedo Assassino conta com seis filmes e uma série que, até o momento, tem duas temporadas. Os filmes que seguiram o primeiro foram Brinquedo Assassino 2 (1990), Brinquedo Assassino 3 (1991), A Noiva de Chucky (1998), O Filho de Chucky (2004), A Maldição de Chucky (2013) e O Culto de Chucky (2017). A série, que tem feito um sucesso surpreendente, foi intitulada Chucky. Para acompanhar as desventuras causadas por Chucky e sua turma, é só seguir a ordem de lançamento dos filmes.

Apesar de algumas pequenas alterações ao longo dos anos, a franquia de Chucky se manteve dentro de uma única proposta: o criminoso Charles Lee Ray que transferiu sua alma para o boneco Good Guy, sua esposa Tiff, e suas vítimas, Andy e, posteriormente, Nica, e a criança nascida da relação de Chucky e Tiff Glen — ou Glenda. Conforme a franquia foi aumentando, até chegar à série, novos elementos foram sendo incorporados — o que só adicionou mais à história —, mas a base permaneceu a mesma

O filme também ganhou um remake em 2019, dirigido por Lars Klevberg, que alterou significativamente a origem de Chucky e sua ligação com Charles Lee Ray, o que fez com que o filme acabasse não agradando tanto ao público. 

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.