As palavras têm poder — criam mundos, mudam realidades, fazem tudo se mover. Palavras são parte da cura, da conquista, da alegria, do conhecimento, da fé. Palavras são magia.
Magicae, o termo em latim — com o ae, no final, demonstrando que a palavra está no plural — significa magias. Significa mágicas. E em muitas das vezes em que aparece, inclusive no Grimório das Bruxas, ela vem acompanhada da palavra voces, que significa vozes em latim.
Mas então, o que são as voces magicae, essas vozes mágicas que inspiraram o nome da nova coleção de livros da DarkSide Books? Vamos conhecer uma das várias facetas dessa poderosa magia.
O que são as voces magicae?
Voces magicae são palavras mágicas, com um aspecto misterioso e estranho, e que não parecem ter nenhum sentido aparente, como explica a tese de Patrícia Schlithler da Fonseca Cardoso, Voces magicae: o poder das palavras nos Papiros Gregos Mágicos. Elas apareceram em muitos manuais e livros de feitiços ao longo dos séculos, mas principalmente nos Papiros Mágicos Gregos, um conjunto de textos mágicos que foram escritos entre os séculos II a.C e V d. C. Foram escritos na maior parte em grego, mas também em copta e egípcio demótico — também reconhecido por sekh shat, uma escrita para o dia-a-dia.
Os Papiros foram descobertos no início do século XIX, ou pelo menos acredita-se que seja essa a data aproximada, pois foi o momento em que eles apareceram no mercado. Na época, as descobertas egípcias faziam muito sucesso entre os britânicos, e era comum que essas vendas fossem feitas — é neste momento que se dá início ao que hoje é reconhecido por “arqueologia clássica”, isto é, a arqueologia voltada às regiões egípcias, gregas e romanas, em um esforço de grandes potências colonizadoras, como a Inglaterra e a França, em escavar e encontrar tesouros de civilizações clássicas.
A maior parte desses Papiros foi comprada em 1827, por um homem chamado Giovanni Anastasi, um diplomata em Alexandria, mas outras pessoas, como Jean-François Mimaut também compraram um ou outro destes papiros, e que logo depois foram parar em grandes Museus e Bibliotecas, como a Biblioteca Nacional Francesa. A importância da descoberta se deu por demonstrar como era o sincretismo entre as crenças egípcias e as demais.
Como Ronald Hutton afirma em Grimório das Bruxas, o Egito tinha uma tradição muito fértil sobre a bruxaria. Eram, inclusive, entre os grupos que viviam entre a Europa e a África, provavelmente o que mais aceitou a magia e bruxaria de braços abertos, como algo natural. A relação dos egípcios com seus deuses e espíritos era uma relação orgânica de interdependência, que fazia com que os deuses pudessem repassar ensinamentos aos mortais, e os mortais poderiam contar com as forças de seus deuses. Quando o Egito se tornou parte do Império Romano, precisou encontrar uma forma de fazer com que suas tradições sobrevivessem. De acordo com Hutton, é nesse momento que os Papiros são criados.
Giovanni Anastasi, ou Jean d’Anastasi, afirmou ter conseguido esses Papiros em Tebas, e depois os repassou para outros locais, como o Museu Britânico e o Louvre. Os Papiros, em sua maioria, eram trechos e pequenas passagens do que poderia ser uma coleção ainda maior. H. D. Betz, que editou uma das traduções dessa coletânea, afirmou que essas peças teriam vindo de uma biblioteca de um antigo estudioso.
Através destes Papiros pode-se observar o sincretismo religioso entre os vários povos e as várias crenças vivendo na região naquele momento. Deuses naturais da Grécia são citados nesses feitiços, como Zeus, Afrodite e Apolo. Betz, escreve que o sincretismo entre a crença grega, judaica e egípcia era muito forte, com uma fé egípcia que sobreviveu e acabou “helenizada”, e simplificada, provavelmente para manter a compreensão da crença.
Os Papiros Mágicos Gregos são, então, uma fonte de estudo importante para compreender as relações religiosas do começo do milênio, bem como compreender melhor a utilização da mágica e como ela estava ligada à sociedade, e ainda há muito para se descobrir sobre eles.
A história ainda tem muito o que descobrir sobre os mistérios da magia, da bruxaria, das civilizações que as utilizaram e os processos de vivência. Hutton, em Grimório das Bruxas, dá uma ótima visão sobre o período, sobre os Papiros Mágicos, sobre as voces magicae e sobre como a bruxaria agiu em diversas sociedades até o século XVIII — e, posteriormente, como foram os processos de compreendê-la e compreender suas ações.
DarkSide Books e Macabra apresentam a coleção Magicae
É hora de celebrarmos a mágica que existe em nossa essência. MAGICAE é uma coleção inteiramente dedicada aos mistérios das bruxas, com livros que honram os poderes ancestrais, cultuam as leis da natureza e conectam todas as linhas editoriais da DarkSide Books.
A primeira estação apresenta quatro livros, das linhas Macabra, DarkLove e Caveirinha. Bruxa Natural, de Arin Murphy-Hiscock, um guia indispensável para se conectar com a energia e o poder da natureza, e que mostra o caminho da cura por meio da magia natural das flores, ervas e óleos essenciais; Bruxas Literárias, de Taisia Kitaiskaia, uma homenagem à grandes escritoras que quebraram todas as regras para contar suas histórias ao mundo; O Livro Mágico para as Jovens Bruxas, de Ariel Kusby, um guia acolhedor e prático com feitiços e atividades criativas que encorajam a atenção plena, o senso de comunidade e a formação de vínculos com o mundo natural. E Grimório das Bruxas, de Ronald Hutton, uma pesquisa afiada e esclarecedora que apresenta as raízes e as visões da bruxaria ao longo dos séculos em todo o mundo. Grimório das Bruxas chega aos leitores em duas edições: Moon Edition e Witchcraft Edition. Você não sabe qual escolher? Que tal levar as duas?
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Confira nossa tag Bruxas e Bruxarias para encontrar outros textos sobre esse tema mágico. O livro Grimório das Bruxas, de Ronald Hutton, já está em pré-venda na Loja Oficial da DarkSide Books nas versões Moon Edition e Witchcraft Edition. Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.