O novo filme de Hellboy, baseado na obra escrita por Mike Mignola, estreia no Brasil dia 16 de maio, mas conferimos o filme na cabine de imprensa realizada no último dia 3 e, diabos!, algumas das coisas que mais se destacam são os elementos de terror e violência explícita presentes no longa.
O remake conta a história de Hellboy (David Harbour) desde que foi recuperado por seu pai (o professor Broom) de uma tentativa de nazistas trazerem à terra um demônio que servisse de arma, até seu confronto com Nimue, uma antiga feiticeira poderosa que foi derrotada pelo Rei Arthur, mas não de uma forma muito cronológica. Alguns flashes são utilizados para situar não só o Hellboy em sua trajetória, como também alguns outros personagens: o passado da personagem Alice Monaghan (Sasha Lane), e como Hellboy a salvou dos changelings; e o passado do Major Ben Daimio (Daniel Dae Kim), e como conseguiu uma cicatriz no rosto.
A questão da fidelidade do personagem aos quadrinhos, deixaremos para os especialistas. Queremos pensar na forma como os elementos de terror são trabalhados.
Hellboy, mesmo com seus vários toques de comédia, poderia facilmente ser classificado como um filme de terror. Apesar de questionáveis efeitos especiais — que foram, por vezes, não muito bem aproveitados — os monstros presentes no longa são um deleite para os olhos, e fazem peripécias muito ousadas para um filme de “herói”. Existe sangue, tripas, violência explícita — mas nada parece “demais”, nada parece deslocado ou desnecessário. Os elementos têm contexto e são um mérito do filme.
Mas existe um motivo para isso: o diretor do longa é Neil Marshall. Marshall vem de uma longa linha de filmes de terror muitíssimo elogiados, como o incrível Abismo do Medo (2005), que conta a história de um grupo de amigas que entraram em uma caverna para uma expedição. Em uma virada genial, somos apresentados às criaturas estranhas que habitam essa caverna e podemos ver que Marshall tem talento com monstros.
O diretor também é responsável por Cães de Caça (2002), que mostra uma equipe militar tendo que lidar com uma das maiores bestas da natureza: lobisomens. É considerado um filme de ação, mas o elemento do terror que ele utiliza — no caso, os lobisomens — não deixa dúvidas que ele sabe muito bem como trabalhar com esses princípios do gênero.
Nesses dois filmes citados nós podemos perceber algo: se retirarmos as criaturas das profundezas das cavernas de Abismo do Medo, e retirarmos os lobisomens e substituirmos por outra ameaça em Cães de Caça, os filmes não seriam categorizados como terror. Poderíamos estar falando de filmes de ação, sem dúvida.
E com Hellboy é a mesma coisa. Apesar de falar sobre uma enorme criatura saída do inferno e invocada por nazistas para fazer mal ao mundo, Hellboy poderia ser somente um filme de ação. Mas ele se destaca com suas cenas e os elementos “monstros que aterrorizam”, e isso é algo a ser considerado: é corajoso, é audacioso, e tem cenas espetaculares.
Hellboy pode ter alguns problemas de adaptação, mas cumpre seu papel como um filme que caminha sozinho; como foi o caso de Constantine (2005), alguns anos atrás. Para alguns críticos, o filme é lento, com partes desnecessárias e vários problemas no roteiro. No entanto, Marshall é um diretor competente e conseguiu jorrar sangue no público e ainda fazer com que ele se divertisse.