Há 12 anos, enquanto gravavam vídeos no parque abandonado de Shelby Oaks, a equipe do canal The Paranormal Paranoids desapareceu. Três deles foram encontrados mortos alguns dias depois, mas o corpo de Riley Brennan (Sarah Durn) nunca foi encontrado. Isso fez com que sua irmã, Mia Walker-Brennan (Camille Sullivan), nunca tivesse desistido de procurá-la e mantivesse a esperança de encontrá-la viva. Até agora.
Terror em Shelby Oaks é o novo filme de found footage que tem chamado a atenção dos fãs de terror. Dirigido por Chris Stuckmann, o filme conta com a produção executiva de Mike Flanagan, distribuição da Neon e tem recebido boas críticas de sites especializados, como Fangoria e Bloody Disgusting.
Confira o trailer abaixo:
A Macabra te conta algumas curiosidades da produção, que estreia nos cinemas brasileiros em 30 de outubro e é distribuído no Brasil pela Diamond Films.
Experiência no assunto
Terror em Shelby Oaks acompanha esse grupo de amigos que tem um canal no Youtube, os Paranormal Paranoids, e grava conteúdo viral de assombrações e coisas aterrorizantes. O que hoje pode parecer tão comum, ainda engatinhava no final da década de 2000 e início de 2010. Antes da era do TikTok e de vídeos no instagram, porém, era no Youtube que esse conteúdo se concentrava.
E Chris Stuckmann sabe muito bem o que está fazendo ao ancorar sua narrativa nesse cenário, ele próprio sendo desse meio desde 2009. Seu canal, em sua maioria, conta com reviews de filmes, e ele é membro da Critics Choice Association. Stuckmann começou a produzir curtas na plataforma com a ajuda de sua esposa, Sam Liz, que também assina o roteiro de seu primeiro longa.
Stuckmann, claro, não foi o primeiro a avançar do Youtube para a produção de filmes de terror. Os irmãos Philippou, Danny e Michael, do canal RackaRacka, são o exemplo mais recente de sucesso com os lançamentos de Fale Comigo e Faça Ela Voltar. Além deles, outro exemplo notável é David F. Sandberg, que dirigiu o curta Luzes Apagadas em 2013, e posteriormente o transformou no filme Quando as Luzes se Apagam. Desde então, no gênero, Sandberg dirigiu Annabelle 2: A Criação do Mal (2017) e Until Dawn: Noite de Terror (2025).
Tirando do papel
Em entrevista ao site Polygon, Stuckmann contou que Shelby Oaks surgiu graças a uma memória de infância. Quando tinha cerca de 10 anos, sua mãe o levou para visitar o Chippewa Lake Park, um parque abandonado, e ele ficou fascinado pelo lugar. Anos depois, então, ele retornou ao local para gravar seu primeiro filme. Apesar da presença consolidada no Youtube, os elementos necessários para tirar um longa de terror do papel são caros e complicados: há muito dinheiro envolvido e muitos outros detalhes para organizar. Para a questão do dinheiro, Stuckmann conseguiu com uma ajudinha dos amigos: conseguiu cerca de 1 milhão de dólares das pessoas que acompanhavam seu canal através de doações com o site Kickstarter.
Filmamos este filme para o que a maioria das pessoas em Hollywood chamaria de nada. Há uma cena literalmente no quintal da casa do meu amigo.
Para as locações, Stuckmann escolheu lugares baratos ou que fossem gratuitos. Uma dessas locações é o Ohio State Reformatory, que também serviu de locação para o clássico de Frank Darabont adaptado do conto de Stephen King, Um Sonho de Liberdade. Stuckmann havia gravado um vídeo lá em 2017, e manteve contato com o responsável por organizar tours pelo local.
Stuckmann também conta que, mesmo tendo conseguido uma quantia maior que a pretendida com a campanha no Kickstarter, ainda faltou dinheiro e ele precisou cortar algumas coisas do roteiro que havia pensado originalmente. As cenas gravadas acabaram em uma versão que foi reproduzida no famoso festival Fantasia, em julho de 2024, e a distribuidora indie Neon comprou os direitos em seguida.
A Neon estava interessada no roteiro original de Stuckmann e questionou por que faltavam algumas cenas, ao que o cineasta foi sincero: faltou dinheiro. Então a distribuidora injetou orçamento para mais três dias de gravação, e Stuckmann conseguiu inserir algumas cenas particularmente chocantes na produção.
Quem também auxiliou o trabalho de Stuckmann foi Mike Flanagan. Os dois cineastas têm mantido uma amizade desde que Flanagan lançou O Espelho (2013), e, de acordo com Stuckmann, o diretor o ajudou como um “guia”, às vezes contando para Stuckmann pessoas que não tinham, ou que tinham, boas relações dentro da indústria cinematográfica e o encorajando a aceitar ou negar reuniões com outros realizadores.
Uma edição inteligente
A review do filme no site Bloody Disgusting enfatiza uma característica importante para que Terror em Shelby Oaks seja um filme tão bem-sucedido e corresponda ao burburinho que gerou: um bom suporte de edição. Como aponta Matthew Jackson na resenha, o filme é uma mistura de falso documentário, found footage e narrativa convencional, que coloca tanto as imagens de Riley Brennan no parque com seus amigos quanto as da busca de sua irmã lado a lado, sem se perder, transformando tudo em uma narrativa coesa e bem ambientada.
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Os responsáveis por isso, além de Stuckmann, são os editores Patrick Lawrence e Brett W. Bachman. Lawrence esteve envolvido com o projeto desde antes de sua primeira exibição, e Bachman ingressou a bordo após a aquisição dos direitos pela Neon. Aparentemente, o trabalho de ambos foi imprescindível para que as imagens pensadas e produzidas por Stuckmann formassem uma história bem costurada.
E esse ponto também é sinalizado pela resenha escrita por Brandon Wainerdi para a Fangoria, que aponta como o filme navega por três eras distintas em sua produção: “o documentário moderno, brilhante e refinado da Netflix sobre crimes reais, a granulação distinta de uma câmera digital do final dos anos 2000 e os adereços atuais do terror de pequenos estúdios. É uma mistura eclética que funciona bem para contar esta história específica”.
O conteúdo viral que remete ao sucesso de A Bruxa de Blair e Atividade Paranormal também merece ser pensado como um potencializador de interesse ao público. Antes mesmo que o filme chegasse ao público do Fantasia ou do Fantastic Fest, ambos em 2024, os fãs de terror já se mostravam curiosos e com expectativas para a produção, graças aos pôsteres que começaram a circular e, bem, apesar de não mostrarem grandes elementos do filme, deixou a audiência com uma pulguinha atrás da orelha, se perguntando o que vinha por aí. Confira abaixo as imagens:
Stuckmann jogou muito bem com os materiais que tinha para causar esse burburinho todo. Em um mundo onde milhares de filmes de terror são feitos todos os anos, o feito de ser um cineasta de primeira viagem e chamar a atenção de tantos nomes da indústria não pode passar despercebido, e sem dúvida gera expectativa da parte do público. Por aqui, estamos muito curiosos para conferir essa nova produção e dar nosso veredito.
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